Bebidas no Catar: qual o impacto da proibição para as marcas?
Analistas explicam como a proibição da venda de bebidas alcóolicas no entorno dos estádios afeta a patrocinadora Budweiser e o próprio país sede
Bebidas no Catar: qual o impacto da proibição para as marcas?
BuscarBebidas no Catar: qual o impacto da proibição para as marcas?
BuscarAnalistas explicam como a proibição da venda de bebidas alcóolicas no entorno dos estádios afeta a patrocinadora Budweiser e o próprio país sede
Taís Farias
18 de novembro de 2022 - 18h11
No início desta sexta-feira, 18, foi anunciada a decisão do Catar, país do Oriente Médio sede da Copa do Mundo 2022, de proibir a venda de cervejas e outras bebidas alcóolicas no entorno dos estádios. A mudança acontece dois dias antes do início oficial do mundial no domingo, 20.
Anteriormente, o país já havia exigido mudanças nos pontos-de-venda e o desmonte de estandes.
Em comunicado, a Fifa confirmou a decisão e explicou que a venda de bebidas alcoólicas será restrita ao Fifa Fan Festival e que outros pontos de comercialização serão removidos. A marca mais impactada pela decisão é a Budweiser, da AB Inbev, que patrocinadora oficial da Copa do Mundo.
Após a decisão do Catar, a companhia chegou a publicar uma mensagem em seu perfil no Twitter que dizia: “Isso é estranho”. Depois, recuou, e apagou a postagem. Em comunicado oficial, a Fifa agradeceu o apoio e compreensão da AB Inbev e afirmou que as medidas não afetam Bud Zero, cerveja sem álcool da marca.
https://twitter.com/fifamedia/status/1593563414596657158
Já existem muitas especulações sobre os possíveis desdobramentos legais da medida. Porém, pouco se sabe sobre os termos dos contratos celebrados entre Fifa e os patrocinadores, assim como os compromissos firmados pelo Catar com a organização.
Segundo juristas, a decisão poderia configurar o que se chama, no Direito, de Factum Principis – ou Fato do Príncipe – quando o governo emite uma ordem que torna o cumprimento de uma obrigação ou contrato impossível. A modalidade é considerada de força maior. Essa aplicação poderia, inclusive, isentar a Fifa de possíveis penalidades.
Por outro lado, há quem acredite que a companhia será recompensada durante o torneio ou em anos seguintes. “Seguramente, a marca tem cláusulas contratuais que a protegem. A venda de bebida é uma contrapartida do contrato. No mínimo, há alguma multa ou compensação futura para este caso”, defende Rafael Plastina, sócio-diretor da Convocados, consultoria que atua na indústria do futebol.
Se no âmbito legal as consequências ainda são incertas, o impacto para as marcas envolvidas já é certo. “Afeta bastante não pelo aspecto de vender menos cerveja, porque não é isso que vai fazer a diferença financeira para a marca. O que mais afeta é mudar a regra na véspera. Cria um problema de credibilidade seríssimo”, aponta Ivan Martinho, professor da ESPM no curso de Pós-Graduação/MBA de Marketing Esportivo.
Ele explica que a aposta do Catar em receber um evento do porte de uma Copa do Mundo é também um aceno do país para uma abertura ao mundo ocidental. O investimento para o país sede é recompensado não apenas pelo consumo dos turistas durante o evento, mas principalmente pelos negócios realizados posteriormente. “O esporte ajuda a colocar no mapa vários países”, conta Martinho. Dessa forma, a mudança a dois dias do início da Copa não seria positiva.
Copa do Mundo na era da Web3
“O prejuízo é maior para a marca Catar do que para a marca Budweiser”, acrescenta o professor do MBA da ESPM. Para contornar essa questão, os analistas apostam em uma saída criativa e bem-humorada para Budweiser.
“Dependendo do humor, capacidade de investimento e agilidade, a marca pode lançar mão de estratégias criativas para uma nova narrativa, que mudou de rumo com essa decisão”, explica o sócio-diretor da Convocados, já que a proposta dos patrocinadores é contar boas histórias. Uma alternativa seria, por exemplo, explorar a linha sem álcool da bebida.
Na segunda-feira, 14, a Fifa disponibilizou o guia oficial para os fãs da Copa do Mundo, que estarão no Catar. Além de informações úteis sobre o acesso aos estádios e locomoção, o material descreve onde a bebida alcóolica poderá ser consumida e apresenta um guia de consciência cultural
Compartilhe
Veja também
Nike e NFL renovam parceria de materiais esportivos até 2038
Parceria reforça expansão global do esporte, além do desenvolvimento e capacitação dos atletas
As collabs mais inusitadas – e estratégicas – de 2024
Bauducco e Cimed, Risqué e Doritos e Boticário com Paçoca Amor são algumas das parcerias que geraram produtos para captar a atenção dos consumidores de diferentes universos ao longo do ano