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O que pensam os criadores de Black Mirror?

Inovações tecnológicas, trabalho conjunto e o futuro, confira algumas das ideias dos nomes por trás da aclamada série da Netflix

Teresa Levin
25 de abril de 2019 - 12h45

Charlie Brooker e Annabel Jones, criadores de Black Mirror (Crédito: André Valentim)

A construção da série é atípica, com capítulos que não precisam ser assistidos em sequência. A tecnologia, sempre presente nas temáticas, é usualmente levada a situações extremas, que geram as mais variadas sensações no público, passando do horror, à diversão, tristeza e alegria. Aclamada pela audiência e pela crítica, Black Mirror, uma série da Netflix, ainda deu um passo ousado e inovador no final de 2018. Seus criadores lançaram Bandersnatch, um longa-metragem interativo que conclama o público a participar ativamente, ao usar técnicas muito exploradas no mundo dos games. Por tudo isso, Black Mirror ganhou um espaço especial na segunda edição do Rio2C. Charlie Brooker e Annabel Jones, criadores da atração, estiveram no palco da conferência sendo entrevistados Peter Friedlander, vice-presidente de séries originais do Netflix, quando também falaram do lançamento da produção Reality Z, um remake de uma série de Brooker Dead Set, fruto de uma parceria da Netflix com a Conspiração. Na sequência, eles receberam a imprensa para um bate papo descontraído, no qual ficou perceptível a cumplicidade da dupla que brinca o tempo todo, com tiradas divertidas, e ainda implicâncias mútuas. Leia abaixo algumas das ideias por trás das mentes da cultuada série:

Inovação no entretenimento
Annabel

Homem-Aranha no Aranhaverso. Eles subverteram a animação trazendo diferentes estilos. Uma ideia perigosa, mas que alcançou um resultado inteligente, muito bem executado”.

Brooker

“Baba is You, lançado na plataforma Nintendo Switch. Abre a mente dos meus filhos na minha frente. Não traz o usual, é marcante, um game sobre lógica”.

O processo de criação em Bandersnatch
Brooker

“Foi excitante, estranho e libertador. Confuso e difícil. Usualmente, quando criamos o roteiro de um episódio regular do Black Mirror, tentamos simplificar a história, decidir o que vamos deixar de fora. Nele, toda hora adicionávamos pedaços”.

Annabel

“As escolhas eram muitas e chegávamos a algo não muito coeso, a vários finais, tínhamos que rever os personagens, os mundos. A parte mais difícil, assim como nos episódios de Black Mirror, foi simplificar, fazer ser autêntico, verdadeiro”.

Tecnologia em Black Mirror
Brooker

“As pessoas descrevem o show como sendo anti-tecnológico, mas não é. Usamos a tecnologia da mesma forma que outras histórias usam os super poderes, o sobrenatural. Mostramos as pessoas se destruindo, basicamente isso (risos). Olhamos para tudo que criamos de tecnologia na série e nos preocupamos que seja sedutor, algo que nossos personagens genuinamente usariam”.

Annabel

“São histórias de pessoas, sobre fraquezas humanas e por isso acho que há um engajamento emocional. A tecnologia não é o vilão, mas sim a nossa relação com ela, como passamos do ponto e a manipulamos. É sobre fraquezas humanas, dilemas, são histórias simples”.

Outro Bandersnatch?
Brooker

“Nunca diga nunca, mas… muitas vezes, quando estávamos fazendo Bandersnatch pensamos: nunca mais faremos isso de novo. Nunca tive um parto (risos) mas é como o milagre da vida: doloroso, mas depois as pessoas esquecem como é horrível e querem outra criança. No fim das gravações, começamos a pensar muitas coisas que faríamos. E, sim, podemos ter outro nesse formato”.

Annabel

“Se tivermos uma ideia que possa ser implementada no formato interativo podemos, sim, revisitar. Mas temos que ganhar o direito de usar esta linguagem”.

Editores da vida
Brooker

“Já temos, não? Seja através de personalidades que assumimos nas mídias sociais, personagens em um game, estamos nesse lugar já e em muitas perspectivas. Deveremos ter mais”.

Annabel

“É só pensarmos que nesta coletiva de imprensa, por exemplo, parecemos muito melhor do que somos, estamos aqui nos controlando (risos)”.

Controle de uso das telas
Brooker

“Eu fumava muito, até no banho, acordava e pegava um cigarro. Hoje, faço isso com o telefone. Essa tecnologia é sedutora, e, em algum nível, como animais, achamos mais interessante que o mundo. Estava ontem em um jantar, na praia da Barra, todos arrumados, um lugar lindo. E todos estavam no telefone. Nós pensamos que o que está ali é melhor do que todo o resto e de repente deveríamos olhar para sempre para aquela tela (risos)”.

Annabel

“Ajudam em tudo na vida, é difícil não estar envolvido com o smartphone em tudo no nosso dia. Olhando sob esta ótica, é mais difícil ter uma vida sem. A tecnologia entrou na nossa vida tão rápido que ainda estamos aprendendo em como ter uma relação com ela. Acho que cada um tem que encontrar seu padrão mas acharemos um caminho. Como espécies somos esperto e saberemos como adaptar”.

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