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“Ele só pode estar louco”

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Opinião

“Ele só pode estar louco”

Minha possível loucura me deixou bastante desconfortável


9 de setembro de 2020 - 18h18

(Crédito: Eoneren/istock)

Antes da pandemia e do isolamento social, era muito comum que pais de filhos em idade pré-escolar dedicassem seus finais de semana a festinhas infantis. Logo que fundamos a Dojo, estive num desses encontros sociais promovidos por conta da criançada, e o papo que tive numa rodinha de pais do mercado publicitário me motivou a organizar os pensamentos que trago aqui.

Entre a tirolesa e a coxinha, um dos amigos com quem eu estava conversando comentou entre muitas risadas “o Toledo montou uma nova agência, ele só pode estar louco”.

ELE SÓ PODE ESTAR LOUCO!!!

Essa frase ficou ecoando na minha cabeça durante dias e dias. Será que eu realmente estava louco? Porque empreender num mercado que já teve Fabio Fernandes, Washington Olivetto, Nizan Guanaes e Marcelo Serpa poderia soar até como uma ofensa.

Será que eu estava no caminho certo? Será que era a hora de montar uma agência? E se eu estivesse viajando? Será que eu cheguei tarde à festa? Será que foi um movimento confortável sob a ótica de “só sei fazer isso da vida mesmo”? Será que as agências vão acabar?

A minha possível loucura me deixou bastante desconfortável, e olha que começar um negócio já te tira de qualquer possível zona de conforto. Mas havia algo no processo que eu nunca havia sentido e que talvez pudesse ser a resposta para as minhas dúvidas.

Quando a minha mãe foi visitar a agência, um belo prédio em frente ao Parque do Ibirapuera, ela me deu parabéns, disse que estava feliz, mas preocupada. Eu também estava preocupado. “Será que eu estou realmente louco?”, pensei.

Com 18 meses de agência, já respiro um pouco mais aliviado. E longe de mim ser arrogante, porque dizer isso em meio a uma pandemia pode pegar mal. Mas a verdade é que eu acreditava no negócio que estava abrindo e, hoje, acredito ainda mais.

Como muitos já disseram, realmente ‘não é fácil empreender’. Mas ter as pessoas certas ao seu lado, experiências anteriores para inspirar, uma ideia estruturada e saber no que está entrando, com certeza faz toda a diferença.

Além de tudo isso, há algo no processo que talvez possa ser grande chave: responsabilidade financeira. E isso, digo com tranquilidade, que é um ponto a meu favor, e eu não aprendi a tê-lo depois que optei por empreender.

Eu sempre fui um executivo que tratou todos os lugares onde trabalhei como se fosse meu, inclusive com responsabilidade sobre os recursos financeiros que eram empregados ali. Por exemplo, viajei pelo mundo a trabalho, mas nunca tomei uma água do frigobar. Nunca achei que eu deveria pagar cinco dólares por uma garrafa de 330 ml, quando, com os mesmos cinco dólares, eu poderia comprar cinco litros de água num mercado ou loja de conveniência perto do hotel. Pequenas atitudes como essa me davam um prazer absurdo pelo simples fato de pensar que eu estava fazendo o que era certo.

Os amigos mais próximos sabem que, desde 2000, eu abasteço uma planilha com tudo o que ganho e gasto. Alguns acham que é loucura. Mas eu sinto um grande prazer em ter construído uma disciplina com relação a finanças que me permitem hoje fazer diversas coisas quem há 20 anos, eram inimagináveis para mim.

Em 2020, esse TOC pelos recursos financeiros se mostrou fundamental. Manter a saúde financeira da empresa e a saúde mental dos nossos colaboradores são as chaves para chegarmos ao segundo ano de agência com mais certezas do que quando escolhi empreender.

E sobre a pergunta do começo do texto? Nunca estive mais lúcido do que nos últimos 18 meses. Lúcido, feliz e realizado. Mas isso é tema para um próximo desabafo.

**Crédito da imagem no topo: kmlmtz66/iStock

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