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A nova temporada de W no Brasil: podcasts e radar cultural

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Comunicação

A nova temporada de W no Brasil: podcasts e radar cultural

No Brasil para as gravações da segunda temporada do W/Cast, Washington Olivetto reencontra amigos para resgatar memórias e falar do futuro


15 de setembro de 2021 - 6h00

O confinamento em 2020 fez muita gente criar algum projeto: assar pão, montar uma horta, fazer um curso online. A empreitada de Washington Olivetto foi colocar no ar um podcast com dez episódios, embalados por canções emblemáticas que remetem a memórias do publicitário. Pouco depois da estreia, o W/Cast ficou entre os 25 podcasts mais ouvidos do Brasil.

Se a primeira temporada foi feita da casa de Olivetto em Londres, a segunda tem os ares de reencontro de uma reabertura gradual. Afinal, ele voou até o Rio de Janeiro para rever velhos amigos (uma visita por vez a seu apartamento da Viera Souto, seguindo todos os protocolos sanitários) não somente para relembrar histórias, mas para falar do futuro. Quais os planos de gente como Nelson Motta, Paula Toller, Gilberto Gil, Raí, Jorge Ben e Roberta Sudbrack?

Washington Olivetto durante as gravações da segunda temporada do W/Cast em seu apartamento, no Rio (Crédito: Divulgação)

Além de contar com convidados, outra diferença destes 15 episódios, com estreia prevista para 29 de setembro, é o formato. Produzidos pela Hub Mídia e com apoio da Bradesco Seguros, os programas também foram filmados e estrearão no YouTube. Também haverá conteúdo no TikTok, no Facebook e no Instagram – por lá, aliás, Olivetto já tem dado dicas semanais de livros, séries, filmes e, sobretudo, música. Ultimamente, ele tem alternado os ouvidos entre os standards de Jimmy Scott e os sambas de Batatinha.

Nesta entrevista ao Meio & Mensagem, Olivetto conta um pouco mais sobre por que gosta de podcasts e desgosta das redes sociais e, claro, dá sua opinião sobre a publicidade atual:

Meio & Mensagem – Como surgiu a ideia de fazer a segunda temporada do W/Cast?
Washington Olivetto – Quando fiz o primeiro já tinha ideia do segundo, que é mais pretensioso. Cheguei a nomes de pessoas com as quais fiz coisas profissionais ou pessoais. Por exemplo, no W/Cast com o Lulu Santos, relembramos nossa amizade. Eu o conheço desde que ele se chamava Luiz Maurício. Contamos quando fizemos  Como uma onda no mar, uma canção dele, com o Tim Maia, para Rider, depois O Descobridor dos Sete Mares, que o Tim cantava com ele. Muitas histórias. Posso garantir que cada um dos podcasts tem coisas que as pessoas nunca ouviram em nenhuma mídia. Conversei com o Raí, irmão do Sócrates, outro grande amigo meu…

Olivetto e Jorge Ben Jor, depois da gravação de um dos episódios do W/Cast (Crédito: Divulgação)

M&M – E o Jorge Ben Jor, que raramente dá entrevistas…
Olivetto – O Jorge dificilmente dá entrevistas e até a ser samba-enredo da Salgueiro, ele diz que a opinião dele está na música dele. Ficamos uma hora e quarenta minutos conversando para o podcast e depois saímos para jantar – ficamos mais duas horas e meia falando. Faz mais de 50 anos que a gente se conhece.

M&M – Você já era ouvinte de podcasts antes de fazer o seu?
Olivetto – Ouço o do Lauro Jardim e do Fernando Gabeira, é um podcast fundamental de ser ouvido, particularmente por quem mora fora, como eu. Quando resolvi fazer o meu, passei a ser ouvir ouvinte eventual pra analisar os formatos. Foi assim que eu cheguei no formato da minha primeira série, porque creio que são originais. Não vi nada parecido com meu formato. E não vi ainda nada parecido com o formato da segunda temporada.

M&M – O que tem achado dos trabalhos publicitários atuais?
Olivetto – A publicidade da Inglaterra não está tão brilhante quanto já foi. O Brasil deixou de ser uma coisa e não passou a ser outra. Vejo uma publicidade muito preocupada em quantificar resultados – e isso é ingênuo, porque você só pode quantificar o que foi gerado. Quando digo isso, é óbvio que tem pessoas fazendo coisas interessantes. Mas vejo boa parte dos publicitários dizendo aquilo que o cliente gostaria de ouvir. E isso é até compreensível num momento econômico e financeiro difícil. Mas as concessões de negócio e criativas são ruins. A campanha da água tônica Fever-Tree é muito boa. A marca foi uma das responsáveis pelo gin ter voltado à moda. Eu adoro coisas emocionais e esta é uma campanha muito racional.

M&M – E qual seria a solução para contornar essas concessões que você mencionou?
Olivetto – A volta das grandes ideias. É a única coisa, não importa tipo de mídia, o tipo de métrica. A grande publicidade sempre soube transformar o consumidor em mídia.

M&M – Qual sua opinião sobre as marcas terem e comunicarem, cada vez mais, propósitos de cunho social?
Olivetto – Durante a pandemia, as marcas que melhor se comunicaram foram as que melhor informaram do que venderam. A marca tem obrigação de fazer boa comunicação que respeite a inteligência das pessoas. Às vezes pode ser comunicação para informar algo útil, às vezes é simplesmente vender um produto, em outras, é provocar um sorriso nas pessoas e elas estão precisando. Não existe uma tendência: normalmente essa palavra é usada para imitar algo que já foi feito.

M&M – Como foi retornar ao Brasil neste momento em particular, com tantos conflitos simultâneos (política, pandemia, economia)?
Olivetto – O Brasil deixou de ser o País da doçura para se transformar no país do amargor. O Brasil lamentavelmente passa por uma série de pequenas e grandes crises: sanitária, de comportamento, intelectual… Vivi muitos setes de setembro na minha vida, desde quando os meus pais levavam a gente para ver desfile até quando a gente ia para a rua reivindicar eleições. Nunca vi um 7 de setembro deste, foi absolutamente constrangedor. Inclusive usado para uma coisa que legalmente não está na hora, que é uma campanha política.

M&M – Você gosta das redes sociais?
Olivetto – Gosto de YouTube, e-mail e WhatsApp. Agora tenho uma equipe nas redes para divulgar o W/Cast. Mas, pessoalmente, sempre evitei as redes sociais porque, para mim, é evasão de intimidade. Preciso não evadir minha privacidade, não vejo motivo para colocar fotos de lugares para onde viajei.

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