Geração Z: o novo desafio dos anunciantes
Afetadas pelos incidentes com os millenials, marcas fazem apostas pequenas para conquistar os mutantes ?centennials?
Afetadas pelos incidentes com os millenials, marcas fazem apostas pequenas para conquistar os mutantes ?centennials?
Meio & Mensagem
5 de junho de 2015 - 8h00
(*) Por Ashley Rodriguez, do Advertising Age
Os anunciantes passaram a última década encantados com a chamada geração millennial, lutando para entender os seus hábitos sociais sempre mutantes – do Instagram, para o Snapchat para o Periscope – e seu crescente inconformismo, espírito parcimonioso e a sua obsessão cada vez maior por molhos quentes.
Na esperança de agarrar os consumidores da também chamada Geração Y, a Pizza Hut encharcou suas tortas com sriracha (um molho feito com pimenta vermelha e alho, utilizado especialmente nas cozinhas vietnamita e tailandesa), a Whole Foods anunciou uma cadeia de mercados com preços menores e marcas em todos os lugares procuraram por estrelas do YouTube e blogueiros para dar a seus produtos um brilho jovem.
Mesmo enquanto o grupo envelhece e se desenvolve, os anunciantes continuam caçando a sombra dos eus mais jovens dos millennials. Considere o apuro que varejistas jovens, como a Abercrombie & Fitch e a Aéropostale, que estão lutando com esforço para incrementar suas abordagens de marketing e merchandising para atrair melhor audiências que em grande medida já os superaram.
Muitos publicitários, de fato, foram pegos de guarda baixa pelo ritmo com que a tecnologia avançou a cultura. E como o ciclo cultural continua a se acelerar com a próxima geração – apelidada de Geração Z, ou às vezes de “centennials”, porque nasceram perto da virada do século – os anunciantes espertos estão olhando à frente e fazendo apostas pequenas e rápidas para não perder o contato com a próxima geração de adolescentes. Eles nem precisam olhar muito longe: já que os membros mais velhos deste grupo estão fazendo 18 anos em 2015, a Geração Z já chegou.
Apostas pequenas
Depois de ver seus pais e irmãos lutando enquanto passavam pela recessão, a Geração Z é prática e tem consciência em relação a dinheiro. Eles saboreiam experiências e usam a enorme quantidade de informação a seu dispor para desenterrar histórias únicas. Os anunciantes precisam pensar fora de suas táticas tradicionais para conseguir a atenção desse público. Mas uma vez que eles a tiverem, a Geração Z pode se tornar uma excelente embaixadora da marca, usando suas redes sociais para divulgá-la.
Marcas como Taco Bell, Target e a AwesomenessTV, da DreamWorks Animations, já estão testando a temperatura da água para ver como a Geração Z responde. Ao olhar para frente e experimentar aplicativos, lojas pop-up, experiências de lojas imersivas e outros esforços de marketing, essas companhias estão se tornando mais responsivas e adaptáveis às mudanças do mercado.
“É a ideia de se tomar uma mentalidade experimental”, disse Dan Gould, estrategista cultural sênior na Sparks & Honey, uma agência que tem pesquisado a Geração Z. “O jeito mais fácil de começar é fazendo apostas pequenas”.
Um ano atrás, o time de insights da Taco Bells começou a se perguntar sobre a próxima geração, e sobre como ela se diferencia dos millennials. “Foi necessária alguma investigação”, disse Melissa Friebe, vice-presidente do Laboratório de Insights da Taco Bell. “Nós descobrimos que temas similares estão se manifestando para eles de formas diferentes. Eles se tornaram mais empoderados, empreendedores e criativos”.
Isto levou a cadeia de fast-food a mergulhar em plataformas emergentes, incluindo o Periscope; a construir campanhas em torno de momentos culturais; e a continuar a abraçar os mashups alimentícios.
