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NFL enfrenta desafios com público feminino
Apesar de promover um evento anual para incentivar a liderança de mulheres no esporte, liga não debate próprios problemas sobre o tema
Apesar de promover um evento anual para incentivar a liderança de mulheres no esporte, liga não debate próprios problemas sobre o tema
3 de fevereiro de 2018 - 11h22
Por Igor Ribeiro*
Ao contrário de seu irmão inglês mais velho, o rugby, que há muito tempo integra mulheres de forma mais orgânica (tanto no esporte em si como nos negócios agregados), o futebol americano começou tardiamente a dar a atenção apropriada ao assunto. Tanto que de suas três ligas profissionais nos EUA, a mais conhecida e mais coberta pela mídia é a LFL, que nasceu como Lingerie Football League e em 2013 mudou o primeiro “L” para “Legends”. O que não mudou, no entanto, foram os times de mulheres de lingerie e equipamento de futebol americano que se enfrentam numa produção em que o showbiz sexy tem parte igual ou até maior do que valores esportivos em si.
Há mais ligas de futebol feminino no país. A mais avançada, a Women’s Football Alliance, foi criada em 2009 para oferecer perspectiva profissional a atletas universitárias e, hoje, tem mais de 60 times filiados. Mesmo assim, a WFA sofre para atrair público, patrocinadores e atenção da mídia. Como as ligas americanas funcionam como empresas, a concorrência costuma ser acirrada e, mesmo a poderosa National Football Liga (NFL) ainda não observou uma estratégia de negócio para criar uma liga feminina em seus termos. Por outro lado, o torneio vem enfrentando muitos problemas relacionados à forma como lida com mulheres.
O festival de marcas na cidade do Super Bowl
Além dela, passaram pelo palco mulheres respeitadas no mundo do esporte, como a apresentadora e narradora da ESPN Beth Mowins e a repórter da NBC Michele Tafoya; empresárias de sucesso, como Johanna Faries, vice-presidente de marketing da NFL, e Kevin Warren, COO dos Vikings; a senadora democrata do Minnesota Amy Klobuchar; e a atriz, produtora e diretora Issa Rae. Todas testemunhas ou donas de histórias inspiradoras para outras mulheres e para fomentar a discussão de igualdade de gêneros em esportes e tantos outros temas.
Só nos Estados Unidos, mulheres representam, afinal, 45% da base de fãs de futebol americano. Apesar disso, só 36% estão representadas nas carreiras profissionais da NFL e apenas 20% em posições de liderança, como Johanna. É importante lembrar que a liga vinha recebendo, há muitos anos, apoio de anunciantes cujos intervalos comerciais eram repletos de mensagens machistas. Esse ímpeto diminuiu e até se inverteu nos últimos três anos, em consonância ao movimento feminista mundo afora.
Por outro lado, tem sido reincidente casos de jogadores acusados de assédio sexual e violência doméstica. Nos “drafts” do ano passado — janela de contratação de talentos das universidades –, a NFL não se importou em indicar diversos atletas com queixas de assédio sexual ou físico por parte de ex-namoradas ou mulheres com as quais se relacionaram. Isso mesmo após grande controvérsia envolvendo profissionais da liga, especialmente em 2015 e 2016.No palco do histórico teatro Pantages, em Minneapolis, essa conversa não veio à tona e problemas relacionados ficaram em segunda dimensão. Fosse pelos presentes no Women’s Summit, fosse pela mídia especializada e atenta aos deslizes da liga americana, segue a impressão de que a NFL ainda deve à causa muito mais do que um fórum anual na semana do Super Bowl.
*O jornalista viajou à convite da ESPN.
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