O que os gamers costumam comprar na Black Friday?
Dentre os 33,7% gamers que adquiriram algo ligado ao universo na Black Friday de 2023, 74,1% tiveram boa experiência e 76,8% pretendem comprar novamente
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Amanda Schnaider
26 de novembro de 2024 - 6h10
Em 2024, o número de brasileiros que afirma jogar algum tipo de jogo atingiu 73,9% da população, segundo dados da Pesquisa Game Brasil (PGB). Logo, com a chegada da Black Friday, evento que acontece nesta sexta-feira, 29, esse público pode representar grande parte do público consumidor dos descontos do período.
Diferentemente do que se pode imaginar, dados da PGB revelam que 66,3% dos gamers brasileiros não comparam nada relacionado ao universo dos jogos durante a Black Friday de 2023.
Para Carlos Silva, CEO da GoGamers, empresa que realiza da PGB, essa constatação se deve porque a maioria dos produtos ligados ao ecossistema gamer são caros. “Adequar cada vez mais a oferta ao tipo de consumidor e a compreensão sobre o que é mais importante para os consumidores, são fundamentais para campanhas mais assertivas”, ressalta o executivo.
Apesar de a maioria dos gamers não adquirir produtos ligados aos jogos durante a Black Friday, Bernardo Mendes, sócio e CGO da Druid Creative Gaming, enfatiza que 62% deles aguardam ofertas para comprar jogos. “O mercado de games possui ciclos de lançamento ao longo do ano, não dependendo exclusivamente da Black Friday para monetizar sua base, composta majoritariamente por um público jovem-adulto com acesso ao crédito”, complementa.
No entanto, dentre os 33,7% que adquiriram algum aparelho, jogo ou acessório de games durante a Black Friday, 74,1% tiveram uma boa experiência e 76,8% afirmaram que pretendem comprar novamente no período de descontos deste ano.
Com isso, para tornar a Black Friday mais atrativa para o público gamer, Mendes destaca que é preciso focar em necessidades reais dos consumidores, com produtos que consideram essenciais para sua experiência, como fones de ouvido e teclados gamers, além de estabelecer parcerias estratégicas, oferecendo itens gratuitos em jogos, acesso temporário a plataformas de Cloud Gaming ou testes gratuitos de serviços como o Exitlag, software que otimiza a conexão de internet para jogos online.
A Pesquisa Game Brasil ainda indica que o público gamer brasileiro é contido de forma geral com compras relacionadas a jogos, visto que 20,4% não gastaram nada com jogos no último ano, e 39,6% investiram até R$ 300 em 2023.
Segundo Mendes, esse dado reflete um mercado altamente volátil e sensível a preços e barreiras econômicas. “Com a alta do dólar, os jogos e plataformas tiveram uma tendência de ficarem mais caros, consequentemente afetando o consumo brasileiro. Além disso, o mercado global de games sofreu retração no último ano por diversos motivos”, argumenta o executivo.
No Brasil, ele cita que o principal fator para isso foi a dispersão do público entre diferentes segmentos de entretenimento, como os inúmeros festivais, festas e oportunidades de encontrar os amigos.
Neste contexto, segundo Mendes, as estratégias mais comuns incluem o impulso às microtransações, especialmente em modelos de assinatura, e a democratização do acesso. “No Brasil, isso ocorre prioritariamente por meio de parcerias entre marcas ‘não-gamers’ e publishers, como no caso do Claro Prézão Free Fire, onde o usuário do plano de dados recebe, mensalmente, uma quantidade de moedas virtuais para adquirir itens e vestuários dentro do jogo”, exemplifica.
Apesar desse consumo mais consciente por parte do público gamer, quando adquirem algo, os produtos licenciados são os maiores atrativos. De acordo com dados da PGB, em 2023, os produtos mais adquiridos pelos gamers brasileiros foram camisetas/vestuário, com 36,2%; produtos para a casa, com 27,5%; e acessórios de moda, como brincos, colares, pulseiras e botons, com 22,1%.
“A evolução do consumidor de games traduz muito bem esse novo comportamento, já que ele não se interessa mais apenas pelo jogo em si, mas tudo que está no seu entorno”, pontua Silva. Logo, para ele, essa nova percepção cria boas oportunidades para outros setores e desenvolvimento de novos produtos, que no final tem como objetivo potencializar a experiência daquele consumidor e fidelizá-lo.
Na visão de Mendes, esses dados da PGB revelam como a “persona gamer” tem evoluído nos últimos anos. “Saímos daquela imagem grotesca da criança nerd isolada socialmente que se alimenta mal e hoje somos os descolados da escola, um dos grupos sociais mais interessantes. Um exemplo emblemático é o de Henry Cavill montando um PC gamer”, frisa o executivo.
Com esse crescente orgulho de ser gamer, Mendes enfatiza que o vestuário se torna uma das principais formas de expressão dessa identidade. “Não à toa, a indústria de licenciamento gamer tem registrado avanços significativos nos últimos anos, especialmente no Brasil, onde podemos encontrar camisetas com esta temática em todo fast fashion local”, afirma. “Temos visto isso como uma tendência de uma forma geral no mercado, o game extrapolando o formato vídeo game e se transformando em lifestyle”, reforça.
Quando se trata de consumo dentro do mercado gamer, tanto Silva quando Mendes destacam o setor de eSports como uma oportunidade ainda latente, uma vez que a audiência brasileira continua crescendo, assim como os campeonatos em território nacional. “Sem dúvidas os eSports ainda tem muito potencial para crescer como uma plataforma integrada com experiências diversas e oportunidades para novos negócios”, salienta o CEO da GoGamers.
Apesar dessa oportunidade de consumo, para Mendes, a linha de merchandising diferenciado apresenta um potencial ainda maior de penetração nesse público. “Enquanto os eSports são voltados ao hardcore gamer, os produtos físicos inspirados em jogos atraem tanto os jogadores quanto os admiradores do estilo”, argumenta.
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