Boninho: entretenimento e realidade em forma de show

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Boninho: entretenimento e realidade em forma de show

Diretor de variedades da Globo responde a profissionais de comunicação sobre Big Brother, televisão e criação de conteúdo


19 de abril de 2021 - 9h25

Boninho: “Quando fizemos o primeiro BBB, as pessoas pensavam que iria acabar. Mas aí sabíamos que tínhamos que fazer o segundo melhor. Depois, que tínhamos que fazer o terceiro melhor ainda” (Crédito: João Cotta/Globo)

José Bonifácio Brasil de Oliveira, o Boninho, não está dentro da casa em que se passa a 21ª edição do Big Brother Brasil. Ainda assim, nesse período em que o principal reality-show da Globo vai ao ar, o diretor de variedades da emissora vivencia um período de confinamento. Responsável pelo tom e estilo do programa desde seu início, em 2002, ele é o responsável principal por fazer a engrenagem do jogo girar e, a cada ano, conquistar audiência, repercussão e mais faturamento publicitário.

Apesar de todo o buzz que o BBB gira, o “big boss”, como é chamado por quem acompanha o programa – e pelo próprio apresentador, Tiago Leifert – é avesso a aparições e entrevistas na imprensa. Nesta reta final do BBB21, no entanto, Boninho aceitou falar com Meio & Mensagem para responder perguntas de outros profissionais de mídia, marketing e comunicação.

A íntegra da conversa com o diretor de variedades da Globo está disponível na edição especial de aniversário de Meio & Mensagem, que circula com data desta segunda-feira, 19, e pode ser acessada via aplicativo e pelo Acervo. Confira, abaixo, alguns trechos da conversa:

Maisa Silva, atriz, apresentadora e influenciadora — Eu sou da Geração Z e é perceptível que nós consumimos o entretenimento de um jeito diferente, usando telas simultâneas e sentindo a necessidade de participar e colaborar ativamente desses conteúdos, o que é um comportamento diferente das gerações anteriores. A partir disso, queria muito saber: quais são os seus principais esforços para alcançar e conquistar esse público dentro dos programas que você idealiza?

Boninho — Primeiro , eu vou falar para a Maísa que sou geração A, B, C, W, Y etc. A gente sempre mira o Big Brother no futuro e sempre bebemos desse universo. Não é à toa que nossa diretora de conteúdo, que hoje não está mais na Globo, a Ana Bueno, criou a Rede BBB. Foi a primeira vez que pensamos em deixar de olhar a Globo como centro de tudo para olhar todo o universo daquilo que estava acontecendo. Acho que sou o assinante do Twitter 005. Quando entrei no Twitter, não tinha ninguém e eu nem sabia o que fazer lá. A Ana Bueno me falou, na época, que existia uma coisa nova e que tínhamos que entrar e a gente postava que estava saindo de casa, que tinha escovado os dentes. Era isso que a gente tuitava. O BBB sempre caminhou olhando para o futuro. Sempre olhamos para o futuro, ensinamos a usar SMS para a votação, o Instagram. Olhamos para essa geração e sabemos que importante no Big é que ele fala com todo mundo e traz uma juventude à Globo. Tem um refresh desses targets que dificilmente vemos na televisão. Quando fazemos seleção, as pessoas falam que nasceram vendo Big Brother e eu penso: “Caramba, como estou velho!” (risos). Nosso olhar é sempre para o futuro, para o que existe de tecnologia nova para usarmos. O site do programa já tem uma cara diferente, usamos o Gshow, o Multishow, trabalhamos no Globoplay. O Big olha essas plataformas sempre com esse conceito e o que tiver de novo, de certa forma, vamos tentar nos apropriar. Queremos que falem bastante da gente, porque a gente está ouvindo também.

Na gravação de No Limite, primeiro reality-show exibido pela Globo, em 2000 (Crédito: Divulgação/Globo)


Juliana Algañaraz, CEO da Endemol Shine Brasil — É fato que a Globo foi a gran de pioneira ao trazer o gênero reality show para o Brasil, ainda nos anos 2000. E tanto você, a Globo e a Endemol Shine Brasil já ouvimos muito de outros, ao longo desses mais de 20 anos, que os realities eram apenas “um sucesso passageiro”. Primeiro queria saber qual foi o seu olhar para apostar no No Limite e no Big Brother Brasil lá atrás, nos anos 2000? E olhando agora para essa trajetória e para a continuação desse sucesso nos dias de hoje, como você enxerga a evolução deste gênero no País?

