Os riscos envolvidos na atitude do Habib´s
Para especialistas ouvidos por Meio & Mensagem a marca entrou em um terreno perigoso ao apoiar as manifestações deste domingo
Para especialistas ouvidos por Meio & Mensagem a marca entrou em um terreno perigoso ao apoiar as manifestações deste domingo
Luiz Gustavo Pacete
14 de março de 2016 - 7h02
As redes de alimentação Habib’s e Ragazzo apoiaram as manifestações deste domingo, 13. Nas redes, a marca usou a hashtag #fomedemudança, as lojas foram decoradas de verde e amarelo e distribuiram cartazes e bottons para quem queria se manifestar.
No comunicado que emitiu na sexta-feira, 11, a marca ressaltou que “apoia a democracia e um país mais justo, sem apoiar siglas ou coligações partidárias”. Em entrevista à Istoé Dinheiro, Alberto Saraiva, fundador da rede, afirmou que não possui receio quanto à atitude.
“Não tenho receio de que as lojas sejam alvo de protestos ou de quebradeira de quem não concorda com a nossa visão. O Habib’s e o Ragazzo são lugares democráticos, não só pelos preços praticados, mas também pela variedade do cardápio”, afirmou.
Na análise de Sílvio Crespo, diretor geral da SGC Conteúdo, o Habib’s, sem se dar conta, entrou em uma seara perigosa para a marca, porque é a seara da polarização. “As grandes marcas, quando entram em assuntos polêmicos, devem buscar sempre a união e a inclusão, caso desejem se manter como marcas universais, ou seja, para todos”, explica.
De acordo com Crespo, é fundamental que as empresas não tenham telhado de vidro quando resolvem apoiar uma causa. Do contrário, o público vai tratar de trazer à tona as questões não resolvidas. “Com isso, a marca pode sofrer rejeição não só dos que são contra a manifestação, como também de muitas pessoas que estão nos protestos e não gostariam de ser associadas a organizações investigadas”, constata.
Segundo o professor da ESPM Marcos Bedendo, qualquer marca que toma uma posição traz um certo risco, seja em função dos potenciais consumidores que tem uma posição contrária, seja em função de consumidores que entendem que aquela não é uma esfera em que as marcas devem agir. “No entanto, cada vez mais os consumidores preferem que suas marcas se posicionem sobre temas polêmicos e atuais – cada vez mais as pessoas deixam de comprar produtos e passam a comprar os aspectos ideológicos das marcas. No caso do Habibs, apesar de muitos poderem julgar a marca por entrar numa esfera que não é dela, entendo que os riscos são baixos, pois hoje em dia o percentual de brasileiros que apoiam o governo é muito menor do que aqueles que reprovam. Ao final dos protestos, o saldo parece ter sido positivo.”
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