Fisco no caminho do Publicis Omnicom
Fusão ainda não conseguiu aprovação das autoridades fiscais da França
Fusão ainda não conseguiu aprovação das autoridades fiscais da França
Felipe Turlao
24 de abril de 2014 - 8h01
Uma reportagem publicidade pelo jornal Financial Times na terça-feira, 22, aponta que a fusão entre Publicis e Omnicom está em risco por “questões fiscais não previstas”.
A origem do problema é que o acordo de fusão está estruturado sob um modelo pelo qual nem empresa nem acionistas precisem pagar imposto por causa do processo de fusão – ao receber as ações da nova empresa, eles poderiam ser taxados.
No entanto, esse modelo de isenção ainda não foi aprovado pelas autoridades fiscais da França – o que deve atrasar ainda mais o fim do processo de fusão. Vale esclarecer que, apesar de a sede legal da nova empresa ser na Holanda, a França continua sendo a sede fiscal. A ideia é mudar esse centro de taxação para o Reino Unido e o Publicis diz estar confiante em aprovar a nova residência fiscal. Mas a aprovação francesa ao modelo de taxação continua sendo obrigatória.
A reportagem causou alvoroço no mercado financeiro, onde as ações das empresas caíram, e levantou dúvidas sobre a viabilidade da fusão. Em um comunicado divulgado no final desta quarta-feira, 23, quase meia-noite no horário de Paris, o Publicis tentou tranquilizar os investidores. “Para que a operação conjunta possa se atrelar ao regime de taxação, as autoridades francesas precisam fornecer uma “tax ruling” para a fusão. O processo é padrão nesse tipo de situação”, afirmou o grupo.
O “tax ruling”, ainda não aprovado na França, nada mais é do que um comunicado assinado por uma autoridade no qual ela clarifica a questão fiscal, detalhando a situação e como a empresa deve proceder. A existência desse documento é uma condição para a fusão acontecer, segundo o contrato assinado entre Publicis e Omnicom.
. No entanto, o comunicado do grupo não fala sobre expectativas para aprovação – ou não – das condições fiscais na França.
O clima de incerteza foi alimentado por declarações dos CEOs de Publicis e Omnicom. “Não há um plano B. Essas coisas são requisitos para a conclusão do processo”, afirmou John Wren, CEO do Omnicom, ao Financial Times. Ele afirmou ainda que “não é prático dizer exatamente quando a transação será fechada, dada a complexidade do acordo e a quantidade de questões que ainda precisam ser resolvidas”. Para completar o clima de alarmismo, o CEO do Publicis Maurice Lévy afirmou na semana passada que “se, por acidente, as coisas não acontecerem, a vida segue boa para o Publicis. A vida é boa, independente do que aconteça”.
Até então, acreditava-se que apenas a aprovação das entidades anti-truste da China estava no caminho da fusão. Com a revelação de que o fisco francês também é um obstáculo, surgem mais perguntas ainda sem resposta sobre a viabilidade da mega-fusão que pode criar uma empresa com valor de mercado de US$ 35 bilhões e líder absoluta de mercado.
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