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Molho de tomate

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Ponto de vista

Molho de tomate


27 de novembro de 2013 - 11h26

2 kg de tomates maduros
1 cebola picada
6 colheres de azeite
2 dentes de alho
Sal a gosto

Essa aí é a receita clássica de molho de tomate. Ela define, ao mesmo tempo, o que é molho de tomate (caso alguém tenha dúvida) e também quem é capaz de fazer molho de tomate (basta saber colocar esses ingredientes numa panela e deixar cozinhando por um tempo que o resultado vai ser molho de tomate).

O problema dessa receita é que ela iguala o molho de tomate que você compra em latinha no supermercado, feito por sabe-se-lá por qual máquina, usando sabe-se-lá quais tomates, e o molho de tomate feito pela sua nonna italiana, que foi pra feira às 7:00 da manhã, xingou o Pereira da banca porque o tomate estava caro, escolheu cada fruta (sim, tomate é uma fruta) como se fosse a única, tirou a pele uma a uma delicadamente, cortou, picou, refogou e deixou horas cozinhando, enquanto reclamava que o nonno não ajuda em nada.

Tudo é molho de tomate. E, desde que tenha tomate, parece que molho é tudo igual. Agora troca molho de tomate por branding. Por comunicação. Por estratégia.

Isso é o que acontece quando o mercado se nivela e por baixo. As diferenças, no processo, na maneira de encarar o fazer, na escolha e na combinação dos ingredientes e, por último, no resultado, vão todas por água, sal e um fio de azeite abaixo.

Veja bem, até aqui eu não fiz nenhum juízo de valor, não disse “eu acho esse melhor do que aquele”. Até porque, o molho enlatado na prateleira do supermercado atende ao que muita gente está buscando, assim como o molho da nonna.

O juízo de valor aparece quando esse nivelamento por baixo começa a virar prática de mercado e você percebe que ele interessa pra muita gente dos dois lados do balcão: para quem promete molho da nonna, mas entrega molho enlatado e também para quem quer comprar molho da nonna mas pelo preço de molho enlatado.

Na minha opinião, isso fere um dos princípios mais importantes do mundo dos negócios: o da integridade, entre o que foi prometido e que foi entregue, entre o que foi comprado e o que foi vendido. Tudo o que não obedece a esse princípio atende pelo nome de enganação.

E enganação, não importa se estamos falando de molho de tomate, de branding ou de comunicação, deixa sempre um gosto ruim. E gosto ruim, em tempos de boca a boca em rede nacional via web, é muito pior.

Murilo Lico é sócio-fundador da LEF Branding

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