Conar decide abrir processo contra seu comercial

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Conar decide abrir processo contra seu comercial

Após receber denúncias, Conselho decide abrir processo para avaliar o teor das reclamações contra a campanha "Confie no Conar"


22 de agosto de 2017 - 14h21

(Crédito: Reprodução)

Criada com o intuito de avaliar o teor e as mensagens contidas nas campanhas publicitárias brasileiras, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) irá vivenciar uma situação atípica nos próximos dias. Os membros do Conselho decidiram abrir processo para avaliar as denúncias recebidas nos últimos dias contra o comercial da própria entidade.

Esta será a terceira vez que o Conar abre processo para analisar um comercial que ele mesmo criou. Em 2002 e em 2014, o Conselho também recebeu denúncias sobre o tom de suas campanhas e abriu processo para avalia-las. Nos dois casos anteriores, os conselheiros da entidade não acharam que as reclamações eram procedentes e os processos foram arquivados. Nessas situações, geralmente, são nomeados profissionais de empresas anunciantes para compor o Conselho que irá julgar as campanhas.

Chamada de “Confie no Conar” – e assinada pela AlmapBBDO – a atual campanha é composta por dois comerciais de TV que procuram mostrar que o papel da entidade é proteger os consumidores contra eventuais ofensas e discursos antiéticos que possam estar inseridos em campanhas publicitárias. Para passar essa mensagem, o comercial criado pela agência divide a tela em duas partes, mostrando, de um lado, elementos visualmente opostos, como uma modelo magra e outra não e uma família composta por um casal heterossexual ao lado de outra, com um casal homossexual. Enquanto isso, a narração diz: “Já pensou se todo comercial tivesse que ter opções para agradar todo mundo?”. E complementa a ideia com a frase “Por isso que existe o Conar. Para separar o que é gosto pessoal do que é ofensivo e ilegal”. Assista aos filmes:

 

 

Algumas pessoas – inclusive profissionais do mercado publicitário – criticaram a campanha com o argumento de que o Conar colocou questões sérias, como preconceito racial e homofobia, no patamar de “gostos pessoais”. Nas redes sociais, muitas pessoas também, em contrapartida, defenderam a postura do Conselho.

Na última sexta-feira, 18, quando foi procurado pela reportagem de Meio & Mensagem para comentar a polêmica gerada pela campanha, o Conar admitiu que havia recebido denúncias, mas ainda não havia decidido se abriria ou não processo para julgar os comerciais.

A situação, no entanto, ganhou uma nova etapa nesta terça-feira, 22, quando o Conselho informou que abriu o processo ético número 189/17 para avaliar a pertinência das denúncias. As pessoas que denunciaram o comercial do Conar ao próprio órgão foram avisadas da abertura do processo. Procurado pela reportagem para saber mais detalhes a respeito do julgamento, o Conar ainda não respondeu às solicitações de informações.

Apesar da abertura do processo, o comercial “Confie no Conar” não foi impedido de ser veiculado. A campanha, que continua sendo exibida na TV aberta, só seria retirada da mídia se algum conselheiro do Conar julgasse que sua exibição poderia acarretar em prejuízos aos consumidores ou às empresas envolvidas, como ocorre em todos os processos que o Conselho avalia.

Outro lado
Na semana passada, a reportagem de Meio & Mensagem conversou com a AlmapBBDO, agência responsável pela campanha, que afirmou que o foco da peça publicitária jamais foi menosprezar os debates e discussões sobre representatividade e diversidade no âmbito da comunicação. “O objetivo da campanha era deixar claro o trabalho do Conar de tirar do ar o que é ofensivo e ilegal. Os exemplos usados trazem situações reais nos dias de hoje. A campanha faz parte de uma estratégia que vem sendo realizada há alguns anos e avançando dentro das possibilidades de uma instituição como o Conar, que cumpre uma função que nos parece importantíssima e razoavelmente complicada, que é a de regular a propaganda brasileira”, explicou Pernil, diretor de criação da AlmapBBDO.

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