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Contratações dão gás a agências do Rio

Aquecimento da economia local motiva reforços nas equipes e reorganizações nas líderes do mercado publicitário


31 de outubro de 2012 - 11h51

Contratações em quase todas as líderes do setor, retorno de profissionais cariocas que andavam por outras cidades, atração de gente de outros estados e reorganização de estruturas organizacionais. Estas são algumas das ações que podem ser associadas ao momento atual do mercado publicitário do Rio de Janeiro. De acordo com dirigentes do segmento, este movimento não está ligado direta e exclusivamente aos grandes eventos que a cidade receberá nos próximos anos, especialmente a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016, mas sim ao cenário positivo já instalado na cidade, com uma série de fatores transformando a vida de quem vive na capital fluminense e a economia local.

Para Alexandre Motta, diretor geral e de criação da Publicis Rio, um fator que mostra bem o atual aquecimento do mercado é a dificuldade em contratar profissionais freelancers. “Os caras que chamávamos sempre, aqueles que pulavam de galho em galho, estão todos com contratos fixos. Sumiram os nomes certos que tínhamos na caderneta para cobrir férias e engrossar equipes temporariamente”, observa. A Publicis Rio, em particular, vem recebendo mais investimentos e alterando sua organização operacional. “Estamos fazendo um projeto de seniorização da agência há um ano e meio, antes mesmo da minha chegada. Seniorizamos os cargos principais de atendimento; trouxemos uma diretora de produção e RTV, a Myriam Gallagher, que estava na Giovanni; e também a Marie Julie, head of art. Para a pesquisa de mídia, que era feita por São Paulo, contratamos o Flávio Buonsante e agregamos este negócio à operação do Rio. Vamos crescer a criação. As demandas são grandes, teremos outras novidades”, promete. Motta antecipa que a agência, que fazia o planejamento em São Paulo, está buscando um gerente de planejamento para o Rio. “Vamos investir e montar um departamento de planejamento forte aqui”, diz. A maior conta da agência no Rio é a L’Oreal, para a qual da Publicis funciona como um hub. “Atendemos não só o Brasil, mas a América Latina. Há muita demanda”, frisa.

A escassez de profissionais freeelancers no mercado e um alto número de contratações também são apontados como aspectos sinalizadores do bom momento por Ronaldo Rangel, diretor geral da DPZ Rio, que também vê a volta de profissionais como fator positivo. “Houve um movimento pequeno numericamente, mas relevante, de pessoas que estavam em São Paulo e voltaram. Houve até a chegada de algumas agências e outras que começaram a ficar mais atentas ao mercado. Algumas que eram mais enxutas também se reestruturaram mais”, conclui.

 

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Na operação carioca da WMcCann foram mais de 30 contratações ao longo de 2012. “Umas foram substituições devido ao dinamismo provocado pelo aquecimento no mercado carioca, porém 50% das vagas são novos postos de trabalho. Criamos 15 novas vagas, o que representa 15% de aumento sobre o ano passado”, informa Márcio Borges, diretor de atendimento da agência. Ele acrescenta que estas novas vagas são reflexo de três movimentos: novos clientes, novas disciplinas atendidas pelo escritório carioca e aumento dos investimentos dos clientes atuais. “E o cenário para 2013 continua nessa direção. A previsão no planejamento para o ano que vem já contempla a abertura de novos postos, a partir de janeiro”, antecipa.

Para Polika Teixeira, presidente da DM9Rio, operação que esta prestes a completar seu primeiro ano de vida, os holofotes do mundo voltados para o Rio e a proximidade dos eventos esportivos fazem a cidade se mexer. “Isso passa por todos os segmentos. Vemos crescimento na área do petróleo, na indústria naval, setores não exatamente associados à propaganda, mas de onde ela também se beneficia”, avalia. Os investimentos que estão sendo feitos na cidade, geram um efeito subjacente. “Ouvi uma frase maravilhosa: vocês cariocas saíram do armário. Hoje é um orgulho fazer parte da cidade, muita gente está querendo trabalhar por ela. A publicidade se beneficia disto com os grandes anunciantes olhando para cá, encarando o Rio como uma força, com uma capacidade de reverberação que tivemos no passado”, analisa.

