YouTube faz balanço da pandemia e projeta 2021
Plataforma divulga dados de consumo durante a pandemia e anuncia projetos comerciais e novas produções originais
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Thaís Monteiro
5 de novembro de 2020 - 18h55
Na sexta edição do Brandcast, evento anual do YouTube para agências e anunciantes, o Porta dos Fundos apresentou virtualmente dados de audiência da plataforma nos últimos meses, suas novas produções originais no Brasil, formatos e projetos comerciais que a rede de vídeos prepara para o restante de 2020 e 2021.
O grupo, representado durante a transmissão por Noemia Oliveira e Rafael Portugal, foi eleito para apresentar o evento através do Porta dos Outros, sua unidade de criação de conteúdo para marcas e o fez a partir de esquetes com outros 19 criadores de conteúdo que publicam no YouTube. Enquanto isso, a R/GA foi responsável por criar o conceito criativo, fazer a produção e pós-produção dos conteúdos da plataforma do Google.
Nesta edição do Brandcast, o YouTube apresentou a primeira edição da pesquisa Why Video, que foi realizada remotamente no Brasil e em demais países que a plataforma opera, com o objetivo não só de coletar dados sobre o consumo de vídeos, mas também fazer um panorama das mudanças de hábitos ocasionadas pela pandemia do novo coronavírus. O estudo foi realizado em agosto pela Talkshoppe com cerca de dois mil entrevistados de 18 a 65 anos no Brasil. A intenção da empresa é continuar realizando a pesquisa ano a ano para ter uma série histórica e, assim, poder traçar comparativos entre os momentos vividos e países onde o estudo foi rodado. Em um primeiro momento, o YouTube trabalhará esses dados e o posicionamento da plataforma localmente, diz Samuel Moreschi, research & insights maganer do Google.
De acordo com o relatório, 2020 foi o ano em que o YouTube alcançou o topo das plataformas que os consumidores dizem não conseguir viver sem. Durante a pandemia, 91% dos entrevistados confirmaram ter aumentado seu tempo de navegação do canal e 54% afirmaram que vão passar a usar ainda mais a plataforma. O período não só representou um aumento do fluxo para o YouTube como um todo, mas os canais também cresceram em inscrições — 1.800 perfis já contam com mais de um milhão de seguidores.
O benefício de estar presente na plataforma também se refletiu para as marcas, que se viram obrigadas a repensar sua estratégia de comunicação por conta das medidas de restrição social e viram no digital uma forma mais fácil de entrar em contato com parte de seu público alvo. Segundo o YouTube, os usuários responderam positivamente a esse investimento no digital: 44% procuraram ou pesquisaram marcas e produtos pela primeira vez na plataforma durante a pandemia e pretendem manter esse comportamento no futuro; 36% usaram o YouTube para assistir reviwes de produtos; 87% fizeram uma aquisição depois de assistir a um vídeo na plataforma; e 62% opinaram que os anúncios os tornaram mais propensos a considerar uma marca ou produto.A plataforma também esteve envolvida na adaptação das marcas para o digital. O YouTube, através do do seu programa Creators Conect, que auxilia as marcas na busca de criadores de conteúdo, participou na criação do projeto “Eu Experimento pra Você”, da C&A, em que as criadoras Bruna Gomes, Camilla de Lucas, Joyce Kitamura, Maíra Medeiros (do canal Nunca Te Pedi Nada) e Niina Secrets experimentaram roupas da marca para melhor auxiliar as consumidoras a saber a modelagem das roupas digitalmente. A TIM também elegeu o YouTube como a plataforma para estrear a campanha que anunciou sua parceria com o C6 Bank e Iza como sua nova embaixadora.
Neste período, o YouTube ainda ganhou novas funções no dia a dia do usuário e reforçou outras. O público recorreu à rede para relaxar (caso de 79% dos entrevistados) e a média global de visualizações diárias de vídeos para meditação cresceu 40% desde 15 de março em comparação ao início do ano. Segundo dados internos da plataforma, vídeos de exercicio com termos “em casa” e “sem equipamento” foram visualizados 190 milhões de vezes no Brasil entre março e setembro.
Novos pilaresNa mesma leva que os vídeos de exercícios sem equipamento, alguns dos vídeos que ganharam mais visualização em foram os que continham no título “para iniciantes” (280 milhões de visualizações), receitas “fáceis” (1 bilhão de visualizações) e “horta”, “cultivo”, “plantas” e “em casa” (16 milhões de visualizações) no Brasil entre março e setembro.
Em resposta a essa demanda, o YouTube lançou em julho o hub Aprender, com produções sobre biologia, educação financeira, carreira, desenvolvimento pessoal, artes, literatura e vídeos de DIY (“faça você mesmo”, em português) para incentivar a curiosidade do público.
