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Perfumaria, cosméticos e higiene: sem crise para a beleza

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Perfumaria, cosméticos e higiene: sem crise para a beleza

Nos altos e baixos da Covid-19, setor estaria entre possíveis prejudicados, segundo estudo Kantar, mas entidade que representa a indústria faz leitura diferente do atual contexto


17 de abril de 2020 - 15h00

Atrair os consumidores à importância dos rituais de cuidados e bem-estar deve ser a busca da indústria de beleza (Crédito: Vadim Guzhva/ iStock)

No início de abril, ao divulgar a 2ª edição do Termômetro de Consumo, estudo global, no qual tem acompanhado os hábitos da população no cenário da pandemia, analistas da Kantar soltaram alertas ao setor de beleza. Isso porque o instituto de pesquisa avaliou que o home office poderia comprometer 21% das ocasiões de uso da cesta de higiene e beleza, muito ligada ao fato de as pessoas se arrumarem para ir ao trabalho ou escola.

Procuradas, as maiores empresas do setor no País evitaram comentar o assunto. Mas a instituição que as representa, a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), tomou a frente. Segundo o presidente executivo da entidade, João Carlos Basilio, em São Paulo e na maior parte do Brasil a quarentena começou na semana de 24 de março e os números da Abihpec ainda não refletem o home office. “No entanto, é importante salientar que diante da pandemia, a intensificação dos hábitos de higiene pessoal – como lavar as mãos com mais frequência com sabonete e utilizar álcool em gel – foi uma mudança percebida no setor, uma vez que o uso desses produtos é essencial para minimizar os riscos de contaminação”, diz.

Informações do Painel Dados de Mercado Abihpec, já apontavam em fevereiro crescimento desses itens – 260% em volume (toneladas) na produção de álcool em gel em relação ao mês equivalente em 2019, chegando a 100 toneladas de álcool em gel consumidos em fevereiro de 2020. “Este crescimento refletiu apenas parte da corrida pelo álcool em gel no mercado brasileiro, considerando 26 de fevereiro de 2020, o dia em que o primeiro caso de coronavírus foi confirmado no Brasil”, destaca Basilio.

Para 2020, a entidade estima que o faturamento de vendas ao consumidor nesse produto crescerá dez vezes sobre 2019, saltando de R$ 100 milhões para R$ 1 bilhão. E faz uma observação interessante sobre os sabonetes: o líquido teve crescimento de 2,5% no primeiro bimestre em volume (toneladas). Mas a categoria de sabonetes como um todo, diz o presidente da Abihpec, ainda tem espaço para crescer no Brasil, pois, em média, cada brasileiro consome um sabonete por mês, o que indicaria uso somente no banho.

Sobre medidas que as empresas do setor poderiam tomar em termos de comunicação e estratégia de negócio para a ameaça de diminuição de consumo resultante das mudanças de comportamento dos consumidores, João Carlos Basílio é taxativo, ao ir contra as estimativas das pesquisas: “Não existe uma ameaça ao consumo de itens do setor em decorrência da Covid-19, pelo contrário, os produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos são essenciais para promoção da autoestima, do bem-estar e, principalmente, para manutenção da saúde física e emocional. Esse é o maior trunfo comunicacional e de negócios das empresas do setor”.

O presidente da Abihpec salienta que não atingimos ainda o auge da pandemia no Brasil, mas se por um lado não estão se arrumando diariamente para ir ao trabalho, por outro lado, as pessoas estão mais criteriosas com a higiene, o que traz um novo cenário ao setor, em que as empresas terão de exercer a criatividade e criar oportunidades trazendo inovação tanto em produtos como embalagens e novos usos. Cita análise da Mintel, segundo a qual, uma das formas de ajudar o humor e os momentos de ansiedade, tristeza e solidão, decorrentes da quarentena, é realizar rituais de cuidados e bem-estar, o que muitas marcas já vêm propondo ao consumidor em suas recentes abordagens de comunicação, principalmente nos canais digitais. “Quanto à inovação, as empresas de cosméticos, por exemplo, têm lançado produtos e ações que proporcionam relaxamento e a desintoxicação digital, por meio de experiências de spa em casa e meditação, enquanto aumentam a conscientização sobre a proteção da luz azul emitida pelos aparelhos eletrônicos”, argumenta Basílio.

 

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