Como as marcas estão aproveitando o Brazilcore?

Taís Farias
9 de dezembro de 2022 - 7h12

Coleção cápsula da Brandili leva o Brazilcore para o público infantil (Crédito: Divulgação)

A Copa do Mundo 2022 já está na sua quarta semana, mas existe um tópico que vinha chamando atenção mesmo antes de a bola começar a rolar. Trata-se do brazilcore ou Brazilian Core, Brazil Aesthetic.

A chamada estética brasileira ganhou força com as influenciadoras nas redes sociais, em especial no TikTok, com elementos que remontam os símbolos e a tradição nacional, como o verde e amarelo da bandeira, a camisa da seleção e outros elementos.

A tendência extrapolou os limites do Brasil e conquistou, inclusive, influenciadores internacionais. Um dos símbolos desse movimento é a cantora Anitta em sua apresentação no festival Coachella, nos Estados Unidos.

https://twitter.com/coachella/status/1517733307105955841

Os elementos apontados como responsáveis por alavancar essa tendência são muitos e vão desde o esporte até a política. Desde 2013, a bandeira do Brasil vem sendo usada como símbolo de movimentos políticos, com destaque para a campanha do presidente Jair Bolsonaro, que foi derrotado no pleito de 2022.

Nesse sentido, o uso dos elementos, fora desse contexto, seria uma forma de ressignificar os símbolos nacionais. Outro fator importante para o sucesso do Brazilcore é a Copa do Mundo, que começou em 20 de novembro, e na qual a seleção brasileira tem desempenho reconhecido mundialmente.

relacionado

Budweiser é a patrocinadora mais citada no início da Copa do Mundo 2022

Existe ainda uma terceira hipótese de que, longe da política ou do esporte, a valorização dessa estética estaria relacionada com a indústria da moda e uma valorização dos cortes esportivos e das cores da bandeira, como uma tendência para a estação.

As marcas no Brazilcore

As marcas, claro, não deixaram de aproveitar esse movimento. Por meio de sua linha esportiva ACE, a C&A tradicionalmente cria linhas especiais para a Copa. No entanto, a companhia reconhece a força da tendência. Desde o início de novembro, a venda das peças com as cores da bandeira já vinha crescendo. Em duas semanas, antes mesmo do início da Copa, quase 60% das peças já haviam sido vendidas.

relacionado

Copa do Mundo rende 2,8 milhões de menções nas redes sociais

Atualmente, a palavra “Brasil” é o termo mais buscado no site da marca. As crianças também não ficaram de fora. De olho no sucesso dos influenciadores mirins, a Brandili Têxtil desenvolveu uma coleção infantil cápsula, inspirada na Copa do Mundo, com cinco t-shirts. O head de branding da marca, Jefferson Back, conta que o potencial da tendência foi identificado já no início do ano e que o timing do lançamento contou com estudo e projeções.

O executivo vê futuro para o Brazilcore mesmo depois da Copa. “Acreditamos que a tendência deva seguir após a Copa, independentemente dos resultados dos jogos. O Brasilcore vem se mostrando forte há tempo, da mesma forma que o Blokecore domina o mundo da moda no exterior. A moda é dinâmica, então ela se adapta a todo instante”, aponta Back.

A executiva da marca esportiva da C&A, Priscila Malta, concorda: “A Copa do Mundo neste ano acontece às vésperas do verão brasileiro e das tradicionais férias de janeiro. Esses são meses que naturalmente apostamos em looks mais coloridos e confortáveis, além de ser a estação em que praticamos mais esportes. Por todos esses fatores – e, claro, com a possibilidade de título do Brasil – acreditamos que a tendência deve seguir em 2023”.