Fiat passeia na Copa das Manifestações

Meio & Mensagem
25 de junho de 2013 - 3h59

Não precisou reinventar a roda. Investiu numa música contagiante, num filme muito bem produzido, num pacote completo de mídia. Mas antes de tudo, numa ideia redondíssima: VEM PRA RUA, PORQUE A RUA É A MAIOR ARQUIBANCADA DO BRASIL. Mirou na Copa (não precisava nada além disso pra se destacar), convocou a galera pra jogar no seu campo, e acabou acertando em cheio nas manifestações de protesto que tomaram conta do País. Sorte? Também. Ninguém faz sucesso se não contar com um ventinho a favor, assim como nenhum vento favorece quem se contenta com pouco.

A pertinência de juntar a celebração por sua continuada liderança em vendas com a festa da torcida, o posicionamento como "marca que mais entende de rua", e a excelência da execução só podiam resultar em prêmio. Nada de ouro, prata ou bronze. A Fiat ganhou as ruas.

Vendo as transmissões televisivas, onde o clima das manifestações gera mais interesse que o replay das jogadas de Neymar, chega a ser engraçado perceber como a campanha da marca se conecta com a mesma intensidade ao futebol e aos protestos. Seu tema, inúmeras vezes repetido como palavra de ordem nas passeatas, soa como uma espécie de merchandising espontâneo. E saber que a onda de manifestações começou por uma questão de transporte público, sendo pilotada por jovens estudantes (teoricamente prestes a comprar seu primeiro carro), acrescenta ainda mais ironia à situação. Não me lembro de outro caso tão absolutamente sintonizado com a emoção e os interesses do público. Sem ufanismos, sem poropopó de líder, sem nada fora do tom. Apenas acreditando na força da ideia, correndo pro abraço e simpaticamente entrando pra história.

Qualquer que seja o desfecho das manifestações e/ou da Copa das Confederações, uma coisa é certa: a Fiat ganhou de lavada.

Adilson Xavier é publicitário e escritor