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Para defender Libra, Zuckerberg volta ao Congresso

Diante de questionamentos sobre problemas de segurança do Facebook, criptomoeda perdeu parceiros importantes como Mastercard, Mercado Livre, PayPal e Visa


24 de outubro de 2019 - 7h52

Do AdvertisingAge

Nessa quarta-feira, 23, o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, esteve no Congresso americano tentando convencer os parlamentares sobre os planos da empresa para uma criptomoeda à luz de todos os outros desafios que a empresa não conseguiu resolver. Durante a última semana, quando o projeto passou a ser questionado sobre garantias de segurança diante dos problemas de privacidade apontados no Facebook, sete das 29 empresas deixaram Libra Association: Booking Holdings, eBay, Mastercard, Mercado Pago, PayPal, Stripe e Visa.

Desde o início do depoimento de Zuckerberg ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara, os legisladores deixaram claro que não estavam apenas perguntando sobre a moeda digital conhecida como Libra, mas sobre se o executivo de 35 anos deveria confiar no tremendo poder que a empresa já acumulou mais de 2,7 bilhões de usuários globais. A presidente do comitê, Maxine Waters, disse que o Facebook deve parar de trabalhar em seu projeto de criptomoeda até que a empresa resolva uma série de outras “deficiências” em outros negócios da plataforma social. “Você abriu uma discussão séria sobre se o Facebook deveria ser desmembrado”, disse a deputada, democrata da Califórnia, a Zuckerberg.

Durante a fala do CEO, muitas das queixas do Congresso sobre o Facebook vieram à tona. Houve perguntas acaloradas sobre a recusa do Facebook em verificar fatos políticos; acusações de exploração infantil desenfreada na plataforma; a mudança do Facebook para criptografia e o impacto que isso teria na capacidade de ocultar criminosos; a preparação da empresa para as eleições presidenciais de 2020; e o que está fazendo para impedir “deepfakes” ou vídeos manipulados.

Zuckerberg prometeu tentar resolver as preocupações dos legisladores, mas também disse que “enfrenta o risco de não inovar”: “Não sei se a Libra vai funcionar, mas acredito em tentar coisas novas”. Ele também reconheceu que foram“ alguns anos dos mais desafiadores para o Facebook”.

O CEO está bem ciente do ceticismo que o projeto de criptomoeda enfrenta, principalmente por causa dos erros cometidos pelo Facebook com relação à proteção da privacidade dos dados. Maxine Waters tem sido uma das principais críticas no Congresso sobre os esforços do Facebook para criar o token digital. Quando a gigante da mídia social anunciou seus planos em junho, ela quase imediatamente exigiu que a empresa interrompesse o desenvolvimento.

Calmantes
Oficiais do governo e bancos centrais da Europa também levantaram preocupações sobre como o projeto protegeria a privacidade dos usuários e impediria que criminosos o usassem para lavar dinheiro. Zuckerberg reiterou que não tem intenção de lançar a criptomoeda sem a aprovação dos reguladores. Embora ele tenha feito a promessa antes, o CEO deu um passo adiante na quarta-feira ao dizer que a plataforma poderia até deixar a Libra Association completamente se o grupo decidir avançar com a moeda sem a aprovação dos reguladores dos EUA. É um cenário improvável, mas a sugestão de Zuckerberg de que o Facebook possa abandonar um projeto tem a intenção de tranquilizar legisladores mais céticos.

O executivo argumentou que, se os EUA não liderarem em inovação, especificamente em áreas como criptomoeda, a China dará um salto à frente. “Não podemos nos sentar aqui e assumir que, como os EUA são hoje o líder, continuará assim se não inovarmos”, disse Zuckerberg.

Mas os parlamentares encontraram buracos no argumento de Zuckerberg de que Libra melhoraria o domínio dos EUA em finanças globalmente. Se fosse o caso, por que Libra precisaria de uma base na Suíça, com uma lista global de membros e precisaria ser apoiada por várias moedas além do dólar americano? Como a moeda funcionaria de fato? E como permitiria transações anônimas ou não-reembolsáveis?

Zuckerberg não teve muitas respostas. O produto Libra ainda é tão hipotético e aguarda acordos entre os membros sobre como ele funcionaria com base na resposta dos governos sobre como planejam regulá-lo. Ele disse que não sabia se outros membros da Libra estavam planejando contribuir com dinheiro para apoiar a moeda e que a ideia de transações anônimas ainda é “uma questão aberta”. A Libra Association, liderada a partir da Suíça, pretendia compartilhar a governança da criptomoeda. O Facebook previa que a Libra fosse incorporada aos vários aplicativos de mensagens da empresa, incluindo o WhatsApp e o Messenger. A empresa acredita que a moeda poderia ajudar a beneficiar seus negócios de publicidade existentes ou criar oportunidades para novos fluxos de receita.

Em defesa à Libra, Zuckerberg levou vários argumentos: ajudaria a reduzir a desigualdade de renda, dando às pessoas — incluindo 14 milhões nos EUA sem acesso a contas bancárias — uma maneira mais fácil, rápida e barata de transacionar dinheiro. Ao mesmo tempo, garantiria a liderança financeira internacional do país, já que Libra seria apoiado principalmente pelo dólar dos EUA, especialmente se a criptomoeda for lançada antes de esforços planejados semelhantes na China.

Mas ficou claro desde o início que Waters e outros estavam preparados para serem duros com Zuckerberg. Segundo os legisladores, por anos, ele disse que o objetivo de sua rede social era “conectar o mundo”, mas essa missão acabou sendo uma estratégia de crescimento a todo custo. Zuckerberg testemunhou pela última vez no Congresso em abril de 2018, respondendo a 10 horas de perguntas sobre como o Facebook permitiu que os desenvolvedores de aplicativos coletassem dados sobre os usuários e como a plataforma foi usada pela Rússia para influenciar as eleições presidenciais de 2016.

*Com informações da Bloomberg

**Crédito da imagem em destaque: Win McNamee/ GettyImages

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