Uber não aprovou lei, mas abriu diálogo
Aplicativo tem estratégia para explicar seus argumentos à população e aos políticos
Aplicativo tem estratégia para explicar seus argumentos à população e aos políticos
Felipe Turlao
9 de outubro de 2015 - 6h41
O Uber não atingiu seu objetivo de convencer o prefeito de São Paulo Fernando Haddad a rejeitar o projeto de lei 349/14, que foi aprovado nesta quinta-feira 8 e colocou o serviço em uma categoria especial de táxis por aplicativos, chamada de “Táxi Preto”, e que terá 5 mil alvarás de circulação.
Mas conseguiu outra meta importante: abriu o diálogo com a sociedade. O anúncio veiculado em jornais de grande circulação, e posteriormente replicado nas redes sociais, foi pensado pela agência Pereira&O´Dell como forma de trazer credibilidade à empresa, que era considerada “fora da lei” ou “clandestina”, de acordo com argumentos de categorias contrárias, como os taxistas.
Apesar de insatisfeito com a aprovação do projeto de lei, o Uber planeja seus próximos passos e a comunicação terá um papel fundamental. O esforço não foi isolado e a estratégia de conversar com a sociedade, seja em anúncios na mídia impressa ou por meio de qualquer outra forma, vai continuar.
Independente do que irá fazer, o aplicativo precisará investir em bons argumentos e em formas inteligentes de distribui-los para a opinião pública.
Meio novo x meio velho
No caso da estratégia iniciada na mídia impressa, a escolha foi avaliada de maneira positiva. Um dia após o anúncio, Haddad falou sobre ele em entrevista à rádio CBN no dia seguinte, afirmando que a carta foi respeitosa. Além disso, a mensagem foi espalhada de forma espontânea nas redes sociais, levando argumentos adiante. “Não existe meio velho ou novo, mas sim o mais adequado para surpreender e gerar repercussão. Os objetivos com o anúncio foram atingidos, especialmente, o de abrir um diálogo transparente com a opinião pública”, afirma Marcio Callage, presidente da agência Pereira&O´Dell.
Alguns dos temas controversos sobre a empresa foram tratados na peça. Nela, o Uber esclareceu que é favorável à regulamentação. E também afirmou que não quer acabar com empregos, mas gerar oportunidades de renda para 30 mil pessoas. Esforços para se tornar uma empresa “dentro da lei” na cabeça da opinião pública.
Desafio de comunicação
A batalha na esfera da comunicação vai continuar pelo simples motivo que o Uber ainda pode convencer o poder executivo e a população, mesmo com o projeto de lei aprovado. A prefeitura de São Paulo disse ontem que “continuará analisando aprimoramentos legais de serviços de utilidade pública de transportes individual de passageiros (não táxi) abrangidos pela Lei de Mobilidade Urbana”. No mesmo comunicado, a prefeitura afirmou que há espaço para 15 mil carros novos para transporte individual na cidade, além dos atuais 33 mil alvarás. E o Uber vai batalhar em outras frentes, como a esfera federal, para ser enquadrado como transporte individual privado, e não público, como ocorreu no caso paulistano.
Não é um processo fácil. A missão do Uber é influenciar a sociedade e os políticos sobre o que a ferramenta representa em um ambiente novo de economia compartilhada, em que negócios novos surgem sem estarem encaixados em regras previstas em legislações anteriores.
A questão do Uber é que ele não é uma empresa de transporte público. A lógica do aplicativo é fazer com que as pessoas compartilhem um motorista particular. O aplicativo é uma empresa privada que apenas viabiliza essas conexões. Por isso, não se encaixa em uma caixa de “táxi por aplicativo”, como determinado pelo projeto de lei. O desafio de negócios, portanto, será um grande desafio de comunicação também.
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