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Mídia

YouTube exibe filmes de cinema pagos por anúncios

Neste primeiro momento, plataforma não conta com grandes produções, mas especialistas ouvidos pelo AdAge afirmam que serviço deve crescer de forma acentuada


19 de novembro de 2018 - 14h06

Por Garret Sloane, do Ad Age*

Crédito: reprodução

O YouTube começou a disponibilizar filmes de cinema gratuitos com intervalos comerciais nos Estados Unidos pela primeira vez. A movimentação começou em outubro e foi discreta, incluindo títulos como o Exterminador do Futuro e Legalmente Loira.

A plataforma começou a promover a opção em seu site, de forma paralela ao aluguel de filmes e shows, prática já consolidada há anos. Consumidores podem comprar os últimos sucessos e programas de TV pelo YouTube da mesma forma que é possível no iTunes e no Amazon Prime, mas nunca houve uma opção gratuita em troca de visualização de comerciais.

“Vimos essa oportunidade baseada na demanda do usuário, além de oferecer apenas filmes pagos, afirma Rohit Dhawan, diretor de gerenciamentos de produto do YouTube. “Isso representa também uma boa oportunidade para anunciantes”, diz.

Dhawan não abre os termos financeiros entre a plataforma e os estúdios, tampouco como a receita é dividia entre eles. O YouTube entrega anúncios em filmes vindos da mesma demanda de publicidade que percorre a plataforma como um todo, que conta com 1,9 bilhão de usuários ativos mensais.

Eventualmente, isso poderia ser um caminho para que anunciantes patrocinassem filmes específicos, dando ao usuário cenas complementares e conteúdos adicionais, segundo Dhawan. Entretanto, isso depende muito da forma que os estúdios irão evoluir seu negócio buscando as novas janelas que o streaming está abrindo. Normalmente, filmes estreiam nos cinemas, são disponibilizados em DVD, chegam à TV e o lugar do digital nessa caminhada ainda está em aberto.

Isso provavelmente seja a razão do porquê há apenas cerca de cem filmes disponíveis de forma gratuita na plataforma, e muitos ainda são produções medianas. Há alguns clássicos, também, como Rocky, por exemplo. Entretanto, Dhawan afirma que a lista vai aumentar.

O mercado de filmes pagos por anúncios está crescendo com empresas como Tubi, que tem um aplicativo distribuído em smart TVs. Há também o Vudu — um aplicativo do Walmart de distribuição de programação televisiva. E a Amazon está desenvolvendo um aplicativo similar, segundo anunciantes familiarizados com o assunto, que falaram em condição de anonimato ao AdAge.

“Vídeo suportado por anúncios é um mercado enorme”, afirma Fargad Massoudi, CEO do Tubi. “Há muito potencial para consumidores e eu espero que todas as grandes empresas entrem de cabeça em algum momento”.

A Walt Disney Co., por exemplo, é uma rede de televisão tradicional se preparando para lançar aplicativos de streaming de vídeo, alguns com expectativa de anúncios comerciais. Hulu é outro grande player nesse mercado. O YouTube tem investido em programação original, alguns com suporte de anúncios, enquanto parte disso é desenvolvido para os pagantes dentro da plataforma. Nessa modalidade, não há anúncios.

A empresa precisa oferecer mais conteúdo premium para os anunciantes, que se mantêm preocupados que suas peças sejam veiculadas antes de conteúdos nocivos dentro da plataforma. Ano passado, o YouTube passou por um exame completo após grandes marcas serem alertadas que seus anúncios estavam sendo transmitidos ao lado de vídeos ofensivos, alguns com propagandas terroristas e discurso de ódio, por exemplo. Anunciantes também descobriram que o programa chamado Google Preferred, que deveria dirigir anúncios apenas para os melhores vídeos do YouTube, estava repleto de conteúdo de qualidade questionável.

O Google, que é dono do YouTube, vem tentando manter uma rédea curta em como entrega os anúncios dentro de suas plataformas, ao mesmo tempo em que mantém um inventário seguro – que poderia ser encontrado em filmes de Hollywood.

“Isso é uma oportunidade de negócios gigante”, afirma Massoudi. “Conteúdo de baixa qualidade e pouca produção é predominante na internet, e anunciantes tem visto muitos problemas com isso. Eles não querem estar associados a esse tipo de conteúdo”. Cada vez mais pessoas estão assistindo ao YouTube em smart TVs, onde filmes gratuitos poderiam ser uma oferta bem-vinda. Quase 20% do que é reproduzido na plataforma é visto em televisores, segundo uma estatística recente divulgada pela empresa, e isso tem crescido. Recentemente, o YouTube passou a comercializar anúncios apenas para quem assiste a algo via TV.

O YouTube tem uma vantagem sobre muitos de seus rivais por conta da possibilidade de fazer targeting com todos os dados disponíveis no Google. Ele pode oferecer um anúncio de TV para um produto, baseado em mensurações disponíveis apenas no ambiente digital, segundo Tal Chalozin, chief technology officer da Innovid. “Eles agora são uma rede de TV”, afirma Chalozin. “Eles podem trazer audiência e distribuição. E com uma programação melhor, eles podem aumentar o preço dos anúncios”.

 

*Traduzido por Salvador Strano

**Crédito da imagem no topo: Freestocks/Pexels

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