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Álvaro Rodrigues, vice-presidente e diretor de criação da agência, destaca a trajetória positiva da DM9Rio em dez meses de operação. “Ganhamos nove contas e é natural que, com essas conquistas, tenhamos uma necessidade orgânica de crescimento e contratações. Além disso, é quase um dever nosso a formação e incremento do mercado, devolver este nosso crescimento para ele. O Rio passou por uma evasão profissional muito grande e se a DM9 Rio abriu operação aqui, conquistou contas daqui e de fora, é um dever nosso ajudar a incrementá-lo ainda mais. Na prática, isso significa trazer profissionais de fora para trabalhar aqui”, frisa. Ele conta que uma boa referência do que fala é uma entrevista que fez com uma diretora de arte da Leo Burnett Istambul. “Perguntei por que queria trabalhar na DM9Rio e ela disse que era pela referência da agência, mas, mais ainda, por conta da cidade. Queria ser a primeira a vir, já que tantos bons profissionais estão começando a querer trabalhar no Rio”, comenta. A agência vem fazendo uma série de contratações ultimamente; apenas na semana passada, sete novos profissionais ingressaram na equipe da DM9Rio.

A Agência3 tem em seu time profissionais de outras cidades que optaram por viver no Rio, como baianos e brasilienses. “Muitos dos que tinham saído do Rio começaram a se interessar em voltar e a cidade também atraiu outros que antes iam para São Paulo e não viam a cidade como opção. Quando um profissional quer sair da sua origem ou fazer um retorno, agora passa a pensar no Rio”, acredita Luciana Vasconi, vice-presidente de estratégia e gestão de pessoas do Grupo 3+, do qual a Agência3 faz parte. Ela acrescenta que a agência teve um volume de contratações maior este ano, porque está incorporando mais o digital ao seu dia-a-dia e investindo em planejamento. “Buscamos mais profissionais com expertise digital e da área de planejamento, necessidade específica do modelo da agência”, cita. Além disso, os clientes também estão crescendo. “Passamos por um momento de aquecimento do nosso negócio”, conclui.

Recentemente a Quê investiu em um novo posicionamento e ampliou a sua operação. “Trouxemos uma profissional de relações públicas e criamos a área de desenvolvimento humano com a contratação de uma diretora e um gerente. Novos profissionais também chegaram no planejamento e na criação. Este último departamento ainda será ampliado até o fim do ano”, antecipa o diretor de criação Eduardo Almeida. Já a Artplan está contratando porque cresce organicamente. “Temos um time de 180 profissionais no Rio e conquistamos este ano as contas de TIM, Quaker, O Globo e Domino’s, além das verbas digitais de três clientes. Temos contratado em todas as áreas”, informa Rodolfo Medina, presidente da agência.

A NBS também registra um bom momento e espera crescer acima dos 15% em 2012. “Estamos nos estruturando cada vez mais. Nos últimos dois meses entraram dez novos profissionais e houve reforços nas áreas de criação, atendimento, digital e mídia. Hoje, temos cerca de 190 pessoas e estamos aumentando nosso espaço físico em função desse crescimento. Criamos novos departamentos como a área de projetos, com a contratação do Bernardo Carvalho, que estava há 11 anos em Londres, e investimos muito na área digital”, conta o presidente Cyd Alvarez. Ele acrescenta que a agência também criou recentemente a área de comunicação corporativa, a cargo da experiente Marilena Senra, outra carioca que havia passado os últimos anos em São Paulo. Além disso, trouxe profissionais que fizeram carreira na capital paulista, como Moacyr Netto, diretor de criação e convergência; Jeff Paiva, diretor de plataformas digitais; e o redator Estevão Queiroga.

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Luis Carlos Franco, diretor geral da Ogilvy Rio, conta que a operação carioca da agência dobrou de tamanho nos últimos cinco anos, chegando a 150 pessoas. “Notamos um crescimento mais acelerado nos últimos dois anos, pelo bom momento da cidade”, salienta. Presenta na cidade desde 1969, a Ogilvy está atualmente com uma política de investimento forte para o Rio. “Trouxemos um diretor de criação da Espanha, o Pablo Conde. Criamos no Rio projetos brasileiros e internacionais da Coca-Cola. Somos o hub global de comunicação da Glaxo para sal de fruta Eno. Existe um investimento contínuo que dá frutos. Mas também há o benefício dos olhos do mundo estarem voltados para o Rio. Sentimos clientes de fora nos procurando para fazer ações na cidade. Isto ainda vai se intensificar bastante em 2013 e 2014”, prevê.

Para Letícia Machado, diretora de atendimento da Heads, o mercado carioca está aquecido não só pelos grandes eventos, mas pelo crescimento do mercado consumidor. “E isso, aqui na cidade, fica muito patente: classes A, B, C e D convivem no mesmo espaço urbano. E, claro, isso tem reflexo nos anunciantes e nas agências. Os mercados imobiliário, de educação, de artigos esportivos, de varejo, de turismo, para citar alguns, cresceram. E, com isso, o investimento de muitos clientes também. A Heads é um exemplo deste reflexo: investiu em uma sede em Ipanema e aumentou sua equipe em 40% em dois anos”, conta. 

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