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Kroton: ensino tende a ser híbrido, baseado em dados

Leonardo Queiroz detalha como foi a transformação digital em 2020 para a empresa, da holding Cogna Educação, e aborda perspectivas sob o contexto da Covid-19

Sergio Damasceno Silva
18 de março de 2021 - 12h27

A educação, de forma profunda, teve que girar a chave do analógico (em alguns casos, era quase 100%) para o digital (que se tornou, praticamente, 100% da operação) por causa da Covid-19 e, a despeito de problemas estruturais – falta de acesso à internet, acesso apenas via celular e baixa educação tecnológica de parte dos alunos -, elevou a transformação digital a padrão da educação brasileira. A análise dos efeitos da transformação digital nos diversos segmentos e como evoluirá é um dos temas centrais do South by Southwest (SXSW) deste ano. O ensino a distância (EAD), de opcional, passou a obrigatório e confirma uma das tendências apontadas durante a edição online do SXSW: as pessoas conviverão com modelos mistos e, em alguns casos, completamente digitais e não voltarão aos sistemas pré-pandemia. Porque o passo evolutivo foi dado e se revelou em várias faces, inclusive, mais acessível dada as restrições (em tempos ‘normais’) de mobilidade e acesso às universidades físicas. Em outros casos, revelou que a infraestrutura online precisa ser ampliada para garantir a conexão do aluno. O vice-presidente de crescimento da Kroton, Leonardo Queiroz, detalha como foi 2020 para a empresa, da holding Cogna Educação, e aborda perspectivas ainda sob o contexto da pandemia.

Meio & Mensagem – Passado um ano de pandemia, a Cogna/Kroton, como demais marcas e setores, avançou com a transformação digital. Em linhas gerais, dá para fazer um balanço deste ano e os aprendizados adquiridos com as mudanças de processos e pessoas?
Leonardo Queiroz – A Kroton faz parte da holding Cogna Educação, maior grupo de educação do país, e atende ao mercado B2C do ensino superior, por meio das suas sete marcas – Anhanguera, Unopar, Pitágoras, Unic, Uniderp, Unime e Fama. Estamos presentes em todo território nacional, por meio das nossas 126 unidades próprias e 1.673 polos de ensino a distância, levando educação de qualidade em larga escala para mais de 800 mil alunos. Transformação digital é um processo que vem sendo implementado na Cogna desde 2017. Incorporamos ao dia a dia da companhia modelos de organização que beneficiam a inovação e metodologias ágeis de desenvolvimento de projetos e produtos, em todas as frentes. Baseamos essa transformação nos conceitos de go digital, para a construção de processos e soluções mais eficientes, e be digital, focado na mudança de cultura, com a adoção de mindset ágil. Desde o início da pandemia, a prioridade foi preservar a segurança e a saúde dos alunos e colaboradores. Quando o vírus começou a se espalhar pelo País, optamos por interromper todas as atividades presenciais nos escritórios, escolas e unidades. O processo de transição das atividades presenciais para o virtual foi relativamente fácil, devido ao know-how na operação EAD. A Kroton é pioneira na modalidade há 20 anos, por meio da marca Unopar. Em 24 horas já tínhamos 480 mil objetos de aprendizagem disponíveis na plataforma. Isso significou que 1 a cada 8 alunos da graduação do Brasil já estavam tendo aulas virtuais de suas casas com toda segurança.  Em Londrina, onde está localizada parte da operação de EAD, temos mais de mil aulas ministradas ao vivo, semanalmente, no formato de live, direto dos nossos 66 estúdios, simultaneamente. A pandemia confirmou nossa convicção de que o ensino digital é uma tendência que deve se consolidar na educação brasileira. No terceiro trimestre de 2020, a captação de alunos EAD cresceu 32% em relação ao mesmo período do ano anterior. A companhia já oferece 100% dos cursos de graduação em modalidade semipresencial ou 100% EAD e está expandido a oferta de cursos digitais. São mais de 570 mil alunos nessa modalidade. Isso ocorre porque as pessoas deixam para trás preconceitos e percebem que é possível ter a mesma qualidade de um ensino presencial com o apoio do ambiente virtual.

M&M – O aprofundamento da digitalização deve permanecer, ainda que, na medida em que a vacinação avance, setores vão sendo liberados. O que a Kroton pode afirmar que não se volta mais ao, digamos, “mundo de antes” em termos de relacionamentos?
Queiroz – Certamente, a aceleração da digitalização do ensino é um dos principais desdobramentos da pandemia para a educação brasileira. Acompanhamos uma quebra de paradigma em relação a como se pratica o ensino em todos os níveis. A questão é que a educação que surgirá no pós-pandemia e, em definitivo, terá a tecnologia como uma aliada indispensável. O ensino tende a ser cada vez mais híbrido, baseado em dados.

M&M – Para uma empresa cujo contato é fundamental, ainda que já estivesse em linha com o online, via EAD, quais são as dificuldades mais explícitas para que o mundo digital se concretize em todo o ecossistema?
Queiroz – Em primeiro lugar, precisamos continuar desmistificando o papel do ensino digital, que também representa, no caso do ensino superior, uma alternativa de democratização do acesso à educação. Com o EAD, milhares de pessoas que moram em cidades e regiões onde não há faculdades ou universidades ou o curso que desejam não é oferecido, tem a oportunidade de buscar formação de qualidade e inserção no mercado de trabalho. Em segundo lugar, há a barreira de acesso, que pode se dar por limitações econômicas e materiais, como a disponibilidade de internet banda larga ou equipamentos como laptops e tablets. Temos trabalhado em soluções para fazer com que essas questões não sejam um impeditivo para os alunos terem uma boa experiência educacional. Devemos lançar em breve uma nova plataforma de aprendizagem pensada 100% para o mobile, planejada para que o aluno possa assistir conteúdos off-line em seu smartphone, sem depender de consumo de dados, bastando para isso que em algum momento se conecte a WiFi para baixar conteúdo.

M&M – O que a Kroton vê como tendência para este ano, tendo 2020 como ano-base para as mudanças que foram sacadas à força e tiveram que ser implantadas em prazo recorde?
Queiroz – Reforçamos a aposta no ensino digital e na hibridização. No ensino superior, há ainda um grande espaço para inclusão de brasileiros que não têm acesso ao diploma. O percentual da população brasileira entre 25 e 34 anos com curso superior é de apenas 21%. Isso é um resultado baixo, quando comparamos com a média entre os países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), ainda mais quando consideramos o impacto que o diploma tem na empregabilidade e na manutenção da renda, inclusive na pandemia. Ou seja, ainda há um público muito grande em busca de se profissionalizar e assim conseguir ascensão profissional. O EAD, por ter custos mais baixos, é uma oportunidade para as pessoas que num momento de dificuldades econômicas tem o sonho da graduação, mas tem capacidade limitada de pagamento. Estamos investindo na expansão do portfólio de cursos digitais e a expectativa é aumentar essa oferta em pelo menos 50% até o fim do ano. Em fevereiro, lançamos o Academia Tech, um pool de cursos de graduação em tecnologia desenvolvido para atender às necessidades das empresas de TI, que têm demanda crescente por mão de obra qualificada. Por serem cursos EAD, representam uma oportunidade para pessoas de muitas cidades e regiões do País que sonham em trabalhar nessa área, mas não tinham acessos a cursos presenciais em suas localidades.

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