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Cannes Lions aguenta?

Vice-prefeito de Cannes, David Lisnard vislumbra crescimento e lembra que festival de criatividade é pequeno se comparado a outros


17 de dezembro de 2012 - 8h44

Você é da ala que considera excessivo o número de delegados do Festival de Criatividade de Cannes, que bateu 11 mil na edição passada? Saiba, então, que o evento é considerado pela prefeitura da cidade francesa como passível de expansão. “O festival ainda pode crescer muito, sem prejudicar sua identidade”, garante David Lisnard, vice-prefeito da cidade francesa e presidente do Palais des Festivals.

Em visita ao Brasil, à convite da Jet Set Viagens, para promover os potenciais de Cannes, ele descreveu a exata dimensão do Cannes Lions, na comparação com outros eventos realizados anualmente. “Ele é mais curto e reúne bem menos gente do que o festival de filmes (Cannes Film Festival), o maior da cidade”, aponta.

Segundo Lisnard, o evento de filmes tem 55 mil profissionais credenciados e um total de 200 mil pessoas envolvidas de alguma maneira – como os fãs dos artistas que vão à cidade por tietagem. Além disso, ele movimenta até € 220 milhões por edição na economia local, contra cerca de € 20 milhões do festival de criatividade. Ou seja: mais de dez vezes mais.

A comparação é injusta pelo fato de o festival de filmes ser voltado ao público geral, ao contrário do de publicidade, que é de negócios. Mas o Cannes Lions perde para outros eventos B2B, especialmente o MIPIM. Voltado ao mercado imobiliário, e com seus 20 mil delegados que trafegam pelo Palais, ele é o segundo maior evento da cidade. O terceiro é o Tax Free World Exhibition, com 5 mil delegados mas outros dezenas de milhares de compradores de produtos Duty Free. Da mesma forma, o Mipcom, feira de entretenimento e conteúdo, e o MIPTV, fórum de conteúdo, também são maiores, com 13 mil e 11,5 mil delegados respectivamente.

A despeito das possibilidades de crescimento, o Cannes Lions já é em seu atual formato um dos favoritos de Lisnard. “Eu gosto muito de Cannes na época do festival de criatividade. A cidade se torna muito jovem e festiva. O festival está em plena expansão e a comunidade criativa ama Cannes, assim como Cannes ama essas delegações”, aponta, fazendo elogios à delegação brasileira. “O Brasil traz uma grande energia positiva que falta para nós na França. Temos muito pontos em comum, mas às vezes os brasileiros precisam nos lembrar que amar comidas e festas é importante”, descreve. O Brasil, terceira maior nacionalidade no Cannes Lions, é a sexta se considerarmos todos os eventos da cidade francesa.

Um quarto da economia

A presença de estrangeiros em Cannes ajuda a alavancar uma proporção importante da economia da cidade. O turismo, segundo Lisnard, representa 55% das riquezas e o resto está dividido em diversos outros segmentos que estão longe da mesma representatividade. Dessa porcentagem, metade provém do chamado turismo de lazer e a outra parte vem de turismo de negócios. Assim, conclui, a soma de seminários e feiras, uma conta que chegou a 47 eventos em 2012, representa mais de um a cada quatro euros movimentados na cidade.

Com um turismo tão representativo, Cannes assume com orgulho a pecha do glamour, mas não é só por isso que ela quer ser conhecida por quem frequenta seus eventos. “Buscamos nos diferenciar também pela qualidade e preço. Cannes tem aspectos únicos, como a autenticidade, o comércio, atrações como o bairro Le Suquet, com seu monastério do século XIII e os espaços para encontros profissionais. Esses elementos se completam e proporcionam uma oferta interessante para os profissionais”, aponta.

Para manter sua relevância como palco para eventos, Cannes está reformando o Palais, oferecendo mais espaço e beleza, e promovendo crescimento da rede hoteleira. “As redes Hyatt e Hilton já definiram a abertura de hotéis no bairro popular La Bocca”, diz. Ele defende como outro diferencial da cidade a sustentabilidade. “Adotamos materiais recicláveis para tudo o que é possível. Inclusive, o carpete do Palais”, conta. Além das vantagens estruturais, a cidade se propõe a ser o espaço mundial de concentração de profissionais de criação e distribuição. “Temos o Palais como centro de negócios, mas queremos que a cidade inteira se envolva nos eventos”, afirma.

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