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Marketing

Startups colaboram com marcas para evitar o desperdício de alimentos

Enquanto a Food To Save surgiu como uma proposta de utilização das excedentes de produção de restaurantes, o Aiqfome lança uma plataforma de estudos sobre o tema para empreendedores


21 de outubro de 2024 - 6h00

Desperdício de alimentos é um dos principais dilemas do Brasil e existem startups querendo mudar essa realidade

Mais de 161 milhões de toneladas de alimentos são produzidas anualmente, porém, 55,4 milhões viram alimentos desperdiçados (Crédito: Divulgação)

Na quarta-feira passadas, 16, foi comemorado o Dia Mundial da Alimentação, data criada pela ONU, que instiga as pessoas a repensarem não apenas o que comem,  mas aquilo que deixam de comer. De fato, o desperdício de alimentos é um dilema para qualquer empreendedor de estabelecimentos culinários pelo mundo. Por isso, startups têm utilizado tecnologia para conectar marcas, ONGs e consumidores que tentam combater o desperdício.

Tendo sido adquirida pela Magalu em 2020, o aplicativo de entregas Aiqfome lançou o Menu com Substância. Em parceria com a startup Comida Invisível, os lojistas vão ter a oportunidade de transformar o que era desperdiçado em potencial fonte de receita. Segundo Marcelo Fernandes, diretor de marketing do Aiqfome, para engajar os donos de estabelecimentos é preciso trabalhar estratégias que envolvam o caixa desses negócios. Além de chefs, como Derek Wagner e Edson Leite, para ensinar modos de preparo com menores índices de desperdício, o McDonald’s também vai ensinar as boas práticas em ESG em redes de fast food.

Do grão ao pão, como evitar o desperdício?

Também em parceira com o McDonald’s, a Food To Save trabalhou com o Instituto Ronald McDonald’s e o Instituto Ayrton Senna durante a 36ª edição do McDia Feliz. No principal evento beneficente da rede de fast food, toda a renda obtida com a venda do Big Mac é revertida em prol do combate ao câncer infanto-juvenil. Em 2024, parte das doações também foi destinada para a reconstrução das famílias atingidas pelas mudanças climáticas no Rio Grande do Sul. Além de disponibilizar dois mil vouchers pelo aplicativo, a Food To Save criou um layout exclusivo para as cem mil sacolas-surpresa que seriam usadas para a entrega.

Por meio da tecnologia, a Food To Save trabalha como uma ponte entre estabelecimentos que possuem excedentes de produção e clientes engajados com o consumo consciente. De restaurantes e padarias até supermercados e marcas de alimentos, como Nestlé e Kicaldo, os consumidores têm acesso a até 70% de desconto em itens próximos do vencimento ou que estão fora do padrão de venda.

Qual o volume de desperdício de comida no Brasil?

Segundo o CMO e cofundador da Food To Save, Murilo Ambrogi, a proposta da empresa é combater o desperdício de alimentos no Brasil. De fato, no País, mais de 161 milhões de toneladas de alimentos são produzidos anualmente, porém, 55,4 milhões são desperdiçados. Em estimativa do Mapa da Fome e do Desperdício de Alimentos no Brasil, 84% desse desperdício se concentra nas fases de produção, transporte e armazenamento.

Desde de sua fundação em 2021, a Food To Save conseguiu resgatar quase três mil toneladas de alimentos e já comercializou mais de três milhões de sacolas-surpresa pelo País. Já tendo realizado parcerias com marcas, como Nestlé e Hellmann’s, recentemente, com a Kicaldo, a startup criou uma loja própria no Food Market, espaço em que os consumidores têm acesso aos estabelecimentos participantes. “Essas parcerias demonstram que as empresas do setor alimentício estão cada vez mais interessadas em encontrar soluções que minimizem o desperdício e ajudem o planeta”, diz Ambrogi.

Enquanto com Kicaldo, a Food To Save compilou uma conjunto de receitas de como reaproveitar o feijão, a empresa fez uma parceria com a Receitas Nestlé para orientar o dia-a-dia na cozinha das famílias. A foodtech também é parceira da GoodTruck, que auxilia na alimentação de qualidade para famílias que vivem com algum grau de insegurança alimentar. Em 2022, o Brasil registrou 33,1 milhões de pessoas com fome ou insegurança alimentar grave, indicador que cresceu 73% desde 2020, período da pandemia de Covid-19.

Da cozinha ao impacto social

“Existe um ruído no mercado que confunde o desperdício de alimento com as sobras da comida pronta, mas não é só sobre isso. É sobre como otimizar o uso de ingredientes ou formas de preparo. Um exemplo clássico é a bundinha do tomate, que é uma parte que não é valorizada e é jogada fora. Por que não armazenar a bundinha do tomate e fazer um molho? Uma coisa que parece simples para o dono do restaurante, que está lá na correria, não é tão simples”, explica Fernandes, do Aiqfome.

Pela aba Educa, no site do Comida Invisível, os gerentes de restaurantes vão ter acesso a um acervo de receitas que retrabalhem certas partes dos alimentos. Ao mesmo tempo, a plataforma vai oferecer aulas sobre gestão de negócios e otimização da produção. Na medida que esses estabelecimentos concluírem esse processo e aplicarem as novas práticas, eles serão destacados em uma página própria dentro do aplicativo de delivery.

Em campanha recente, a Aiqfome reforçou seu compromisso com parceiros regionais e cidades do interior.

Valorização do regional

Além disso, no aplicativo, os usuários vão ter acesso aos pratos com alimentos reaproveitados e descontos exclusivos. Esse programa, conta Fernandes, dialoga com reposicionamento adotado pela empresa no começo do ano, em que reforçava o compromisso com os parceiros. Por se concentrar em cidades do interior do Brasil, estando presente em mais de 230 locais no Sudeste, o Aiqfome trabalha em um modelo de franquia. Nos estados de São Paulo e Minas Gerais, por exemplo, são 113 e 105 cidades associadas, respectivamente.

Na prática, uma pessoa em uma cidade remota pode ativamente cadastrar os estabelecimentos, tanto culinários quanto mercados e farmácias, no aplicativo e receber uma porcentagem por essa parceria. Porém, o trabalho com marketing e influenciadores também acontece em parceria com esse franqueado, sendo de sua responsabilidade essa busca por influenciadores locais. “Não quero nunca que as pessoas peçam um Aiqfome, mas peçam os pratos daquela loja daquela cidade pelo Aiqfome. Sou um marketplace, não quero transformar todo mundo em dark kitchen, somos contra o monopólio. Nós queremos valorizar nossos parceiros”, explica o executivo sobre o posicionamento da empresa.

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