Meio & Mensagem
25 de abril de 2013 - 11h35
Inovar. Palavra bonita, autêntica e de fácil pronúncia. Previsível na pauta das discussões da nossa profissão, vulgarizada pela grande maioria de nós mesmos. Poderia ficar discutindo o mérito, a necessidade ou a pertinência de estabelecer como premissa que todo e qualquer trabalho do nosso mercado deva ser inovador. Essa discussão é pra lá de válida, mas vou me ater a outro ponto que julgo ser tão relevante quanto essa dinâmica de expectativas que agências, anunciantes e imprensa especializada estabelecem nas campanhas ou plataformas (sic) que veiculamos dia sim outro também. Me refiro a capacidade profissional e técnica de conceber e produzir ideias efetivamente inovadoras.
Falta bom senso para boa parte das pessoas físicas e jurídicas do mercado. Na prática, a juniorização e o envelhecimento (não cronológico, mas psicológico) da nossa mão de obra são os sintomas que demonstram não estarmos aptos a desenvolver qualquer projeto que se propõe inovador. Assumindo que inovação parte da premissa da mudança, da quebra do previsível, como alguém com seus 20 e poucos anos, que ainda não teve tempo hábil para diagnosticar qualquer padrão de linguagem, estratégia ou de produção, pode ser capaz de subverter o padrão estabelecido? Não há repertório nesse cidadão para tal ambição.
Quando pensamos nos colegas velhos de espírito, o problema não é diferente: aparato técnico, maturidade, domínio nos processos e capacidade de improvisação são insuficientes quando há flagrante desinteresse pela possibilidade de repensar seus próprios métodos. Ainda que em casos disfarçados de boas intenções, esse grupo acaba nos constrangendo com um enxoval de insights que seriam inovadores quatro anos atrás, oportunamente apresentados como se fossem de vanguarda – mas que para os novos padrões de obsolescência, soam jurássicos.
Porém, há um fator unanimemente comum aos dois grupos: a insistência em encaminhar esse tema para o território do “talento”. Como se a maldita palavra “talento” fosse o remédio para todas as nossas incapacidades ou fragilidades. Eu fico daqui pensando que nesse estágio da indústria de comunicação, a palavra “TALENTO” é menos relevante que a palavra “TEMPO”, que só vêm com paciência e persistência. E “talento” me parece menos relevante também que a palavra “ESTUDO” cujos gatilhos são a curiosidade e a humildade.
Nossos jovens precisam de tempo e os nossos “velhos”, de estudo. Nunca nos faltou talento, mas na dicotomia do nosso mercado somos todos Neymar ou Felipão. E você, já percebeu que não é coincidência a semelhança da posição do Brasil no ranking da Fifa e num suposto ranking da propaganda global.
Igor Puga, sócio e diretor executivo da ID\, mas queria mesmo era ser ombudsman
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