Campos: Brasil acumulou acertos, mas parou
Em evento da Corpora e do jornal O Estado de S. Paulo, o pré-candidato à presidência da República, Eduardo Campos, respondeu a questões dos principais setores econômicos
Em evento da Corpora e do jornal O Estado de S. Paulo, o pré-candidato à presidência da República, Eduardo Campos, respondeu a questões dos principais setores econômicos
Roseani Rocha
26 de maio de 2014 - 1h54
Eduardo Campos, pré-candidato à presidência da República pelo PSB, participou de uma sabatina na manhã desta segunda-feira 26 em São Paulo. O evento foi organizado pela Corpora e pelo jornal O Estado de S. Paulo.
O Brasil acumulou avanços nos últimos anos, como a consolidação da democracia, a estabilidade econômica e a inclusão social, destacou Campos. No entanto, os processos de melhoria estagnaram e assuntos como endividamento, juros altos e perda de qualidade de vida vieram à tona, aumentando sensação de incômodo entre a população. O desafio, avalia o pré-candidato, é retomar o caminho de crescimento.
Depois de sua visão geral sobre a situação do País, Campos respondeu questões levantadas anteriormente pelos participantes da sabatina: Gabriel Rico, presidente da Amcham; Adriano Pires, professor da UFRJ e presidente do Centro Brasileiro de Infraestrutura; Flávio Rocha, presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV) e da Riachuelo; e Gustavo Junqueira, presidente da Sociedade Rural Brasileira.
O presidente da Amcham avaliou o ambiente para negócios no Brasil, destacando dados como o fato de o País ter 55 outros países à sua frente no quesito competitividade; 84, quando o assunto é saúde e educação; e 72 países em melhor situação que a nossa em lista que avalia níveis de corrupção. A participação no comércio mundial é outro ponto que poderia ser melhor: 1,3% das exportações mundiais são do Brasil, sendo que o País representa 3% do PIB global. “Temos uma economia provinciana”, criticou Rico.
Representando o varejo, Flavio Rocha enalteceu o desempenho do varejo, que cresceu 110% na última década contra 40% do PIB, graças a fatores como a formalização do setor. Entretanto, ele vê a queda na competitividade, principalmente por conta do custo Brasil, que recai sobre quem trabalha formalmente, um fantasma que assombra as perspectivas de crescimento do varejo. O executivo destacou o fato de o setor empregar 30% da mão-de-obra brasileira, mas se mostrou ressentido de fatos como o de que o País gera mais ações trabalhistas por dia que o Japão em um ano inteiro, segundo ele.
A Adriano Pires coube destacar que o setor energético global está passando por grandes transformações – os Estados Unidos retomando competitividade econômica com sua produção de gás de xisto – e o Brasil que tem o principal, fontes energéticas, não anda no mesmo ritmo. “O Brasil está bem posicionado na oferta, porque é rico em energia, mas muito atrasado em relação ao que ocorre no mundo, por culpa de uma política intervencionista desastrosa do Governo”, afirmou.
Já as críticas e questionamentos de Gustavo Junqueira passaram por questões como a visão “preconceituosa” com que o mundo urbano enxerga os negócios do campo e suas relações de trabalho. Segundo o representante da Sociedade Rural, muitas vezes por falta de conhecimento. Os desafios do setor, que representa um terço do PIB nacional, passam por questões de produção (travas regulatórias, insumos, distribuição e um traço cultural “anti-agro”) e proteção, que envolve as discussões sobre meio ambiente – definidas pelo Código Florestal -, impasse fundiário que limita a presença estrangeira no setor e a demarcação, segundo ele, de “supostas áreas de reservas indígenas e quilombolas”. Resolvidas as demandas do setor, destacou Junqueira, o Brasil poderia ser “o grande guardião da segurança alimentar do mundo”.
Durante suas respostas, Eduardo Campos destacou que não terá preconceito contra o capital privado e o lucro, já que sendo eleito governaria um país capitalista, mas que o Brasil precisa adotar um crescimento saudável, que também gere lucros à sociedade. Destacou, ainda, que o País precisa mudar a qualidade de sua governança, uma vez que hoje o Estado acha que existe para ser servido e não o contrário. Também defendeu um Banco Central independente e um conselho fiscal que deixe claro os caminhos que o País está seguindo. Sobre o varejo, Campos avalia que não há incompatibilidade entre ajustes econômicos e o aumento do consumo e que o setor não vai conseguir continuar ajudando a economia se o Brasil não melhorar em termos macroeconômicos. “É preciso proteger a renda, o emprego, o crédito e a confiança das famílias”, disse.
Ao tratar de infraestrutura, o pré-candidato define o momento como “delicado” e que o setor de energia era o único que tinha planejamento de longo prazo, isso se perdeu e precisa ser recuperado.
Os temas segurança e educação – sobre os quais Campos recebeu perguntas do público do evento – iam ficando fora da sabatina por falta de tempo. O pré-candidato aproveitou, então, seu tempo dedicado a considerações finais para dizer que a educação precisa deixar de ser discurso para virar uma prática de todos os governantes. Ele acredita que em uma década é possível uma virada na qualidade do ensino brasileiro. “Enquanto a velha política quer discutir quem será a diretora da escola e quem vai fornecer a merenda, nós queremos discutir o futuro das crianças”, declarou sob aplausos.
Na próxima segunda-feira, 2 de junho, o sabatinado será o pré-candidato à presidência pelo PSDB, Aécio Neves.
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