Pyr Marcondes
24 de abril de 2019 - 12h03
Houve uma época, para quem como eu viu a internet nascer – e isso parece que faz um milênio atrás – quando os grandes líderes da nascente indústria digital propulsionada por aquela maluquice que era (e segue sendo) a Internet, defendiam a plenos pulmões que o conteúdo era o grande asset da nova Era Digital. O conteúdo então anabolizado pela web.
“Content is King”, bradavam.
E era mesmo.
Os grandes portais – particularmente no Brasil, em que os primeiros portais de Internet nasceram das entranhas dos nossos grandes players editoriais e casas de publishing – entendiam que seria o conteúdo que atrairia o tráfego, muito como nas áreas de comunicação até ali existentes (isso faz quase 30 anos agora). Tinha uma camadinha de serviços ainda embrionária nascente, mas a internet era pouco ou nada interativa e serviço era também informação. Basicamente. Portanto, mesmo serviço, era igualmente um tipo de conteúdo.
Bom.
Essa verdade foi mudando com o tempo e o mundo web se tornou tão complexo, que afirmar hoje que Content is King parecerá a muitos old school. Desconhecimento de quem não acompanhou a história da Internet. Ou pior, uma afirmação de quem não sabe onde essa história está hoje.
Pois eu afirmo que é exatamente o contrário.
O conteúdo de fato foi empanado em relevância pelos serviços infinitos que hoje a internet promove, pelo e-commerce, pelas plataformas tecnológicas anabolizando nossas vidas, pela chegada atropelante dos dados, a ponto de afirmarem que dados é o novo petróleo … e por aí foi.
Mas o fato é que agora está caindo uma ficha (um paralelepípedo, seria a melhor analogia) na cabeça de quem anda pensando um pouquinho mais sobre o assunto, e a constatação é que a publicidade tradicional, intrusiva e pouco interativa, está em cheque, e que as marcas terão mesmo que transformarem-se em criadoras, produtoras e disseminadoras de conteúdo, para construir com suas audiências um relacionamento mais duradouro e íntimo. Ainda que seja pra meter lá no meio uma promoção no ar e vender à pândega. Não tem problema. Mas conteúdo já é agora e seguirá sendo, rei, sim senhor.
Sobre isso é o RIO2C, do qual nós aqui no M&M somos parceiros, evento que começou ontem no Rio e vai até o final de semana.
Acompanhe a cobertura no M&M que tá bem legal.
Mas o ponto aqui é esse. O evento coloca em questão exatamente os pontos que acabo de listar acima. O que é vital ser discutido.
Participei como moderador de um debate ontem (ontem, no RIO2C, foi o dia do mercado publicitário estar presente, com curadoria dos temas feita pelo M&M, sob comando do nosso head of content e editor Jonas Furtado), com a presença da Érika Mello Aredes, Gerente de Marketing da Youse e head of content da companhia; Vinicius Malinoski, Head of Zoo, a área do Google que ajuda anunciantes e agências a criarem projetos de conteúdo e de comunicação em geral; além do Cleber Paradela, Head de Brand Experience da 99 Taxis.
Como você pode ver, só plataformas digitais. Todas elas com estruturas internas de criação, produção e distribuição de conteúdo. Algumas bem parrudas.
É isso. Plataformas digitais acreditando que é esse o caminho para as marcas. As suas próprias e as de seus parceiros. Certamente, o caminho para cativar e reter o consumidor final.
Caminho sem volta, aliás.
Conteúdo é Rei. E será cada vez mais.