Novas perspectivas
A contratação de profissionais de marketing e publicidade para times de e-sports e de especialistas em games em agências e anunciantes reforçam a busca por profissionalização
A contratação de profissionais de marketing e publicidade para times de e-sports e de especialistas em games em agências e anunciantes reforçam a busca por profissionalização
Meio & Mensagem
1 de novembro de 2019 - 17h32
Game specialist ou head da área de e-sports. Posições antes incomuns ao dia a dia do marketing e das agências, elas vêm se tornando cada vez mais presentes entre os profissionais do mercado. Com o crescimento da indústria de e-sports e o aumento do investimento de marcas nesse ecossistema, trazer especialistas do assunto tornou-se algo vital para o desenho de estratégias.
Há quatro meses, o publicitário Tiago Xisto deixou a agência Wunderman, onde trabalhou quatro anos, para se tornar o CEO da Vivo Keyd, time de e-sports patrocinado pela Vivo e Acer. Como gerente de mídia da Wunderman nos últimos quatro anos, Xisto foi responsável pela conta da Dell, fabricante de notebooks, e atualmente patrocinadora do CBLoL, o Campeonato Brasileiro de Legue of Legends. “Estou vendo de perto a profissionalização desse mercado, o que é emocionante. Como já atendi grandes anunciantes, consigo perceber com clareza os objetivos estratégicos e transformar essas demandas em experiências e ativações”, afirma.
Ele explica que no cenário internacional já é perceptível um mercado sólido e altamente profissional e que isso é um caminho a ser construído no Brasil. “Com marcas de diferentes segmentos apoiando e investindo no esporte eletrônico. Por outro lado, as organizações se fortalecem. Podemos citar um exemplo bem recente e simbólico onde a Louis Vuitton divulgou uma parceria com a Riot Games, desenvolvedora do jogo League of Legends, na qual a marca ficará responsável pela caixa que transportará a taça. É uma quebra de paradigmas que precisa ser estudado. E o Brasil se mostra um cenário bem propício para toda essa inovação. Estamos trabalhando para isso”, explica.
Recém-contratado pela agência Cheil como game specialist, Bernardo Mendes, que antes atuava na holding BBL, ressalta que a pulverização do mercado atrai um olhar específico para desenvolver ações voltadas a esse público. “O papel fundamental deste profissional é auxiliar as equipes de atendimento, mídia e criação a desenvolverem projetos e campanhas que sejam bem recebidos no mercado gamer e, ao mesmo tempo, acompanhar o cenário como um todo, tentando trazer novas oportunidades”, explica.
De acordo com Mendes, esse olhar vai além das questões técnicas e se estende para pontos culturais e comportamentais. “O universo gamer é, de uma forma geral, parte do universo do entretenimento. Somos seres sociais, gostamos de nos divertir e dividir experiências com nossos amigos. Se uma marca vê valor em participar do Rock in Rio ou da novela das oito, seria uma cegueira ela não ver sentido em participar do universo gamer. As marcas têm olhado para este cenário, mas ainda são distantes dele. Falta alguém para traduzir aquele linguajar e demonstrar como explorar o potencial”, explica.
Allan Fernandes, VP comercial e de marketing da paiN Gaming desde abril deste ano, outro time de expressão no cenário de e-sports do Brasil, atuava na Webedia desde 2014 com foco em e-sports, participando diretamente dos projetos para marcas não endêmicas da casa como Gillette e Old Spice.
“Venho utilizando minha experiência no mercado de publicidade digital ‘tradicional’ para tangibilizar as entregas comerciais da paiN para os clientes não endêmicos compreenderem melhor o valor dos nossos projetos. A grosso modo, por exemplo, converto todas as exposições de um patrocínio em números que o cliente possa fazer uma conta de CPM, CPV, ou mesmo mensurar o alcance e engajamento das iniciativas de forma mais clara”, explica. A paiN vem apresentando uma estratégia comercial robusta que envolveu recentemente, uma parceria com a Coca-Cola, primeira envolvendo patrocínio da marca no Brasil e, recentemente, com a BMW.
Daniela Branco, diretora da agência CyberStars, defende que modalidade tem espaço para ações de marca que vão muito além do patrocínio, mas que isso requer maior profissionalização dentro das estruturas das equipes. “Existe um caminho a ser construído e está começando a acontecer. Existe esse movimento dos clubes de se tornarem pequenas agências, levando profissionais de agências, seja para o marketing, ou na própria liderança, no entanto, sinto falta de mais profissionais de planejamento, BI e mídia, justamente para desenvolver projetos que conversem com as oportunidades”, afirma.
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