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As tramas da Copa do Mundo de 2014

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As tramas da Copa do Mundo de 2014

Joni Galvão, da The Plot Company, lista os conflitos e os gêneros apresentados até aqui no roteiro do Mundial da Fifa


18 de junho de 2014 - 11h36

Por Joni Galvão

Se tivéssemos o gabarito do bolão da Copa do Mundo, que graça ela teria? Polêmicas à parte, a Copa no Brasil é um momento especial, único, que marcará cada um de nós e nossos filhos de diferentes formas. Alem disso, nós brasileiros, justamente por sermos intensos, polêmicos, viscerais em tudo que fazemos, temos condições de proporcionar todos os elementos de uma boa trama, afinal, sem ela, não existira Copa.

Temos Ato 1, a fase de grupos, Ato 2, as complicações progressivas das eliminatórias e o Ato 3, a grande final.

Todos lutam para serem protagonistas, mas apenas um será. E isso só é “revelado” no apito final. A Copa é quase que um “reality show”, ou melhor, a vida como ela realmente é: ganha quem estiver mais preparado.

Se compararmos com roteiros de cinema, o herói só vence quando a somatória de suas forças for maior que as forças contrárias que tentam impedi-lo de vencer. O melhor de uma Copa é que nunca sabemos quando uma força antagônica vai agir. A Espanha estava preparada? Todos imaginavam que sim até a goleada de 5×1 da Holanda.

Este jogo foi uma sub-trama, como muitas que dão emoção à Copa. Talvez naquele momento a Copa tenha começado de verdade, pois na abertura, a “quermesse” não convenceu!

Uma boa história é repleta de conflitos. Do coro em “homenagem” a Dilma às manifestações. Do descontrole emocional de Pepe, de Portugal, que logo no começo do jogo deu uma cabeçada no estilo “Zidane” no jogador alemão, ao Fred que, com o jeitinho brasileiro se aproveitou do olho fechado do juiz japonês para cair sozinho na área.

E como em toda boa trama, os altos e baixos acontecem. Tomamos um gol da Croácia e viramos. Uruguai fez um gol e tomou uma virada de 3×1 da então insignificante Costa Rica. A Copa começou com um gol contra!

Ao chegarmos no “paredão”, não existe perdão. Se alguém chora é porque alguém comemora. Não existe vitória sem derrota.

E os níveis de conflito que fazem uma boa história são os que alimentam os programas esportivos da TV com jogadores aposentados, Galvão Bueno insistindo em aparecer, Falcão cada dia mais careca, músicos convidados, uma mulher fatal, pra não faltar aquela forma de sedução comum a todas as propagandas brasileiras, e o Pedro Bial, que não perde uma.

Mas o que está na alma de uma Copa é o que está na alma de uma boa história, os Conflitos:

Interno: o homem com ele mesmo. Pepe, Zidane, Baggio, Scolari, enfim, cada um com o seu desafio de controlar a “sombra” que existe em qualquer ser humano. E aqui vale tudo para a auto-estima estar em alta e para fazer, cada um do seu jeito, seu marketing pessoal: do cabelo amarelo do Neymar à camisa de “Jardim Irene” do Cafu.

Local: o homem com outro homem. Jogador com juiz, com técnico, membros do mesmo time, enfim, relacionamentos interpessoais que podem ser o ponto forte, mas podem levar a derrota mesmo com a favorita. Um exemplo de conflito Local é o Cristiano Ronaldo tentando carregar um time medíocre de Portugal.

Global: o homem contra as instituições, e ai, para não nos alongarmos e não polemizarmos o que já foi exaustivamente feito, citamos o exemplo da relação dos jogadores brasileiros com sua torcida. Do amor ao ódio numa fração de segundos. Do olé à vaia. Basta não atender às nossas expectativas, pronto, eles se tornam os vilões.

E os gêneros?

Aventura: Vários jogos decididos nos descontos.

Terror: O massacre Holandês.

Comédia: os comentários de Roberto Carlos (ex-seleção) na Globo, fingindo ser um europeu com sotaque.

Ação: a raça da sempre consistente Alemanha.

Romance: de todos os casais apaixonados que se pintaram para comemorar o dia dos namorados no jogo do Brasil.

• E até o gênero amador: a abertura da Copa.

Independente do gênero, quem será o protagonista que vai deixar os outros como coadjuvantes? Não tem bolão que responda, nem Galvão Bueno que acerte, nem estatística que preveja. Essa incerteza do futebol, surpresas, zebras, revelações, altos e baixos, é que nos engaja e nos emociona.

Todas as polêmicas em torno do evento no Brasil o torna um dos roteiros de Copa do mundo mais dramáticos de todos os tempos e nós, brasileiros, personagens de uma das maiores tramas que estão acontecendo hoje no mundo. E a única certeza que teremos é que esta história que está sendo escrita em tempo real viverá para sempre. Opa, não é isso que você quer para sua marca? 

Joni Galvão (joni@theplotcompany.com) é autor e fundador da The Plot Company

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