Distribuidor das grandes lives, o YouTube também ganhou mais força no seu braço do entretenimento. Metade dos usuários usaram a plataforma para ver eventos ao vivo, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Google Consumer Survey com 1.007 entrevistados entre 18 e 54 anos em junho de 2020. No Brasil, a live mais vista foi a de Marília Mendonça, em 8 de abril, que uniu três milhões de visualizações simultâneas.Além da pandemia, 2020 foi um ano em que o debate sobre causas sociais e preconceitos ganhou mais espaço e, no campo social, quatro em cada dez entrevistados da Why Video disseram acreditar que o YouTube é uma plataforma para lutar contra o preconceito.
“A pesquisa traz para gente a perspectiva de um lado humano do YouTube, com papel ativo na educação e capacitação; uma plataforma de descoberta e de suporte. Ele também desperta para uma realização de ideias e sonhos quanto temos 8 em cada 10 participantes que falaram que o YouTube ajudou suas ideias se tornarem realidade. O consumo de vídeos também cresceu e isso tende a permanecer para depois da pandemia. O que observamos é que reforçamos territórios que já atuavávamos antes”, contextualiza Moreschi.
Formatos publicitáriosTambém este mês, a rede realiza o Show da Black Friday, uma espécie de ação live commerce idealizado pela Play9 e realizado com o YouTube e a Dia Estúdio, em 26 e 27 de novembro com apresentação de Felipe Neto, participação de outros influenciadores e patrocínio máster da Americanas, que esteve na edição de 2019, quando o evento virtual atingiu cinco milhões de espectadores únicos. A Americanas ainda realizará uma ação de live commerce para o Dia dos Solteiros, celebrado em 11 de novembro.
“Outras industrias entenderam a importância desse formato e estamos apostando muito nesses projetos. Oferecemos pacotes, mas muitas vezes o anunciante se propõe a realizar um live shopping”, conta Alessandra Gambuzzi, head de packages, Creators Connect, upfronts and reserve products do Google Brasil.
Outros projetos envolvem games, como foi feito com a transmissão da final do Campeonato Mundial 2019 de Free Fire, que acumulou 1.133.327 usuários únicos; esportes, como a disputa entre Flamengo x Portuguesa transmitida pelo canal do Flamengo ao vivo do Maracanã em março, que contou com a audiência de 993.385 usuários únicos; e educação como o Aulão para preparação do Enem.“Educação cresceu bastante ao longo dos anos, inclusive como entrega. Algo bem tradicional é o Aulão dentro do YouTube e fazemos intensivo para preparar para o Enem, trouxemos mais pautas focados em carreiras, por conta da crescente na busca de outras profissões e este ano trouxemos conteúdos novamente para o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja), que foi adiado. É uma pauta bem forte dentro da plataforma”, coloca Gambuzzi.
Sobre o cenário de games, a executiva acredita que as marcas têm muita vontade de criar conexão com o público e dominar os games, mas antes precisam entender onde aturar e participar da conversa. As marcas precisam entender onde querem atuar e precisam de mais auxílio de parceiros.
Para Alessandra, a pandemia foi um período propício para uma maior troca da plataforma com as agências e anunciantes e para a criação de soluções novas para uma comunicação mais autêntica com o usuário. Além disso, ela acredita que o momento permitiu que produções mais simples (com o celular ou então animações), porém relevantes, tivessem protagonismo e gerassem resultados.Produções originais
Na edição passada do Brandcast, o YouTube apresentou as primeiras produções originais no Brasil. Este ano, a plataforma anunciou novas temporadas para alguns dos projetos que estrearam entre o final de 2019 e em 2020, como o reality show Próxima Parada, de Whindersson Nunes, e a animação Galinha Pintadinha Mini.
Uma das novidades é o documentário The Beat Diaspora, com produção da Kondzilla, que destaca os gêneros musicais do Hemisfério Sul por meio da conexão e influência da Afrobeat e a partir de artistas influentes de cada gêneros e que inspiraram esse movimento musical. A produção estreia no quarto trimestre de 2021.
O reality show Futuro Ex-Porta, do Porta dos Fundos, para eleger um novo integrante ao grupo, estava previsto para ser lançado este ano, mas teve sua produção paralisada pela pandemia. Assim, a primeira temporada está prevista para ganhar a plataforma no quatro trimestre de 2021.
A segunda temporada de Whindersson Nunes – Próxima Parada estreia no segundo trimestre de 2021 e, diferentemente da primeira temporada, desta vez o comediante viaja com seus amigos por locais turísticos e escondidos em diversas regiões do Brasil para conhecer o País e pessoas ao longo do caminho. Já a terceira temporada de Galinha Pintadinha Mini, que será lançada no terceiro trimestre de 2021, mostra os personagens enquanto crianças lidando com educação saudável e diversificada e trabalhando temas como curiosidade, trabalho em equipe, compaixão, autocontrole e empatia.
**Crédito da imagem no topo: Christian Wiediger/Unsplash
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