Meio & Mensagem
10 de julho de 2013 - 2h21
A internet é um território naturalmente viciante. Entramos em página após página buscando alimento para os olhos, para a alma, para o humor. Ela nos deu a possibilidade de suprir as necessidades mais urgentes e pulsionais ao toque do mouse ou do dedo, como o reconhecimento pessoal, a sensação de coletividade, alegria, tesão, conhecimento, conforto, 5 vidas extras no Candy Crush, etc.
Gênios da internet inventaram locais onde essa fonte de prazer nunca acaba, as redes sociais, e nós nos viciamos nelas em busca desses alimentos. Seguimos "criadores de conteúdo" e recebemos deles pequenas doses de prazer digital, a qualquer hora do dia, na palma da mão.
Muitos de nós já perderam horas "stalkeando" perfis no Facebooks, Instagrams, Tumblrs, e tweets alheios em busca de ocupação para a mente em momentos de tédio. E muitos de nós já ficaram muito irritados, em crises dramáticas de abstinência virtual, quando os feeds que seguimos ficaram repetitivos ou com poucas atualizações.
Mas como em qualquer ambiente, existe aquela turma que cansou um pouco disso tudo, e que sente falta de sensações menos anfetaminadas. Também queremos ver coisas que nos prendam mais de 6 segundos, e que nos façam pensar um pouco mais naquilo depois.
Temos diversos ambientes a disposição para curtir o que quisermos, desde fotos lindas cheias de filtros, a poesias, músicas, filmes, jogos, arte, etc. As ferramentas estão na mão para qualquer um produzir conteúdo, e isso pode ser feito da maneira mais estúpida a mais genial. Público interessado sempre vai existir para todas os gostos.
Colaboração, crowdsourcing, social media, essas palavras tão em voga me fazem pensar que estamos indo para um caminho diferente na interação digital. Estamos saindo da simples posição de "likers", para criadores e compartilhadores de opiniões, e com isso nos tornamos cada vez mais críticos a respeito dos conteúdos que consumimos.
Separei dois exemplos de conteúdos digitais "antigos" que me fizeram parar vários minutos para assistir, e que ficaram na memória apesar da tonelada de coisas que vi depois. Podem ser considerados longos, ou complexos, mas não são cabeça, nem chatos, só são menos instantâneos.
Os projetos interativos feitos pelo NFB buscam formas de conteúdo mais adequados ao ambiente virtual, utilizando toda a variedade de possibilidades de exploração do espaço digital e da não-linearidade própria dele.
Vale passar alguns minutos navegando na pagina dos projetos interativos, pirar nas narrativas que eles criaram juntando música, imagem, programação e interatividade. Gosto especialmente do projeto Out of my window, que mostra histórias reais de moradores de prédios em diversas cidades do mundo, utilizando navegação espacial e hyperlinks que podem ser acessados para experimentar todo tipo de conteúdo relacionado as histórias desses personagens.
Outro exemplo, esse produzido por uma marca, é a websérie "Zack 16", que foi exibida em 2009. O primeiro episódio mostrava um adolescente nerd, meio antisocial, convivendo com as dúvidas típicas de sua condição, quando de um dia para o outro descobre uma vagina em sua cueca. Lembro de esperar ansiosa por cada episódio, pra entender o que era aquilo, qual era a empresa por trás, qual era a surpresa final. A série é gostosa de assistir, faz sorrir, e nos identificamos com aquele menino.
O que me faz lembrar da websérie ainda hoje, era a qualidade dos roteiros, da produção, do casting e a vontade que sentia de assistir os episódios seguintes, compartilhada com os amigos. Aqui um link para assistir um trailer do projeto que ganhou prata em campanha integrada no Clio Awards de 2010. E no YouTube é possível encontrar todos os episódios.
Talvez seja a hora de investir mais na pesquisa de formatos de narrativas para internet e outras mídias aqui no Brasil, levando em conta a oportunidade criativa e interatividade inerente as novas possibilidades de comunicação.
Uma grande parcela de nós já cansou de músicas chiclete e vídeos de gatinhos fofos, e está ávida por algo além de "fast-feeds"… Fica a dica.
Janaina Augustin é diretora do núcleo de conteúdo para mídias digitais da O2 Filmes
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