Clubes gringos partem para o ataque

Fernando Murad
4 de julho de 2012 - 8h13

A paixão do torcedor pelo futebol transcende a geografia. Flamengo, Corinthians e São Paulo, que têm torcidas maiores que a própria população de suas cidades de origem, são exemplos disso. Em tempos de futebol globalizado, não é por acaso que grandes times da Europa e até da América do Sul estão tocando bola na área brasileira. O objetivo é atrair a simpatia das novas gerações de amantes do esporte bretão e disseminar suas marcas por aqui por meio de colônias de férias e escolinhas.

O mais brasileiro dos times italianos, o Milan foi o pioneiro nesta área no País. O rossonero trouxe o Milan Junior Camp para o Rio de Janeiro em 2005 e atualmente tem acampamentos em 11 cidades. Os hermanos do Boca Juniors, por sua vez, entraram no mercado em 2010 com a proposta de montar uma rede de franquias de escolas, e já contam com 13 unidades. Leia mais sobre o Boca aqui. Por fim, o poderoso Barcelona promoveu a primeira edição do FCBCamp em janeiro deste ano, também na capital fluminense, e ainda no segundo semestre levará o camp para Belo Horizonte e São Paulo.

“Não temos a intenção primária de formar jogadores. Queremos criar uma experiência direta com o público de 8 a 13 anos, faixa de idade em que se toma a decisão de que time torcer”, conta Mauro Corrêa, diretor executivo da Golden Goal, parceira de negócios oficial do Milan no Brasil. O País é o principal mercado internacional da Milan Junior Camp, presente em 47 nações. Apenas em 2011, foram 1.700 participantes nos acampamentos nacionais.

 Bicho-papão da América do Sul, o Boca Juniors ingressou no mercado brasileiro em parceria com a DFS Gol Business, que é a franqueadora máster da rede Escolas de Futebol Boca Juniors. Em pouco mais de um ano de operação, a bandeira conta com 13 unidades espalhadas pelo Ceará, Distrito Federal, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo, que somam cerca de 2.400 alunos. A meta é atingir o número de 30 escolinhas até setembro de 2013.

“O projeto do Boca está presente em 10 países e tem 24 escolas. O Brasil representa mais da metade. Isso é surpreendente até para eles. Sabíamos que poderíamos encontrar dificuldades, mas encontramos um nicho de mercado. Existe público consumidor. O objetivo final é solidificar a marca fora da Argentina”, comenta Carlos Júlio Pierin, sócio-diretor da DFS, que anteriormente trabalhou com o Santos no projeto da rede de escolinhas Meninos da Vila.

Principal referência em termos de futebol arte na atualidade, o Barcelona trouxe sua escola de futebol para o Brasil neste ano em parceria com a Klefer. A primeira edição do FCBCamp ocorreu em janeiro na capital fluminense, com a participação de 135 crianças, e agora em julho já será organizado o segundo acampamento. “O Brasil é um mercado estratégico para o clube e queremos estar presente. Sabemos da paixão dos brasileiros pelo futebol e isso nos dá a oportunidade de poder mostrar nosso trabalho para um maior número possível de crianças”, conta Xevi Marcé, diretor da FCBEscolas.

O acordo entre Klefer e Barça abrange a realização dos camps, além da implantação da Escola Oficial do clube catalão no Rio de Janeiro. As seletivas estão previstas para novembro deste ano. “Em dezembro, teremos camp em Belo Horizonte e São Paulo, em locais ainda a definir”, confirma Kleber Leite Filho, diretor da Klefer. O contrato inicial vai até 2016 e permite a expansão dos camps para outras praças.