Preparando mentes para o futuro

Roseani Rocha
20 de maio de 2024 - 13h05

Saúde mental é conceito multifatorial muitas vezes confundido apenas como bem-estar, alertou Daniel Hosken (Crédito: Eduardo Lopes/ Imagem Paulista)

Neurocientista e professor associado da Fundação Dom Cabral, Daniel Hosken, trouxe um assunto instigante ao público do Marketing Network Brasil 2024: “Mente do futuro: do equilíbrio na vida à saúde mental”. Tema, na verdade, de interesse da população em geral e de profissionais de marketing – cada vez mais pressionados – especificamente.

Ele retomou fases da evolução da humanidade, da revolução cognitiva à da inteligência artificial, na qual estamos e que gera cada vez mais incertezas, lembrando que fomos da escassez à abundância num ciclo que mais não necessariamente significa “melhor”. “Existe um gap entre a nossa capacidade cognitiva e a necessidade de mercado de adaptação”, disse, acrescentando que isso costuma gerar ansiedade e stress.

O pesquisador afirmou que saúde mental, ou saúde da mente, é um conceito multifatorial, que envolve a capacidade manutenção da saúde em algumas partes da vida (saúde física, intelectual, emocional, social, financeira etc em nível funcional, e muitas vezes é confundida apenas com “bem-estar”, que é algo mais momentâneo.

Além de lembrar que num mundo abundante de informação a atenção é recurso escasso, ele provou o público com questões como “quem controla nosso comportamento?” e “somos seres racionais?”, mostrando que nem sempre somos racionais, mas sim “seres dotados da capacidade de racionalizar”. E uma vez que cada um vê e entende a vida sob uma lente diferente, há dois jeitos de lidar com a evolução, de forma reativa ou adaptativa.

Além de questionar o conceito de racionalidade, também lembrou que o stress nem sempre é prejudicial para a saúde, pois, em certo nível, nos coloca em estado de foco e atenção e somente em intensidade além da conta é que leva a problemas como “fuga, bloqueio, imunidade baixa ou inteligência emocional baixa”.

E se cada um entende a vida sob uma lente, outro conceito flexível é o de “tempo”, deixou claro Hosken ao falar sobre “gestão de tempo”, para alertar o público do MNB ao fato de quanto a qualidade e a organização das informações acabam influenciando os resultados de trabalho. A própria vida, com seus diversos pilares para receber atenção, acaba gerando frustração ou culpa, quando não se atende aqueles que realmente importam.

Embora desde o início tenha deixado claro que não estava ali para trazer nenhuma fórmula milagrosa para a mente saudável, Daniel Hosken lembrou que toda pessoa tem uma potência, que é seu corpo, mas nem sempre usada a favor. E cujas condições seriam melhoradas com controle de sono, alimentação, atividade física, relações sociais, ambiente e pausas para o cérebro no trabalho, no dia a dia (mesmo as curtas, de cinco minutos, ressaltou, já têm efeitos benéficos que muita gente não imagina).

Assim, enfatizando a saúde mental como algo que confere a sensação de funcionalidade (a despeito de determinadas problemas, que todos enfrentam), o neurocientista recomendou: cuidado com alguns padrões de comportamento, produtividade com controle stress (que gera entregas melhores) e não esperar chegar ao limite. “Utilize o princípio da adaptabilidade e proteja sua mente, porque seja aquilo que você estiver fazendo na vida tem que valer a pena”, disse Hosken.

Ele deixou o palco sob aplausos, após instigar a plateia com uma última reflexão, uma frase atribuída ao psicanalista Carl Jung: “Até você se tornar consciente, o inconsciente irá dirigir sua vida e você vai chamá-lo de destino”.