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DAO: vantagens e desvantagens da autonomia digital

Fabiana Baraldi, da Netza&cossistema, e Claudio Olimpio, da DaX, explicam o que são as organizações autônomas descentralizadas e como funcionam


26 de abril de 2022 - 6h03

“Imagine uma empresa cuja liderança é formada por um grupo de pessoas, e não por uma autoridade central”. Essa frase é de Fabiana Baraldi, head de inovação e transformação da Netza&cossistema e representa o funcionamento das DAOs (decentralized autonomous organization ou organizações autônomas descentralizadas).

Juntamente com a Web 3.0, os tokens não-fungíveis (NFTs) e o metaverso, as DAOs estão entre os termos mais comentados pelo mercado de inovação e tecnologia atualmente. Claudio Olimpio, CEO da DaX, explica que as decentralized autonomous organizations (DAOs) são representações digitais de uma empresa, clube, cooperativa ou qualquer outra forma de organização coletiva que utiliza a tecnologia blockchain como base.

 

Organizações autônomas descentralizadas (DAO) estão chamando a atenção do mercado (Crédito: Artemis Diana/ Shutterstock)

Como funcionam?
Segundo Fabiana, as regras da DAO são regidas por linhas de código e contratos inteligentes, imutáveis, controlada por algoritmos computacionais, tendo como ponto central a democratização na tomada de decisão de forma coletiva. Esses contratos são “blindados” na blockchain, ou seja, não permitem alterações. “Um usuário não pode simplesmente editar o código das regras da DAO sem que as pessoas percebam. Tudo é público e transparente na blockchain”, reforça a head de inovação da Netza&cossistema.

Após todas as regras serem registradas na blockchain, é feita a emissão de tokens, e a venda desses tokens tem o objetivo de arrecadar fundos e dar poder de voto nas decisões do projeto, conforme explica Olimpio. “Na grande maioria, sua participação é proporcional à quantidade de tokens. Assim que o financiamento é concluído pelas vendas dos tokens, a DAO estará pronta para implantação. E após a operação implementada, não poderá sofrer alterações por nenhum outro meio que não seja um consenso alcançado por meio da votação dos participantes. Todas as decisões cabem inteiramente à comunidade de detentores de token”, complementa.

Diferença das DAOs para as organizações tradicionais
As DAOs se diferenciam das organizações tradicionais em vários aspectos. Diferentemente de uma organização que tem níveis hierárquicos entre seus membros, nas DAOs não existe isso. Nas organizações descentralizadas também há democracia, pois qualquer mudança é decidida por votação. Além disso, as DAOs trabalha com a transparência, visto que todas as atividades são visíveis a todos os membros e os contratos são imutáveis, a não ser que haja um consenso entre os participantes. Os serviços oferecidos dentro da DAO são automatizados de forma descentralizada, diferentemente das organizações tradicionais que exigem o manuseio humano ou automação controlada centralmente, o que é propenso à manipulação.

“Enquanto uma empresa tradicional é baseada em executivos, conselho de administração, investidores, a DAO é baseada na comunidade. As DAOs não são cadeiras remuneradas por um salário e sim posições baseadas a um tema ou causa”, explica o CEO da DaX. O executivo ainda ressalta que os membros de uma DAO raramente ou nunca interagem presencialmente uns com os outros, pois tudo é feito digitalmente. “Todos operam com regras e metas informadas pela tecnologia, que não são executadas ou gerenciadas por nenhuma hierarquia, e atuam como um livro de transações digitais”. Fabiana concorda com Olimpio: “Uma DAO permite que você trabalhe com alguém sem necessariamente precisar conhecê-la ou confiar nela. Toda a confiança é depositada na tecnologia e nos códigos que definem a organização”.

Vantagens e desvantagens
Apesar das DAOs apresentarem certas vantagens em relação às organizações tradicionais, como a transparência do sistema, a blockchain, a alta velocidade de realização de tarefas devido à automação do sistema e o baixo percentual de erros devido à ausência do fator humano, Olimpio reforça que nem tudo são benefícios.

Segundo o executivo, os criadores das DAOs podem cometer erros no código que podem levar a grandes perdas. Ele também enfatiza que uma DAO, por não ter regulamentação, pode atuar para o bem e para o mal. “Sob o ‘disfarce’ de uma organização autônoma descentralizada, um projeto fraudulento pode ser ocultado”, ressalta. Olimpio ainda complementa alertando que é preciso estudar muito o projeto e os envolvidos ant4es de implementar ou participar de uma DAOs. “Conceitos básicos de criptoativos, blockchain e DeFi são importantes antes de se aventurar nessa empreitada”.

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