Recentemente, a Taco Bell fez sua estreia no Periscope com uma “newscast” ao vivo, revelando sua nova criação para o café da manhã – taco de biscoito – e anunciando um brinde para todos os consumidores dos Estados Unidos no Cinco de Mayo (feriado local).
“Nós estamos sempre em modo de teste, tentando coisas novas”, disse Friebe, para quem a abordagem ressoa com a maneira que os jovens, que nasceram na tecnologia, experimentam as coisas. “Nossos consumidores estão acostumados a viver em um mundo onde as pessoas estão sempre tentando alguma coisa, vendo se elas funcionam e fazendo mudanças”.
A Taco Bell também está transportando os consumidores de volta para as suas infâncias com invenções como o Cap’n Crunch Delights, um donut inspirado no clássico cereal, assim como anúncios como o “Unboxing Kids”, o qual traz um irmão e uma irmã que viralizaram com um vídeo caseiro mostrando sua briga ao desembrulhar um Nintendo 64. “Pessoas jovens têm acesso a todo tipo de informação e tecnologia, mas isso pode ser exaustivo”, disse Friebe. “Eles gostam de coisas como a nostalgia”.
De algumas maneiras, a Geração Z é uma progressão natural, imitando os millennials mais novos, de acordo com Gould, da Sparke & Honey. Eles são práticos e conscientes em relação a dinheiro, depois de assistir aos seus irmãos millennials lutarem para encontrar um trabalho e se mudarem da casa dos pais. Com mais informação que qualquer geração antes deles, fazem seu dever de casa para encontrar a melhor qualidade por um preço justo. E, uma vez que eles encontram algo de que gostem, são leais e gostam de compartilhar.
“Eles gostam de experimentar; são inovadores; correm riscos; e amam descobrir coisas novas”, disse Jim Fielding, diretor global de produtos de consumo e varejo da AwesomenessTV, dirigida a públicos jovens. “Eles estão constantemente procurando por coisas diferentes, novas e excitantes. E gostam de compartilhar imediatamente. É quase uma caça ao tesouro para eles”.
Com base nessa ideia, a presença no varejo da AwesomnessTV está crescendo e eles estão experimentando com formatos novos e mais flexíveis. Em outubro passado, abriram uma loja pop-up com merchandise de sua robusta coleção de criadores do YouTube. Eles também fizeram uma parceria com a Sotyr, loja conceito de Nova York, em uma instalação de quatro semanas com produtos inspirados em seis de suas estrelas.
“Essa geração não faz compras da mesma forma que a geração antes deles”, disse Fielding. “Não é sobre ir ao shopping. Eles fazem compras digitalmente, remotamente e fisicamente. Eles estão sempre em busca de algo.”
Esses novos hábitos de compra estão incitando inovações no varejo, incluindo lojas pop-up repensadas, lojas conceito como a Story, que focam na experiência de consumo e modelos de e-commerce construídos para a geração do smartphone.
Uma startup mobile chamada MikMak, por exemplo, está atualizando infomercials para a geração do iPhone. Ela traz comediantes e outras personalidades em comerciais curtos para produtos disponíveis para compras no app mobile. E varejistas como a Rent the Runway, que colocam as descobertas antes da propriedade, estão crescendo rapidamente. O serviço de aluguel de vestidos começou como um modesto e-commerce em 2009 para uma companhia estimada em 500 milhões de dólares com lojas físicas em Nova York, Washington, Las Vegas e Chicago.
“Essa é uma geração que se preocupa menos com as coisas e as coisas como status”, disse Rachel Shechtman, fundadora da boutique Story. Ela deu um exemplo: Ingrid Nilsen, da AwesomenessTV, popular entre adolescentes e gente de 20 e poucos anos, usou um vestido da Rent the Runway durante um evento na loja de Schechtman no começo deste ano. “Talvez o futuro do consumo de certas categorias de produtos não esteja centrado na propriedade, mas a outro modelo associado a ela”, afirmou. Certamente, Run the Runway, Zipcar e outros modelos de aluguel são apenas a ponta do iceberg.
