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W/Hits: a música nas campanhas de Washington Olivetto

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Comunicação

W/Hits: a música nas campanhas de Washington Olivetto

Música brasileira tinha espaço cativo nos filmes criados pelo publicitário, que promoveu versões de sucessos radiofônicos em vozes igualmente célebres


15 de outubro de 2024 - 19h10

Titãs participaram de um dos filmes da W/Brasil para Bombril, embalado por uma versão da banda para Pelados em Santos, dos Mamonas Assassinas (Crédito: Divulgação/YouTube)

É impossível dissociar as criações publicitárias de Washington Olivetto da música popular brasileira, da qual o criativo era grande admirador. “Minha relação com a música popular em geral e a brasileira em particular, sempre foi acentuada. É o meu radar social, é a minha maneira de tentar entender a vida”, disse, em entrevista concedida ao Meio & Mensagem em 2016.

Ele dizia que a mais mediana das canções é superior ao mais espetacular dos anúncios. “A criação musical tem níveis de concessão infinitamente menores e níveis de liberdade infinitamente maiores. E tem de ser assim. Por outro lado, existe uma disciplina para o criador musical que lembra, em alguns momentos, a disciplina do grande criador publicitário”.

Não à toa, muitas das campanhas criadas pelo publicitário são batizadas com o nome das canções escolhidas pela trilha sonora, fazendo com que, na época em que os comerciais eram veiculados, essas faixas tocassem com mais frequência nas rádios.

Foi o caso em duas campanhas da Rider criadas pela W/Brasil, que promoveram uma troca de vozes na interpretação das canções. No comercial “Como Uma Onda”, a composição de Lulu Santos e Nelson Motta é regravada por Tim Maia. Já Descobridor dos Sete Mares, um dos maiores sucessos na voz do síndico, é reinterpretada por Lulu Santos no vídeo da campanha homônima.

Ambos os comerciais fazem parte da campanha “Dê férias para seus pés”, compostos por diversos filmes marcados por imagens solares e embaladas por regravações, como a do hit País Tropical, de Jorge Ben Jor, pelos Paralamas do Sucesso, e a versão do Skank para Vamos Fugir, composição de Gilberto Gil.

Ben Jor também repaginou Que Maravilha, que compôs com Toquinho, especialmente para um dos filmes do case. Rita Lee, por sua vez, regravou Felicidade, de Lupicínio Rodrigues, enquanto os Novos Baianos fizeram uma nova versão para Brasil Pandeiro em um filme de torcida pelo País na Copa do Mundo de 1994. No mesmo ano, as canções-temas foram compiladas no CD W/Hits.

 

 

 

Até mesmo a famosa série de campanhas da Bombril, também foi marcada pela presença de músicas que fizeram muito sucesso Brasil afora. Em um dos filmes, Pense em Mim, da dupla sertaneja Chitãozinho & Xororó, é cantada pelo próprio Garoto Bombril, interpretado pelo ator Carlos Moreno.

“Nunca vou esquecer a primeira vez que assisti ao Carlinhos Moreno cantarolar Pense em Mim, de Leandro & Leonardo, durante três minutos num break comercial, lançando mais um hit da Bombril (e da dupla) em cadeia nacional”, diz Rafael Urenha, CCO e sócio-fundador da Galeria.

Em outro comercial, este com cenas de nudez e politicamente incorretas, o espaço do garoto-propaganda é invadido pelos Titãs, que entoam uma versão de Pelados em Santos, do Mamonas Assassinas.

Com ar romântico e divertido, o filme “Portas”, da W/Brasil para Garoto, é embalado pela voz de Paula Toller cantarolando os versos de Fly Me To The Moon, de Frank Sinatra.

Alô W/Brasil e a cabeça do Olivetto

Washington Olivetto e Jorge Ben Jor carregando a tocha olímpica, nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016 (Crédito: Divulgação/Instagram)

Além de inserir a música brasileira em seus filmes publicitários, Olivetto se tornou tema não de uma, mas de duas músicas de Jorge Ben Jor. A amizade entre ambos começou quando o músico ainda estava no começo de sua carreira, nos anos 1960.

Três décadas depois, Ben Jor fez um show de fim de ano para o time da W/Brasil. Entre as músicas, inventou um refrão para contagiar a plateia: “Alô, alô, W/Brasil”.

Depois do show, durante um jantar, os dois conversaram sobre a situação do País, que estava no governo Collor. “Brincamos que o Brasil estava um país tão louco que se fosse um prédio o síndico seria o Tim Maia”, relembrou, em entrevista ao Meio & Mensagem.

Esse e outros assuntos conversados viraram os versos de W/Brasil, música que chegou ao conhecimento de Olivetto meses depois, quando o produtor Pena Schmidt contou ao publicitário que canção fez parte do set list de um show do cantor, em 1991.

“Ouvi todas as referências ao nosso papo. Surfista de trem, porque era época dos surfistas de trem, a feira de Acari, onde se vendia tudo que era roubado. Estava tudo na letra. Fiquei impressionada com a força da canção ao vivo”, contou Olivetto no podcast W/Cast. “Foi um estouro numa época em que era raríssimo alguém vender um milhão de discos. O Jorge vendeu mais de um milhão. Fiquei muito feliz porque é  maior homenagem que a gente pode receber na vida”.

Dois anos depois, Ben Jor fez outra homenagem a Olivetto, dessa vez na canção Engenho de Dentro: “A cabeça do Olivetto/É igual a uma cabeça de negro/Muito QI e TNT do lado esquerdo”.

“Sou muito privilegiado na vida. Sou talvez o único cara que tem duas músicas dedicadas por um dos maiores maiores compositores do planeta, tanto como pessoa física, que é Engenho de Dentro, quanto pessoa jurídica, que é a W/Brasil”, contou.

Na segunda, 14, Ben Jor homenageou o amigo em uma publicação no Instagram: “Assim como eu, Washington tinha o amor pela caneta, pelas palavras e foi justamente com esse dom, que conseguiu deixar a vida das pessoas mais leve e alegre. Da mesma forma que a chama olímpica nunca se apagará, o legado de Olivetto também será eterno. Depois de nos ensinar tanto por aqui, tenho certeza que ele está compartilhando sua genialidade – com muito QI e TNT do lado esquerdo – em um lugar muito melhor”.

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