Conar observa movimento contra a exploração da mulher
Prestes a receber abaixo-assinado que pede fim da objetificação feminina em campanhas, órgão garante acompanhar as demandas sociais para garantir as boas práticas publicitárias
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Bárbara Sacchitiello
31 de maio de 2016 - 17h28
Mais de 18 mil pessoas (até a tarde desta terça-feira, 31), já haviam assinado uma petição no site Avaaz.org, que pede o “fim da exposição da mulher como objeto sexual na publicidade”.
Amplamente discutida nas redes sociais e nos eventos da indústria da comunicação no Brasil e em todo o mundo desde o ano passado, a representação da figura feminina na publicidade voltou a entrar na pauta nacional após a divulgação do crime de estupro coletivo de uma adolescente, ocorrido na semana passada no Rio de Janeiro. A tragédia, que chocou a população, levantou novamente a discussão de diversos comportamentos e ideias que, juntos, contribuem para a formação da violência contra a mulher e da chamada cultura do estupro no País – e entre esses fatores, está a maneira como as mulheres são mostradas na publicidade e na mídia.
O assunto levou um usuário do Avaaz.org a criar uma petição para pedir que as campanhas publicitárias não mostrem mais a mulher como objeto sexual. A ideia, segundo a página, é atingir 20 mil assinaturas para que a proposta seja encaminhada ao Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar).
Embora ainda não tenha recebido nenhum comunicado oficial sobre a petição, o Conar tem conhecimento da manifestação que está acontecendo nas redes sociais e se mostra atento à questão. De acordo com a comunicação do Conselho, o próprio Código de Regulamentação do Conar já estabelece critérios para as boas práticas da atividade publicitária.
O artigo 19 do Código prevê que “toda atividade publicitária deve caracterizar-se pelo respeito à dignidade da pessoa humana, à intimidade, ao interesse social, às instituições e símbolos nacionais, às autoridades constituídas e ao núcleo familiar”.
Segundo o Conar, algumas das peças publicitárias utilizadas pelo Avaaz.org como ilustração da petição são campanhas que já foram julgadas e punidas pelo órgão. É o caso da campanha da cerveja Itaipava, assinada pela Y&R, que fazia uma comparação entre o volume da lata e da garrafa da bebida com o do silicone da modelo Aline Riscado, garota-propaganda da cerveja. Isso mostraria, de acordo com a entidade, a atenção do Conar a casos em que a objetificação feminina é explícita.
Apesar de, na teoria, o órgão determinar o respeito e dignidade na publicidade, o Conar é ciente que há diversas questões subjetivas na avaliação das campanhas que desrespeitam ou exploram a figura da mulher e também do homem. De acordo com a entidade, as novas demandas e comportamentos sociais acabam pautando a atualização do código de regulamentação e, consequentemente, alterando padrões que não condizem mais com a realidade da sociedade. A publicidade de cerveja é um exemplo dessa atualização. O Conar já publicou mais de cinco reformulações em seu código para alterar regras para a comunicação de cerveja e bebidas alcoolicas. O mesmo aconteceu com a publicidade direcionada às crianças.
No caso do combate à cultura do estupro e a utilização da mulher como objeto sexual nas mensagens publicitárias de produtos ou serviços, a comunicação do Conar garante que o Conselho de Ética continuará acompanhando atentamente todas as reclamações e casos a fim de manter as boas práticas da indústria.
Sobre a atual petição do Avaaz.org, o Conar diz que, embora ela não tenha valor legal, o conteúdo será analisado e avaliado pelos conselheiros da entidade, como forma de manifestação da população acerca de um assunto.
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