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O consumo de games, redes sociais e streaming entre o G10
A Outdoor Social identificou tendências relacionadas ao acesso a Intenet nas favelas de maior potencial econômico do Brasil
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Giovana Oréfice
1 de novembro de 2021 - 17h00
Desmistificar o estereótipo das favelas no Brasil é um dos principais objetivos da Outdoor Social Inteligência, instituto de pesquisa direcionado para a classe C. O mais recente levantamento indica que 62% da população do G10, grupo que reúne as favelas com maior expressão econômica no País, contam com conexão de internet em casa. Os dados mostram que as redes sociais são o motivo pela qual os usuários usufruem da conectividade, sobretudo entre jovens de 18 a 34 anos (47%). Além disso, o entretenimento ganha destaque: o gasto médio nacional com o streaming de vídeo é de R$ 51 mensais, mostrando que, possivelmente, a população tem em média mais de um streaming por assinatura. Ao todo, foram ouvidas 435 pessoas.
Entre a plataforma mais acessada está a Netflix, com 75%. Em seguida, aparecem o Youtube Premium (33%), Amazon Prime (27%) e Globoplay (23%). “Eles assistem ao Youtube mais do que Globoplay, sendo que este último é produto da emissora brasileira com maior share nacional”, diz Emília Rabello, fundadora do Outdoor Social, indagando sobre a comunicação do grupo para com o público das favelas como estratégia de mercado. “Essa pesquisa quer alertar e mostrar que a favela consome, que a favela é potência e que as marcas precisam começar a olhar para esse público com olhos de mercado consumidor e não como assistencialismo”, completa.
Já os gastos com internet como um todo chegam a R$ 101,78 mensais, dos quais 39% da população contrata provedores locais. O WhatsApp é o líder do meio de comunicação entre 98% dos entrevistados. O segundo lugar fica por conta Facebook (85%), e o restante do ranking conta com o Instagram (72%). Um dos destaques vai para a ascensão de novas plataformas de vídeo, com 26% do público declarando que usa o TikTok e 20% utilizando o Kwai. Em relação ao consumo de notícias, 62% responderam que se mantêm informados por meio dos aplicativos. Contudo, a televisão segue fortalecida: 50% assistem ao noticiário, enquanto 57% são espectadores de novelas e telejornais e 30% dão preferência à séries.
“Eu acredito que o caminho para entender a realidade desse território é realmente entrar com empatia, ou seja, se desprover de todos os preconceitos e olhar esse target se colocando no lugar do outro”, ressalta Emília, sobre a produção de conteúdo presente nas plataformas de streaming e canais de televisão. Segundo ela, representatividade é uma palavra oportuna para a criação de conteúdo destinada aos telespectadores do G10, com a contratação de profissionais locais para compor times de produção e até mesmo atores que vivam a realidade das favelas para trazer um olhar de dentro para fora aos filmes e séries. Como exemplo, a fundadora cita a série Sintonia, idealizada por Kondzilla e que acaba de ganhar segunda temporada na Netflix, ambientada no bairro da Vila Áurea, em São Paulo.
Já em relação ao consumo de música, o Spotify ocupa a liderança. Quando questionados sobre qual serviço utilizariam se só pudessem escolher um, a plataforma surgiu como resposta de 40% dos entrevistados. Na sequência, aparecem o Youtube Music (20%), Google Play Música (10%), Deezer (6%) e Apple Music (3%). Cerca de 21% da amostra não soube responder à pergunta. Vale ressaltar que 77% afirmaram consumir a versão gratuita dos serviços.
A mesma indagação foi feita sobre o consumo de games. Cerca de 35% dos gamers da favela responderam que optariam por jogar Free Fire Battleground caso fosse o único jogo do qual pudessem usufruir. A mesma quantidade escolheria o Fortine. Já 24% ficariam com Crossfire e apenas 6% com Subway Surfers. A pesquisa revela que games de ação e aventura estão entre os preferidos, com 41% das respostas. Na sequência, estão jogos de RPG (18%), esportes (18%) e estratégia (6%). “Quem se posicionar de maneira estratégica olhando esse público com olhos de consumo, contratando a periferia e as pessoas da favela para elaborar esses jogos e escreverem esses roteiros, atuarem nessas produções, irá explorar um oceano azul”, declara Emília.
Mobile
A Outdoor Social também buscou identificar o comportamento dos consumidores em relação ao celular. Do grupo de pessoas com ensino superior completo, 46% declararam estar deixando de fazer chamadas de voz. O levantamento Persona Favela, feito em julho, mostra que 22% da amostragem tem esse nível de educação. Em relação ao restante, 53% concluíram o Ensino Médio, 23% terminaram o Ensino Fundamental e 2% não têm instrução alguma. Outro ponto de atenção foi o fato de que o celular é meio de trabalho para 28% dos ouvidos, servindo como fonte de renda. O aparelho é utilizado por 18% dos micro e pequenos comércios participantes da pesquisa.
*Credito da imagem de topo: audioundwerbung/iStock
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