O futuro da Fox sem Murdoch

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Luiz Gustavo Pacete
18 de junho de 2015 - 8h11

O 21st Century Fox anunciou, na terça-feira 16, que Rupert Murdoch deixará a presidência do grupo em julho, aos 84 anos, e passará o comando para seu filho mais novo, James Murdoch, de 42 anos, até então diretor-executivo. A presidência do conselho de administração fica com seu filho mais velho Lachlan Murdoch, de 43 anos. O plano de sucessão inclui a ida do veterano Chase Carey, atual diretor de operações, para o cargo de vice-presidente.

Na visão de Murdoch, seus filhos são executivos talentosos e que ajudarão a levar o grupo a níveis maiores de crescimento. "Isto [a sucessão] sempre foi uma prioridade, garantir uma direção estável, uma liderança de longo prazo para a empresa, e estas nomeações visam a cumprir este objetivo", disse Murdoch, em comunicado.

A notícia que confirma a aposentadoria de Murdoch, esperada há alguns anos, marca o retorno de James Murdoch, cuja ascensão profissional foi retardada pelos escândalos de escutas telefônicas no Reino Unido. Segundo Paul Sweeney, analista de mídia da Bloomberg Intelligence, a permanência de Chase no grupo é um bom sinal para o mercado. "É importante para os investidores que Chase fique por pelo menos um ano para garantir uma transição suave.", diz Sweeney. Para outros analistas, a saída de Murdoch é mais na teoria, já que o empresário deve continuar atuante nos bastidores da companhia, mesmo com a idade avançada.

Filho de um correspondente de guerra, Murdoch construiu, a partir de um pequeno jornal australiano herdado, em 1953, um império de mídia que lhe rendeu uma fortuna estimada em US$ 13,3 bilhões, segundo a Forbes. Chegou a Londres no ano de 1969, com a compra do jornal News of the World, posteriormente, adquiriu o The Sun e o transformou em um dos tabloides mais vendidos da Europa.

Com uma receita anual de US$ 30 bilhões, o News Corp chegou a ser o segundo maior grupo de mídia do mundo, perdendo apenas para a Disney. Em 2012, após denúncias de corrupção envolvendo o jornal News of the World, na Inglaterra, o grupo foi dividido em duas áreas: a 21st Century Fox, que reúne as empresas de televisão e cinema da Fox. A News Corp permaneceu com a área de jornais. Desde então, o reflexo foi positivo em Wall Street: as ações da 21st Century Fox subiram 13% e as da News Corp, 10%.

Na biografia “O dono da mídia, os segredos de Rupert Murdoch”, lançada pelo jornalista Michael Wolff, em 2009, Murdoch é descrito como workaholic e extremamente detalhista. A obra dá detalhes de compras de jornais, revistas, editoras e emissoras e narra bastidores de jantares secretos com outros empresários de mídia. Uma coisa é comum na trajetória do empresário: sua atração pela polêmica. Murdoch também ficou conhecido pela capacidade de eleger políticos, na Inglaterra fez campanhas favoráveis a Margaret Thatcher, John Major e Tony Blair.

O empresário está na 32º posição no ranking de pessoas mais poderosas do mundo. Da área de mídia, a sua frente está apenas Jeff Bezos que, mesmo tendo feito sua fortuna pela Amazon, comprou o Washington Post em 2013.

Em 2011, a principal investida de Murdoch no Brasil foi com a entrada da Fox Sports, que, ao chegar, aportou estimados US$ 200 milhões. Um dos maiores investimentos feitos na TV paga brasileira.