Copa: quem foi bem, quem não apareceu
Na abertura do Mundial, o torcedor sai ganhando. A seleção mantém viés positivo, mas marcas perdem oportunidades na Arena Corinthians
Na abertura do Mundial, o torcedor sai ganhando. A seleção mantém viés positivo, mas marcas perdem oportunidades na Arena Corinthians
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12 de junho de 2014 - 10h24
Para a abertura da Copa no Brasil, o resultado pode ser bem comemorado. O Brasil ganhou na estreia (3 a 1 contra a Croácia, de virada), foi aplaudido, não chegou a convencer muito no segundo tempo, porém não comprometeu expectativas quanto ao título. Outro vitorioso foi o torcedor que, de um modo geral, não teve problemas no transporte e encontrou boas instalações na Arena Corinthians. No gramado, destaque para Neymar, autor de dois gols, e Oscar, que fechou o placar e teve papel importante para a vitória – Fred e Hulk tiveram atuações apagadas; Marcelo ficou devendo (pelo gol contra e pelo fraco desempenho). Para algumas marcas, pode-se dizer que houve um 0 a 0. Embora instaladas no estádio – com direito a placas no campo -, poucas conseguiram se fazer notar de verdade. Não havia esforços significativos de ativação de patrocínio. Os vídeos exibidos no telão (de excelente qualidade) não conseguiam ser ouvidos muito bem.
Confira quem se saiu bem com o evento de abertura da Copa e quem poderia tirar mais proveito do momento, a partir da experiência de quem acompanhou o jogo in loco (entrada Leste, portão H):
– Torcedor – teve uma boa experiência na Arena Corinthians. O estádio está bonito e oferece um amplo campo de visão. Os jogadores ficam próximos. A sinalização dos assentos funcionou bem e os voluntários cumpriram sua missão, orientando o público desde a saída do trem até os corredores dos assentos. A chegada ao estádio por meio da CPTM foi tranquila. Difícil foi sair da estação e partir para a Arena Corinthians. Havia muita gente na plataforma do trem por volta das 14h. Foram quase 15 minutos para deixar a estação, tamanha a multidão no local. A lamentar, a longa fila para passar pelo raio-X (meia hora) e o fim dos lanches quando ainda eram 14h30. Ponto positivo para o trem, que tinha ar condicionado e realmente cumpriu o trajeto rapidamente.
– Seleção – a imagem da seleção se mantém intocada. Poucos apupos se ouviram do público. Ainda que tenha enfrentado resultado adverso logo no princípio (o gol contra de Marcelo), a equipe recebeu aplausos continuamente. Vaias e xingamentos foram lançados no estádio mas, na maior parte dos casos, o alvo era a presidente Dilma Rousseff que não fez discurso.
– Cerimônia de abertura – o programa estava espalhado nas áreas que levavam aos assentos. Estava escrito que o show duraria 25 minutos e estava dividido em cinco momentos, todos descritos no folheto. A festa começou pontualmente, às 15h15. Na mídia social, uma queixa comum era que as escolas de samba fazem apresentações mais empolgantes e bonitas. No terceiro ato do espetáculo, estava informado que o ponto alto seria a participação do “exoesqueleto” do projeto Andar de Novo (Walk Again), do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis. O paraplégico Juliano Pinto conseguiria, por meio do equipamento que é acionado pelo cérebro, dar o pontapé inicial da Copa. Nicolelis, em entrevista à TV Globo, disse que a Fifa havia reservado 27 segundos para a exibição. O ato foi realizado em 16 segundos. E a TV o mostrou por cerca de dois segundos. Para quem estava no estádio, dependendo do lugar onde tinha assento, esse movimento, importantíssimo para a medicina, não foi visto. Uma falha da cerimônia, comandada pela Team Spirit – contratada pelo Comitê Organizador Local da Fifa -, foi não ter pensado em dar uma visibilidade maior ao feito. Nicolelis, professor da Duke University, autor de pesquisas que recebem destaque das grandes revistas científicas, amante do futebol e torcedor fervoroso do Palmeiras, fez contagem regressiva na mídia social para anunciar o pontapé dado pelo “Walk Again” em plena abertura da Copa. Deve ter ficado com a sensação de que merecia mais. E merecia.
– Playback – O trio Pitbull, Jennifer Lopez e Claudia Leitte foi muito aplaudido pela torcida. Mas o uso de playback foi achincalhado nas redes sociais. Não precisava.
– Marcas – A Adidas se saiu bem na cerimônia de abertura. A bola gigante, de LED, que funcionava como peça central da festa se transformou em diversos momentos na Brazuca. Isso foi percebido pelo público. Por outro lado, no intervalo do jogo, funcionários da organização saíram pelas arquibancadas procurando quem havia ficado com uma das bolas chutadas pelos atletas durante a partida. Os comentários feitos pelos torcedores é que a bola bem podia ficar com o sortudo que a agarrou. Mas os funcionários fizeram cerco até encontrar a Brazuca. Poucos perceberam isso, porém quem viu não curtiu. A Visa ganhou pontos porque o sistema de pagamento – único aceito na área interna do estádio, além de dinheiro vivo – aparentemente não falhou. O ponto negativo foi ter acabado todo o estoque de lanches por volta das 14h30, quase uma hora antes da cerimônia de abertura e quase duas horas antes do apito inicial. Faltar comida num evento desses é inaceitável. Isso aconteceu no setor H. No entorno do estádio, dentro do perímetro cercado para quem tinha ingresso, era possível encontrar opções, mas isso demandava mais deslocamentos do torcedor. Aliás, a Garoto vendia sorvetes em carinhos espalhados pelo local. A marca se deu bem. Por sua vez, a escolha do craque do jogo (Man of the Match), patrocinada pela Budweiser, quase não foi notada pela torcida. O anúncio foi feito quando muitas pessoas já se deslocavam para a saída. E o áudio do estádio mal deu destaque ao ganhador (Neymar), que também pode ser votado pelo Twitter. A Bud e a Coca-Cola conquistaram pontos por distribuírem copos de plásticos tematizados. Praticamente não havia produtos, brindes ou peças para os torcedores. Como o sol estava forte, um sampling com protetor solar, por exemplo, teria sido bastante útil.
– Conexão – a telefonia é uma das grandes queixas em eventos de grande porte. É assim nos festivais de música. Não foi diferente na abertura da Copa. Uma simples chamada era um tormento. Subir fotos nas redes sociais, um desafio. O que mais se ouvia pelos corredores do setor H era: “acabou a comida” e “a internet não funciona”.
– Mascote – Fuleco não deu as caras. Não seria um bom momento para ele?
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