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Nada mais será como antes. Nem como agora

A pandemia nos fez digitais do dia para a noite, independente da geração. Mas a verdadeira transformação digital, que mudará o mundo daqui para frente, acaba de começar


4 de outubro de 2022 - 14h15

(Crédito: Quardia/Shutterstock)

Estou conectada a um grupo de pais, mães e educadores que estudam e debatem sobre profissões do futuro, o inevitável aumento do tempo de tela entre crianças, as habilidades que nossos filhos precisam desenvolver e como devem desenvolvê-las, e as comunidades das quais eles já fazem parte principalmente por meio dos games.

Sendo mãe de um menino de 9 anos, estou constantemente buscando entender de que formas a inovação tecnológica mudará nosso contexto. Afinal, isso é sobre o futuro dele. Considerando que também sou estrategista e atuo na indústria da comunicação, preciso estar atenta aos movimentos culturais e comportamentais que estão acontecendo e que ainda irão acontecer, num mundo completamente novo e, em grande parte, desconhecido. 

Sabemos que estamos vivendo a maior e mais acelerada transformação digital e que, em breve, ela acontecerá massivamente em todo o planeta com a consolidação do 5G. Cada geração da internet foi desenvolvida para fins específicos. O 2G foi projetado para voz, o 3G para dados e o 4G para aplicações de grande fluxo de dados, como streaming de música e vídeo. Já o 5G precisa ser mais eficiente para dar conta não necessariamente de uma enorme quantidade de dados, mas de um enorme número de dispositivos conectados que, consequentemente, gerarão uma enorme quantidade de dados. 

Considerando o ambiente de nossas casas, além da TV conectada, haverá a geladeira, o ar-condicionado, a cafeteira, a Alexa, a iluminação, tudo funcionando em rede. Tudo isso mais o nosso carro, nossas compras, buscas e navegações que sempre deixam sinais, e nosso celular, que é “um livro aberto” sobre nós. Teremos ainda mais marcas coletando e usando nossos dados o tempo inteiro. Claro que atentas a fatos importantes: LGPD, fim dos cookies, investimento em first-party data. 

O 5G será um divisor de águas entre o que vivemos até agora e tudo o que viveremos daqui por diante na indústria 4.0. Teremos um salto extraordinário de velocidade (cerca de 100 vezes maior que o 4G) e qualidade da internet. O grau de conectividade que alcançaremos será altíssimo e ainda desconhecido. Pensem que a latência do 4G (que consiste na diferença da resposta de transmissão de dados) ficava entre 60 e 90 milissegundos, e com o 5G ela vai ficar menor que um 1 milissegundo. 

Nada mal num mundo onde a experiência do usuário em todas as plataformas presentes em suas vidas é tão decisiva para a criação de vínculos com marcas. Teremos mudanças substanciais principalmente nos mercados de transporte, logística, financeiro, entretenimento, comunicação, saúde e políticas públicas. 

Uma internet extraordinária e com um alcance tão poderoso não aponta apenas para o aumento da funcionalidade de dispositivos e amadurecimento importantíssimo do e-commerce no Brasil. A nova realidade viabilizará de forma definitiva a internet das coisas, realidade aumentada, realidade virtual, metaverso, inteligência artificial e outros recursos. Teremos uma revolução nos meios de transportes, aparelhos eletrônicos, eletrodomésticos, objetos de casa que poderão ser interligados em real time ao estarem plugados à rede.

Segundo o levantamento da consultoria Bain & Company, o 5G deve representar no Brasil 35% de todas as conexões móveis até 2025 e corresponderá a 81% até 2030. Nesse contexto, as marcas que estão se preparando para fim dos cookies em 2023, focando numa base de dados gerados pela conexão direta com seus consumidores, verão o volume de dados armazenados, manuseados e analisados por elas passar por um aumento significativo. Isso acarretará uma necessidade de clareza de todas as áreas de negócio da empresa e suas metas, além do compartilhamento de dados de forma fluida e ágil entre todos. Isso se quisermos fazer o melhor uso possível das informações. 

Dá para imaginar a quantidade de oportunidades de conexões entre marcas e pessoas que serão criadas? O terreno será muito fértil para inovações que realmente façam sentido e resolvam nossas dores do dia a dia. As chances de acerto serão maiores à medida que tivermos o cuidado de olhar para o todo, entender contexto e comportamento com o devido nível de profundidade e traçar estratégias capazes de entregar para as pessoas algo que se encaixe facilmente no estilo de vida delas. Sem forçar a barra, sem perder o foco e considerando a liberdade de cada um.

Quando pensamos no desenvolvimento de jornadas adequadas ao cliente, o 5G agiliza a coleta, análise e tráfego de dados entre sensores, máquinas, servidores e outros dispositivos e sistemas presentes nos pontos de interação entre conteúdo de marca e seu público.  Ou seja, avançaremos ainda mais para sistemas que buscam informações sobre o histórico do cliente, ao mesmo tempo que conseguem localizar registros do estoque de uma loja, a performance de serviços oferecidos ao usuário, e a abertura imediata de diálogos relevantes com o comprador onde quer que ele esteja. 

Teremos infinitas possibilidades de desenvolvimento de projetos a partir de uma hiper segmentação de conteúdos, ofertas e soluções assertivas, pautadas por um conhecimento ainda maior dos perfis, interesses, comportamentos e momentos de vida daqueles com quem queremos falar. Praticamente tudo passará a ser um novo canal de contato com a audiência.

Como esse assunto é interminável, pois nem sabemos ainda tudo que nascerá a partir de agora, finalizo esse artigo falando novamente do meu filho de 9 anos, que se não fosse pelas regras que estabelecemos em casa, já seria um gamer mirim. Dados de uma pesquisa feita pela Amdocs com Gamers Brasileiros mostram que a principal expectativa de 69% dos entrevistados com o 5G é a possibilidade de jogar em qualquer dispositivo por meio do chamado cloud gaming, que permite que o usuário jogue de todos os lugares, direto da nuvem e em diferentes telas como computador, TV, tablet ou smartphone. O segmento, que já é enorme e promissor, irá se desenvolver mais ainda com a convergência entre 5G e IA, proporcionando experiências imersivas inéditas. 

A pandemia nos fez digitais do dia para a noite, independente da geração. Mas a verdadeira transformação digital, que mudará o mundo daqui para frente, começa realmente agora. 

E sua marca? Já está preparada para criar e abraçar as novas possibilidades que estão prestes a acenar para ela, sem invadir, sem incomodar, sendo relevante e contando boas histórias para as pessoas do início ao fim e, logo mais adiante, no recomeço? 

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