Boninho — Sempre olhei e ainda olho o reality como entretenimento. Quando ele começou a aparecer no mundo inteiro, falei que iria funcionar. O importante de tudo é você fazer bem-feito, essa é a diferença. Quando fizemos o primeiro BBB, as pessoas pensavam que iria acabar. Mas aí sabíamos que tínhamos que fazer o segundo melhor. Depois, que tínhamos que fazer o terceiro melhor ainda. Ele sobrevive porque fazemos direito. Quando me chamaram para fazer o Big Brother, a primeira coisa que falei foi que o formato original do programa não cabia no Brasil. Era uma casa com 50 m², com uma banheira para tomar banho. Achei que aquilo não era o Brasil, que tínhamos que redesenhar e eles toparam fazer isso. Por mais que falem que os participantes são parecidos, nós estamos criando o tempo todo e cada BBB é um BBB com sua característica e diferencial que vai sendo construído ao longo do caminho. Costumo dizer que reality é uma novela ao contrário porque, na novela, você escreve um texto e desenvolve essa gravação. No reality, você precisa ser mais criativo porque é necessário correr atrás de uma história que está acontecendo. É preciso de um grupo genial de autores, editores, que sentem juntos para pensar em como contar aquela história e como ela será empacotada. A gente faz reality show, um show de realidade. Eu tenho umas 49 temporadas, 12 formatos diferentes na minha mão, fora os realities que criei para o programa da Ana Maria Braga, como o SuperChef. Trabalhar com reality depende basicamente de entregar um produto benfeito. Se não é benfeito, o reality não vai durar, assim como a novela não vai durar. Existem alguns chatos que dizem que não assistem o reality, mas que comentam depois que viram a briga da Viih Tube (participante da 21ª edição do BBB). E agora piorou porque, como o Big Brother gera muita repercussão, qualquer coisa que falam na internet acabam colocando o BBB no meio para engajar ainda mais.

Costumo dizer que reality é uma novela ao contrário porque, na novela, você escreve um texto e desenvolve essa gravação. No reality, você precisa ser mais criativo porque é necessário correr atrás de uma história que está acontecendo. É preciso de um grupo genial de autores, editores, que sentem juntos para pensar em como contar aquela história e como ela será empacotada.

Thelma Assis, médica, influenciadora e vencedora do BBB20 — Você está à frente de diversos projetos, como funciona seu processo criativo para sempre trazer uma novidade, entreter o público?

Boninho — Sou um ratinho de laboratório que nasceu dentro da TV. Ia brincar de bola de gude no corredor da Globo, enquanto as pessoas passavam para gravar a novela. Nasci nesse universo e, ao mesmo tempo, tenho o humor do meu pai e a criatividade da minha mãe. Adoro o personagem Fradim, do Henfil, e acho que sou um pouco ele também. Esse processo criativo acaba juntando essas coisas todas. Quando criamos o monstro no BBB, por exemplo, estava cansado de ter somente o anjo. Tínhamos que provocá-los, deixando eles quase 48 horas vestidos de samambaia. A gente brinca e se diverte com essas histórias. Quando minha produtora de arte disse que o Arthur (participante do BBB21) tinha pedido uma cachaça de banana na festa, pedi para que eles enfeitassem a mesa com as bananas. Me divirto fazendo televisão e fico brincando o tempo todo e, dessas brincadeiras, surgem novos projetos. Neste ano, tenho dez projetos na TV Globo. Só de lives na pandemia, fiz oito, com Caetano Veloso, Maria Bethânia, Paulinho da Viola. Fizemos shows do Alok, do Luan Santana, da Ivete Sangalo de pijamas. Ao mesmo tempo que tenho essa referência criativa toda, me trato como uma mega esponja para ouvir referências e ideias.

Com a equipe de Mestre do Sabor, reality culinário cuja terceira temporada estreia em maio, na Globo (Crédito: Divulgação/Globo)

José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, empresário, diretor de televisão e pai de Boninho — Quais as três produções da televisão brasileira, de qualquer gênero e de todas as épocas, que você salvaria do paredão?

Boninho — Meu pai gosta de provocar, com certeza ele pensou: “Vou botar ele numa roubada” (risos). Imagine a responsabilidade de fazer isso. Vou ter que pipocar, então, e falar por gênero. O primeiro é a novela que, sem dúvida alguma, é algo fenomenal e é a paixão dos brasileiros. É um pilar que a televisão brasileira estruturou, quando o Boni e o Walter Clark (produtor e executivo de TV da Globo nas décadas de 1960 e 1970) inseriram a dramaturgia como um sanduíche com o jornalismo. A TV brasileira continua sendo tudo o que é hoje por trazer esse desenho, com um olhar mais horizontal sobre as programações. O segundo gênero que vou salvar, e vou puxar minha sardinha. são os realitys. Apesar de todo mundo falar, estamos aí rodando há 20 anos os realities, que são um entretenimento que, quando bem-feito, vai muito bem. É como se fosse uma novela moderna, com outra linguagem, principalmente o BBB, que cumpre a mesma tarefa na programação. E tem um cara com quem trabalho, que está indo embora neste ano, que é o Fausto (Silva), que é um dos maiores comunicadores que a gente tem. O Domingão do Faustão é uma coisa que temos que respeitar e eu salvaria o Faustão do paredão, sempre.

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