Beatles além da música: a força de uma marca
Além de construir legado criativo profuso, o grupo se transformou em máquina de fazer negócios, até hoje
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14 de fevereiro de 2025 - 6h00
É inquestionável que os Beatles se estabeleceram como referência da música e da cultura pop. Mas esse texto aqui quer falar de outro aspecto: sobre como se consolidaram em marca global e criaram modelo de negócio que influencia o mercado de entretenimento até hoje.
Em menos de uma década de carreira, a banda construiu uma marca forte e longeva, e muito se deve ao seu pioneirismo. Desde a criação da identidade visual, passando pela forma de se conectar com o público em entrevistas, filmes, turnês e pelo cuidado nos detalhes, como cortes de cabelo e, roupas, até a ideia ainda inexplorada de lançar de produtos de merchandising, como bonecos, camisas e o licenciamento de suas músicas para uso comercial.
Outra fortaleza na construção global da marca foi a percepção do poder dos meios de comunicação disponíveis à época. Foram eles que gravaram os primeiros clipes promocionais de músicas. Essa estética foi o embrião dos videoclipes. A banda bateu recordes de audiência em exibições ao vivo em canais de televisão e foi a estrela do primeiro programa transmitido via satélite para todo o mundo, com a execução, ao vivo, da música All You Need is Love, composta por John Lennon especialmente para o evento.
Ao longo da curta carreira, além de construírem legado criativo profuso, se transformaram em máquina de fazer negócios. Embora, eventualmente ainda existam rusgas entre membros da banda, executivos e herdeiros da marca, a estrutura empresarial, liderada pela Apple Corps, manteve o legado criativo e inovador da marca Beatles.
Desde o fim oficial da banda, em 1970, os Beatles lançaram as coletâneas vermelha e azul (1973), além de álbuns como “Rock’N’Roll Music” (1976), “Hollywood Bowl” (1977) e a coleção “Past Masters” (1988). A revitalização para novas gerações começou em 1994, com “Live at BBC”, precursor do projeto “Anthology” (1995), que incluiu três álbuns duplos, livro, documentário com 11 horas e duas músicas inéditas: “Free as Bird” e “Real Love”.
O projeto “Anthology” foi sucesso comercial, com oito platinas e milhões de cópias vendidas, impulsionando novos projetos. Em 2000, foi lançado o álbum “One”; em 2006, o espetáculo “Love”, em parceria com o Cirque du Soleil; e, em 2009, o jogo “The Beatles: Rock Band”. Edições comemorativas dos álbuns “Sgt Pepper’s” (2017), “White Album” (2018) e “Abbey Road” (2019) reforçaram o legado.
Em 2021, a inteligência artificial (IA) entra na história da banda. Para a realização do documentário Get Back (Disney+), o premiado diretor Peter Jackson usou tecnologia baseada em machine learning para restaurar as imagens, reduzir ruídos e separar os áudios dos vídeos. Essa tecnologia possibilitou, dois anos depois, isolar a voz de John Lennon na demo de Now and Then, música inédita da banda, lançada em 2023 e que venceu o Grammy de “Melhor Performance de Rock”, fazendo companhia aos oito já conquistados, e ao Oscar recebido pela melhor trilha sonora original em 1971, pelo LP “Let It Be”.
E a história não acaba aqui: documentário na Disney+ com produção de Martin Scorcese. A Sony, juntamente com o diretor Sam Mendes, anunciou a produção de quatro longas, contando a história de John, Paul, George e Ringo, com estreia marcada para 2027.
Na sua trajetória, os Beatles cumpriram a “jornada do herói”, da banda que saiu do subúrbio de Liverpool para o topo do mundo. Defenderam propósitos, causas, criaram tendências, foram inovadores, arriscaram o uso de novas tecnologias. Sedimentaram a base para que a marca também possa fazer novas associações, lançar produtos, criar projetos e permanecer global e atual.
Enquanto aguardo a criação do Parque dos Beatles (já imaginou?), com experiências imersivas baseadas nas músicas, montanhas russas e espetáculos criados por IA, vou ouvindo aqui meu vinil do Abbey Road na vitrola.
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