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Opinião

A busca constante pela hiperconectividade

O padrão 5G NTN apresenta alguns desafios, como conseguir garantir a coordenação entre as redes aéreas e terrestres, que podem ter diferentes arquiteturas e regulamentações


29 de fevereiro de 2024 - 18h30

Em um mundo onde 80% de sua superfície não possui qualquer cobertura móvel e há apenas 4 milhões de dispositivos conectados, sabemos que há muito a ser feito com relação à conectividade. Para você que está lendo esta coluna, é impensável a vida sem Internet para se comunicar, se informar e trabalhar, mas há milhões de pessoas que não têm acesso a isso.

Como resolver esta questão, preservando o investimento já realizado pelas operadoras e pelos usuários? No painel “Tech Me to the Moon: The NTN Domain”, no MWC, foram apresentadas soluções em cima do padrão 5G NTN, que compreendem:

• Conectividade 5G para a Internet das Coisas (IoT) em áreas remotas ou de difícil acesso, usando satélites de baixa órbita (LEO) no padrão 3GPP NTN NB-IoT no Release 17.
• Conectividade Backhaul para infraestrutura terrestre: essa já é uma solução mais madura e que cada vez se faz mais necessária, principalmente com a popularização das redes privadas em locais de falta de infraestrutura.
• Conectividade de chamadas de voz, mensagens de texto e, no futuro, de dados sem necessidade de troca de SIMCARD ou mesmo do smartphone.

O padrão 5G NTN (Non-Terrestrial Networks) é uma tecnologia de comunicação sem fio que usa satélites e drones para fornecer conectividade em áreas remotas ou desafiadoras, onde as redes terrestres não são viáveis ou suficientes. Ele faz parte do ecossistema 5G, que visa oferecer serviços de alta velocidade, baixa latência e alta confiabilidade para diversos cenários e aplicações.

O padrão utiliza satélites e drones como estações base aéreas, que se comunicam com as estações base terrestres e os dispositivos dos usuários por meio de ondas de rádio. Os satélites e drones podem operar em diferentes órbitas e altitudes, dependendo da cobertura e da capacidade desejadas. O padrão 5G NTN permite integrar as redes aéreas e terrestres, aproveitando as vantagens de cada uma, como a flexibilidade, a mobilidade, a resiliência e a abrangência.

Uma das vantagens é expandir a conectividade para áreas onde as redes terrestres são limitadas ou inexistentes. Ele ainda pode prover serviços de emergência em situações de desastres naturais, conflitos armados ou ataques cibernéticos, onde as redes terrestres podem ser danificadas ou comprometidas. Ele pode ainda complementar as redes terrestres em áreas urbanas ou densamente povoadas, onde a demanda por dados é alta e a capacidade é escassa, melhorando a qualidade e a eficiência do serviço.

O padrão 5G NTN apresenta alguns desafios, como conseguir garantir a coordenação entre as redes aéreas e terrestres, que podem ter diferentes arquiteturas e regulamentações, resolver as questões de alocação, compartilhamento e proteção do espectro de rádio, que é um recurso escasso e disputado entre os diferentes operadores e serviços.

Penso que a conectividade de chamadas de voz e mensagens de texto sem a necessidade de troca de SIMCARD ou smartphone foi a maior evolução que pude ver nos últimos anos no campo do 5G NTN, pois até então a necessidade de acoplamento de um rádio adicional ao dispositivo era obrigatória.

Pulando da discussão em Barcelona para a realidade do Brasil, um país continental com vastos espaços sem qualquer tipo de cobertura móvel, posso dizer que o 5G NTN é uma grande oportunidade. Ele pode resolver casos de emergência pessoal em locais remotos, fazer o tracking contínuo de cargas valiosas, possibilitar a conexão de aviões, navios, caminhões, entre outros.

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