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Superapps e APP Stores: vantagens de um, fraquezas do outro.

Seria a evolução das App Stores para o mundo dos Serviços? Estaria na hora dos Smartphones atualizarem seu conceito de smart?


9 de março de 2020 - 8h00

Por João Carvalho (*)

Comecei a trabalhar com Mobile na época auge do SVA (Serviço de Valor Agregado). Naqueles tempos, Operadoras estavam criando novas formas de monetizar usuários através da venda de conteúdos diversos, que por idos de 2000 e pouco eram os famosos ringtones, wallpapers etc.

Sim, nessa época, Mobile como plataforma vendia “apenas” Conteúdo além de telecomunicação. O mundo dos Serviços, em escala, ainda estava em um horizonte bem distante do mundo Mobile.

Após alguns anos, mais precisamente em 10 de Junho de 2008, a Apple cria sua App Store e inicia um movimento de Lojas de Apps de Fabricantes.

Os phones viraram smartphones e a monetização de conteúdos Mobile, antes restrita às Operadoras, passou para o lado dos Fabricantes, seja através de lojas próprias como Samsung e Huawei, dentre outros, ou através do Google Play, que foi lançando inicialmente como Android Market em Agosto de 2008, virou Google Play em Março de 2012 ao unir a Google Music e a eBook Store, e criou uma loja única para compra de conteúdo para celulares Android de diversos fabricantes.

Apenas como referência sobre números das lojas, em 2019, segundo a App Annie, consumidores do mundo todo gastaram US$ 120 bilhões em aplicativos, assinaturas e outras compras dentro dos apps.

A Apple possui cerca de 1,8 milhões de Apps disponíveis e gerou cerca de U$ 50bi em vendas com U$ 15bi de rentabilidade, já que a Apple Store fica com 30% da receita.

Além dos Apps, as receitas da Apple com outros serviços oferecidos para seus usuários também cresceram nos últimos anos. Veja dados do Tech Crunch aqui.

Mas hoje em dia, além dos Conteúdos, o Mundo dos serviços invadiu os celulares: táxi, comida, farmácia, supermercado, personal trainer, dog walker, massagem, ingressos e muitas outras formas rápidas e fáceis de serviços através de novos Apps e Super Apps.

Mobile avançou e virou um grande Hub de Serviços.

Agora, seguindo o raciocínio e mais números de mercado.

Plataformas de delivery e serviços cobram cerca de 30% sobre o GMV (Gross Merchandise Value) ou, de forma simples, do faturamento gerado via seus respectivos Canais.

Coincidência ou não, o mesmo percentual que iTunes e Google Play cobram como comissão pela venda dos conteúdos nas suas respectivas Stores…

Agora, não sei vocês, mas eu gasto muito mais por mês nos Apps de Serviços, com as diversas possibilidades disponíveis, do que comprando jogos e conteúdos no celular. E se a margem é a mesma, ou parecida, obviamente gero muito mais receita via Serviços do que via Conteúdos.

Mas qual o desafio dos Apps de Serviço? Ganhar escala e o diminuir o CAC (Custo de Aquisição de Cliente). E a vantagem? O ARPU (Average Revenue per User), que em usuários maduros, é maior que o de Conteúdo.

Por outro lado, qual desafio dos Fabricantes? Criar novas fontes de receita que gerem ou fortaleçam o ARPU. E qual a vantagem? Um baixo CAC e grande escala, já que podem pré embarcar Apps e criar formas de engajar usuários de smartphones.

Em resumo, o desafio de um é a vantagem de outro, e vice-versa.

Agora, e se algum grande Fabricante criar ou adquirir um Super App? Ou se um Super App lançar um smartphone? Lembrando que TikTok já lançou o seu. Veja aqui artigo da The Next Web sobre isso. 

Seria a evolução das App Stores para o mundo dos Serviços? Estaria na hora dos Smartphones atualizarem seu conceito de smart?

Os dois mundos têm cada qual seu desafio e muitos movimentos relevantes estão em vias de acontecer. Importante acompanhar de perto, porque seja qual for o resultado desse embate, nossa vida e nossos negócios serão totalmente impactados por ele.

(*) João Carvalho é sócio-fundador e CEO da Hands

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