Publicidade

O que as startups estão fazendo pelos países emergentes?

MWC desloca o debate e dá palco a empresas e entidades que usam tecnologia móvel para escalar soluções digitais fora dos polos de desenvolvimento

Taís Farias
29 de junho de 2021 - 16h48

Como escalar soluções digitais em países em desenvolvimento? Esse questionamento mobilizou a GSMA, organizadora responsável pelo MWC, a deslocar a discussão sobre tecnologia móvel e conectividade dos grandes polos de desenvolvimento para outras regiões. Atualmente, 5,2 bilhões de pessoas fazem uso de tecnologia móvel no mundo. Para os próximos anos, a estimativa é que esse número cresça puxado pelo desempenho da África e da Ásia. Nos próximos cinco anos, a expectativa é de que 500 milhões de usuários adotem o mobile nessas regiões.

Didier Nkurikiyimfura, Mansoor Hamayun e Max Cuvellier (Crédito: Reprodução)

No entanto, o investimento não acompanha esse dado. Estima-se que apenas 1% de todo investimento mundial é destinado para startups africanas. “Arrecadar dinheiro, obviamente, ajuda a dar escala aos negócios, mas, ao mesmo tempo, ajuda a escalar o impacto”, pontua Max Cuvellier, head de desenvolvimento mobile da GSMA. Em 2021, o Mobile World Congress volta a abrigar o 4YFN, plataforma que busca conectar startups, investidores e grandes corporações para criarem negócios. Com esse contexto, o evento reuniu cinco executivos líderes de entidades e startups que estão trabalhando para levar mais conectividade para países em desenvolvimento. Conheça seus negócios:

Bboxx – Mansoor Hamayun, cofundador e CEO

“Somos uma empresa dedicada a acabar com a pobreza energética. Cerca de um bilhão de pessoas ao redor do mundo não têm acesso à eletricidade. Esse é o tipo de problema que nós estamos tentando resolver. A forma que fazemos isso é instalando painéis solares, baterias e uma ampla gama de aparelhos de eficiência energética. Colocamos planos de pagamento para os consumidores e eles os pagam usando pagamento móvel. Quando o consumidor paga, o sistema funciona. Quando ele não paga, o sistema desliga. Todos os devices são conectados em internet das coisas (IoT) e coletamos bilhões de dados de um grupo de consumidores. Atualmente, fornecemos eletricidade para dois milhões de pessoas, em 12 países da África, e já processamos mais de US$ 50 milhões em pagamento móvel e essa infraestrutura que a Bboox vem administrando para ser bem-sucedida hoje. E pretendemos expandir isso com investimento de US$ 250 milhões para esses lares na África. A parte realmente empolgante disso é que acesso à energia é uma via para todo o tipo de acesso porque resolve esta questão do perfil digital e físico, você pode oferecer serviços adicionais, como seguro e empréstimo bancário. Mais importante, acredito que acabar com a pobreza energética é parte da solução para a pobreza, em geral, e isso é o que realmente motiva a mim e aos meus colegas a continuar nossa expansão”.

Smart Africa – Didier Nkurikiyimfura, chief technology and innovation officer

“Smart Africa é uma iniciativa que teve início há sete anos em Quigali e mais sete estados e que, agora, cresceu para 32 países. É um mercado de mais de 600 milhões de pessoas. É uma iniciativa que tomamos com nossas próprias mãos para acelerar a transformação digital. Porque, como você sabe, a África é composta por 54 países com diferentes níveis de desenvolvimento. E decidimos aproveitar a oportunidade, caminhando juntos, para criar um mercado digital único. A missão da Smart Africa é criar esse mercado digital único com políticas e regulações, mas também aproximar esse mercado, trazendo a iniciativa privada para investir na África e impacto duradouro na vida das cidades, ao criar empregos e bem-estar. Caminhamos em diferentes iniciativas de conectividade, data centers, pagamentos digitais, cidades inteligentes, tecnologias emergentes, mas também nos concentramos no desenvolvimento de mulheres e meninas, para que ninguém seja deixado para trás”.

OKO – Simon Schwall, fundador e CEO

“Na OKO, o que pretendemos fazer é garantir a renda de quem alimenta o mundo. O que queremos com isso é trazer seguro de safra para pequenas famílias em todo o mundo e usamos inovação digital para isso. Usamos pagamentos móveis para conectá-los com seus clientes, usamos dados para analisar o tempo e identificar secas e inundações remotamente e, assim, conseguimos informar nossos usuários sem demora. Atualmente, temos atividades no Mali e em Uganda”.

KaiOS – Remy Trichard, vice-presidente de monetização

“A missão do KaiOS é permitir o acesso à internet por meio de tecnologia móvel. E, para fazer isso, construímos o Kaios, que é nosso produto principal, o sistema operacional líder em smart feature phones. O que são smart feature phones? São exatamente como os antigos celulares candybar, que costumávamos ter nos anos 2000, mas muito bons. Eles têm o mesmo formato, a mesma duração de bateria que nossos smartphones e os aplicativos, como Google Assistant, Facebook, YouTube, WhatsApp, Google Maps. Tudo aquilo que estamos acostumados a usar. Nós já estamos em 150 milhões de devices em 157 países e crescendo. Estamos tentando causar verdadeiro impacto no mundo e nos vemos capacitados para isso. Queremos prover um ecossistema para que as pessoas também possam desenvolver aplicativos que lhes permitam criar seus negócios, casos de uso, prover informação e educação nesses países, que, de outra maneira, não teriam acesso a nenhum outro device acessível para encontrar esses conteúdos”.

Global Innovation Fund – Charlotte Ward, managing director

“O Global Innovation Fund (GIF) foi criado em 2013, como iniciativa bilateral do Reino Unido e dos EUA para encontrar e financiar inovações em países em desenvolvimento, com potencial para melhorar a vida de milhões de pessoas nos lugares mais pobres do mundo. Crescemos e nos tornamos um fundo multilateral que continua a construir novas parcerias. Financiamos mais de 50 inovações e investimos mais de US$ 1 milhão em ampla variedade de setores e geografias. Nosso portfólio continua a crescer. Podemos tomar riscos que agências e governos não poderiam. Isso inclui ser o investidor de uma iniciativa por longo período de tempo. E isso é necessário para investir nas melhores ideias desde o início. Esperamos que nossas inovações mais bem-sucedidas acabem se expandindo para alcançar milhões de pessoas nos países em desenvolvimento”.

Publicidade

Compartilhe

  • Temas

  • charlotte ward

  • didier nkurikiyimfura

  • mansoor hamayun

  • max cuvellier

  • remy trichard

  • simon schwall

  • bboxx

  • global innovation fund

  • gsma

  • kaios

  • oko

  • smart africa

  • acessibilidade

  • Conectividade

  • pobreza elétrica

  • startups

Patrocínio