Marketing de social media está morto
Mais do que as gerações antes deles, que estavam vestidas em trajes formais ou com uniformes que representassem sua rebelião, a Geração Z quer ser única.
“Se sobressair é o novo se adequar”, disse Megan Hartman, diretora da divisão jovem da Red Peak Branding, a Red Peak Youth. “Essa geração quer deixar a sua própria marca e ser individual.” Marcas que ajudam os jovens a se expressarem com seus estilos mais rapidamente, como a Forever 21 e a H&M, estão em posição melhor para alcançar essa audiência, ela disse.
A Taco Bell tocou esse insight com a campanha deste ano, “Dissidentes do café da manhã”, feita para promover o novo menu de café da manhã da marca, encorajando os consumidores e quebrar as convenções culinárias. Tropas de rebelião não são o novo marketing, mas o caminho para a mudança é.
O ciclo rápido apresenta um desafio para varejistas que construíram seus negócios em prazos mais longos. Algumas marcas, como a Gap, agora estão trabalhando para acelerar seus ciclos de produção. O novo CEO, Art Peck, recentemente disse à Fast Company que está tentando encurtar o ciclo de 40 semanas para 30 semanas. Outros estão usando formas inovadoras de merchandising para mostrar seus produtos sob uma nova luz.
“Talvez você não possa reinventar a coleção, mas pode reinventar a forma de apresentá-la”, disse Gould. Ele citou a Target como um exemplo. A varejista levou seu jogo para as redes sociais, agindo como um curador de estilo de vida e procurando elevar os itens do dia a dia mostrando-os de forma criativa.
No Instagram, a Target compartilha fotos cheias de estilo de uma variedade de produtos. Há um jardim luxuoso, com luzes e lanternas penduradas, uma coleção de produtos de beleza inspirada em cores e um conjunto de roupas de flanela com a hashtag #MCM (Man Crush Monday) que apresenta um canivete suíço, um aromatizador de carro de pinho real e um cinto de couro marrom. E no Snapchat, ela dá acesso a bastidores de artistas como o Imagine Dragons e Shawn Mendes para os fãs.
Campanhas dirigidas pela experiência são moeda social para jovens consumidores que cresceram com a habilidade de compartilhar coisas instantaneamente. “O conceito de marketing social-media está morto para a Geração Z”, disse Jeff Fromm, presidente da FutureCast e consultor de marketing focado nos millennials. “Marketing de conteúdo inspiracional e engajador se torna um veículo de transmissão social”.
Imprevisível e se movendo rápido
Friebe se lembra de terem lhe perguntado onde ela se imaginava daqui a cinco anos durante uma recente reunião de liderança na Taco Bell. Ela considerou onde a Geração Z estava antes de responder.
O grupo já ganha US$ 44 bilhões de mesada todos os anos, de acordo com um relatório da Sparks & Honey. E enquanto o seu poder de compra cresce, mais marcas farão seu marketing para uma audiência futura que é difícil de prever. Ao experimentar e fazer pequenas apostas, os anunciantes podem responder mais rapidamente às mudanças culturais sem atirar demais e perder o alvo.
“Cinco anos está longe demais por conta do quão rapidamente a cultura está mudando e a rapidez com que essa geração está se movendo”, disse Friebe.
(*) Tradução: Odhara Rodrigues
Compartilhe
Veja também
Prefeitura de São Paulo interrompe projeto do “Largo da Batata Ruffles”
Administração Municipal avaliou que a Comissão de Proteção à Paisagem Urbana precisa dar um parecer sobre o projeto; PepsiCo, dona da marca, diz que parceria é de cooperação e doação e não um acordo de naming rights
Natal e panetones: como as marcas buscam diferenciação?
Em meio a um mercado amplo, marcas como Cacau Show, Bauducco e Dengo investem no equilíbrio entre tradição e inovação, criação de novos momentos de consumo, conexão com novas gerações, entre outros