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Como as marcas usam tecnologia para recriar personagens?
Inteligência artificial e animação foram as ferramentas utilizadas pela Danone e o Bradesco para acessar a memória afetiva de seu público
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Taís Farias
8 de março de 2021 - 6h00
A memória afetiva é uma das ferramentas poderosas que, de tempos em tempos, a publicidade faz uso para vincular seus produtos e ações a sentimentos positivos junto aos seus potenciais consumidores. Nesse sentido, a cultura é um repositório infinito de símbolos, músicas, filmes e seriados que marcaram diferentes gerações em diferentes contextos. Pensando nisso, ferramentas como a inteligência artificial e a animação tem se tornado aliados criativos para recriar personagens e instigar a nostalgia no público.
Um exemplo dessa proposta foi a campanha “Quero ser Gigante”, de Danoninho. Entre os desdobramentos da ação, a marca criou um episódio inédito do seriado Mundo da Lua, exibido originalmente entre 1991 e 1992 na TV brasileira. Acontece que, em 2020 quando a campanha foi criada, Luciano Amaral, ator que na infância viveu o personagem principal da atração, já tinha 41 anos.
“Escolhemos a nostalgia como atalho para fazer adultos refletirem sobre a infância, já que ela ativa diretamente a memória afetiva. Mas mexer com nostalgia é aceitar o desafio de trazer de volta algo que ficou no passado e que as pessoas já têm muito carinho e opinião formada sobre”, conta Gabriela Rodrigues, data strategy leader da Soko, responsável criativa pela campanha.
“Nosso trabalho foi o de entender a saudade que as pessoas têm da série, o recorte de público que consumiu cada episódio e, principalmente, de estruturar a retomada dessa conversa em cada ponto de contato da campanha, sempre olhando para esse valor emocional como um gancho de conexão entre público e mensagem de marca”, acrescenta a executiva.
A partir dessa ideia, o ineditismo da ação só foi possível com o uso da inteligência artificial, que uniu um texto gravado por Luciano Amaral em 2020 às cenas originais da série. Na prática, a tecnologia mapeou as falas e o rosto do personagem em todos os episódios e recriou a voz do ator quando criança, sílaba a sílaba. O processo permitiu a narração de um texto inteiramente novo. A produtora de som Hefty e a Santa Transmedia participaram do projeto.
Quem também apostou na estratégia de recriar personagens foi o Bradesco, que investe no desenho Os Jetsons, para reforçar seu ativo de inovação. “Era preciso levar em conta que Os Jetsons foram concebidos nos anos 1960, época em que diversidade e inclusão – temas tão importantes para o Bradesco – ainda não tinham espaço na pauta da sociedade. Portanto, foi necessário repensarmos e reidealizarmos os papeis sociais dos personagens. Com isso em mente, reconstruímos toda a abertura do desenho para refletir o protagonismo feminino nas famílias e acrescentamos personagens coadjuvantes que representassem uma sociedade mais diversa”, conta Márcio Parizotto, diretor de marketing do banco.
No ano passado, a ação chegou a incluir elementos que fazem referência à pandemia da Covid-19, como as máscaras, na narrativa do desenho para as campanhas do banco. Nesse caso, a tecnologia embarcada para permitir a recriação foi a de animação 2d. Diferente do que era feito pelos estúdios Hanna-Barbera, nos anos 1960, os desenhistas contam com a automação a seu favor no processo criativo e podem gerar a animação em tempo real, com qualidade 4K.
Os desenhos da campanha foram feitos pela Vetor Zero, enquanto a produção de áudio foi responsabilidade da Ultrassom, que tinha a missão de criar um paralelo com a dublagem original. Ambas as produtoras são licenciadas pela Warner detentora dos direitos do desenho animado.
*Crédito da foto no topo: Reprodução
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