“Muito mais histórias de assédio irão aparecer”, diz CEO da TBWA
Em meio a onda de denúncias, rede lança linha direta para que funcionários possam fazer denúncias anônimas
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Isabella Lessa
17 de janeiro de 2018 - 7h00
Na primeira semana de 2018, a TBWA lançou, em parceria com o Omnicom, grupo ao qual pertence, a 24-hour Hotline, linha direta voltada exclusivamente para denúncias de assédio.
Todas as funcionárias e funcionários das empresas do grupo podem utilizar a linha de qualquer lugar do mundo ou, se preferirem, enviar um e-mail a profissionais de RH que foram contratados para atuar na área recém-criada.
No entanto, o principal esforço não está na disponibilização do canal de denúncias, mas no processo de garantir um ambiente em que cada pessoa que trabalhe na companhia, especialmente as mulheres, sinta-se à vontade para reportar um caso de abuso, explica Troy Ruhanen, CEO da TBWA\Worldwide. “Muitas têm medo, então estamos tentando criar esse ambiente seguro para que todos sintam-se confortáveis para contar”, afirma.
A decisão de estabelecer um canal direto e anônimo com este fim ocorreu no final do ano passado, quando eclodiram as denúncias de assédio em Hollywood. “A verdade é que está aí há muito tempo e muitas histórias ainda vão aparecer. O New York Times continua coletando informações sobre isso, e acredito que o Wall Street (bolsas norte-americanas) será o próximo a passar pelas denúncias”, diz Troy. De acordo com ele, já houveram casos de assédio na TBWA e os responsáveis não trabalham mais na companhia.
“Nosso interesse é fazer com que a pessoa deixe a companhia o mais rápido possível. Mas não aprecio o espetáculo, já vimos o bastante. Precisamos ver essas pessoas fora da empresa, quem quer que sejam, e ter um processo em que as pessoas tenham alguém para falar. Espero que as ajudemos e que a gente consiga contribuir com uma geração que queira fazer a coisa certa”, afirma.Igualdade de gênero
Há dois anos, a TBWA lançou o programa “Take the Lead”, parte do projeto 20/20, cujo objetivo é aumentar em 20% a presença das mulheres em papéis de liderança em toda a rede da TBWA até 2020.
Nesses últimos 24 meses, a rede aumentou a liderança feminina em 12%, com aumento de 15% no nível executivo e de 11% no nível de gerenciamento/diretoria. Hoje, as mulheres compõem 41% dos papéis de liderança na TBWA globalmente, 36% a mais em relação a 2015.
Segundo Troy, a rede também está investindo em programas de treinamento para talentos em ascensão com equipes diversas em termos de gênero e etnia. “Sei que 15% é um índice ridículo, mas, estamos chegando lá. Precisamos melhorar em criação e digital. Em criação, é um desafio em parte porque o mercado tem ótimas líderes mulheres e estão fazendo de tudo para mantê-las. E o digital, se olhar para o Silicon Valley, ainda é uma área dominada por homens”.
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