A onda do TikTok vira tsunami no isolamento

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Opinião

A onda do TikTok vira tsunami no isolamento

No final de março, começo do surto de Covid-19, a rede social se tornou o segundo aplicativo mais baixado na web e bateu mais de 1 bilhão de instalações apenas na loja do Android


17 de abril de 2020 - 12h37

(Crédito: Wachiwit/ iStock)

Com a pandemia do novo coronavírus, as redes sociais registraram crescimento no número de notícias sobre o assunto sendo compartilhadas, inclusive sendo preciso combater a disseminação de anúncios abusivos e as fakes news, como também o número de vídeos e transmissões ao vivo aumentarem exponencialmente.

Nesse cenário, o YouTube e o TikTok notaram um dado interessante, principalmente nas últimas semanas: boa parte dos conteúdos produzidos tratam de tutoriais ensinando a como elaborar uma máscara caseira.

Ao pesquisar por “máscara facial DIY” no YouTube, por exemplo, são exibidas centenas de resultados ensinando a fazer o item com vários materiais e formas. No TikTok, o fato se repete e, inclusive, Marc Sebastian, criador e padrão da rede social, é um grande incentivador da causa e, em vídeo publicado no seu perfil, ensina a costurar máscaras caseiras de tecido.

O YouTube é nosso velho conhecido, mas o TikTok é um recente fenômeno que já estava começando a “bombar’ forte nas redes sociais, antes desta pandemia que fez aumentar ainda suas criações e acessos a elas. Só para se ter uma ideia no final de março começo do surto de Covid-19, a rede social TikTok se tornou o segundo aplicativo mais baixado na web e bateu mais de 1 bilhão de instalações apenas na loja do Android.

Para mim, que já estava impressionado com crescimento deste canal, tudo começou um dia, antes da pandemia, enquanto eu pedia meu café latte de todos os dias no Starbucks, percebi ao lado uma mãe e sua filha que me olhavam e cochichavam. Pensei “será que as conheço e não estou recordando?” Foi quando a mãe educadamente me perguntou: “moço, me desculpe a intromissão, mas minha filha quer saber se você é fã do TikTok ou trabalha lá?” A filha estava literalmente roxa de vergonha e ria compulsivamente! Fiquei surpreso, será que eu já era famoso na rede? Calma, mas nem tinha postado nada nela! Foi quando me toquei que estava usando uma camiseta escrita TikTok, que ganhei no último Adweek NY 2020.

Para sentir a reação delas respondi: as duas coisas! A garota parecia estar diante de uma personalidade, quase pediu para tirar uma foto. Ok, ok, ainda não sou um big influencer, mas tive ao menos o gostinho de como deve ser um influenciador dos jovens nestes dias atuais.

Não trabalho no Tiktok, mas, certamente, me tornei fã naquele momento. O poder da rede social junto aos adolescentes é inegável! Propriedade da ByteDance, o aplicativo de mídia foi lançado como Douyin, na China, em setembro de 2016. Com vídeos curtos, de até 15 segundos, e mais de 500 milhões de usuários espalhados no mundo inteiro, o app teve seu boom em 2019, quando tornou-se um fenômeno global. Foi a primeira plataforma chinesa a conseguir essa proeza.

Para se ter uma ideia, no ano passado o TikTok foi baixado mais de 750 milhões de vezes,com segundo dados da consultoria Sensor Tower. Foram várias dezenas de milhões de downloads a mais que Facebook, Instagram, YouTube e Snapchat obtiveram no mesmo período.

O app está disponível em 150 países e 75 idiomas. Na Índia, até o momento seu principal mercado, quase um terço da população já baixou. A mesma porcentagem se aplica aos Estados Unidos. Desses 500 milhões de usuários, cuja média de idade varia entre 16 e 24 anos, 90% visitam a rede social mais de uma vez por dia, durante cerca de 52 minutos. O que equivale a nada menos que um bilhão de vídeos vistos a cada 24 horas.

Não demorou para o TikTok se tornar uma máquina de fazer dinheiro: a mesma agência estima aumento de 521% em sua receita anual. Só é possível recorrer a dados de terceiros, pois a empresa não divulga suas cifras comerciais. No mercado, seu valor estimado chega a US$ 75 bilhões!

No Brasil, a empresa ainda não abriu seus números, mas, segundo a consultoria ComScore, o número de usuários aumentou mais de 300% em 2019. Estima-se que mais de 7 milhões brasileiros já usem o aplicativo. Como seus concorrentes, a publicidade é a base de seu modelo de negócios. Para obter lucro, depende de ter grande tráfego e bilhões de visitas e, adivinhem? Isso o TikTok tem de sobra.

O sucesso do aplicativo também confirma o poder da tendência tecnológica do país asiático, afinal o app queridinho do momento vem da China, e não do Vale do Silício. Quase dez anos depois da morte de Steve Jobs, a única coisa que a Apple pode oferecer são seus AirPods. Já o Facebook prepara uma plataforma de pagamento digital, mas a Ant Financial (filial do Alibaba, proprietário do AliPay) já fez isso há anos.

O TikTok é só o primeiro a ganhar a atenção do Ocidente. Jeongwen Chiang, professor de marketing da Escola de Negócios Internacionais China-Europa (CEIBS), não tem dúvidas: “A China é, de longe, o país mais avançado em questões digitais”.

No futuro, saberemos quais outras novidades digitais surgirão vindas da Ásia, mas o presente está aqui, e como aquela garotinha que me abordou para saber quem eu era, milhares de usuários continuam baixando o TikTok diariamente e confirmando que esse fantástico aplicativo veio para ficar e inovar.

*Crédito da foto no topo: Audioundwerbung/ iStock

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