Contagem regressiva para Londres 2012
Evento que comemorou os cem dias para os Jogos Olímpicos também marca esforço do governo britânico em estimular o turismo de brasileiros no Reino Unido
Evento que comemorou os cem dias para os Jogos Olímpicos também marca esforço do governo britânico em estimular o turismo de brasileiros no Reino Unido
Meio & Mensagem
24 de abril de 2012 - 10h59
Por Tim Lucas*
As relações entre Reino Unido e Brasil nunca foram tão próximas, segundo afirmou o ministro da Casa Civil inglês Francis Maude, durante evento na semana passada no Consulado Britânico de São Paulo em comemoração aos cem dias de contagem regressiva à abertura dos Jogos Olímpicos de Londres. Entre os presentes, encontravam-se várias autoridades governamentais das duas nações, atletas olímpicos brasileiros do passado e do presente, além de Wenlock, o mascote da Olimpíada.
Lord Sebastian Coe, presidente do Comitê Organizador do grande evento esportivo, também marcou presença por meio de uma mensagem especial, gravada recentemente no deck da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro.
O mestre de cerimônias da noite foi o apresentador da Band Sport Elia Jr., que já atuou em vários Jogos desde Los Angeles, em 1984. A emissora adquiriu dois exemplares de um dos símbolos mais conhecidos da capital do Reino Unido, que farão parte de sua cobertura nas Olimpíadas de 2012: os famosíssimos ônibus vermelhos de dois andares da marca Routemaster, que há pouco voltaram a circular.
Durante a comemoração da semana passada, o veículo que se encontra em São Paulo, serviu como um cenário perfeito para fotos. Permanecerá na capital paulista e será utilizado pela Band em ações de marketing nos próximos meses, ou seja, assim que for adaptado para direção pelo lado direito da rua. O outro, que ficou em Londres, está sendo transformado em uma versão aberta na parte superior e equipado para que Elia Jr. e sua equipe, direto da cidade-sede, possam apresentar programas ao vivo durante os Jogos.
Durante a cobertura da Olimpíada de Londres, feita 24 horas por dia, o ônibus visitará alguns dos principais pontos turísticos locais. Com isso, a Band visa transmitir a uma impressão real da cidade, e não só as as notícias sobre esportes. Também deseja ter um autêntico estúdio de TV, quanto uma locação característica e móvel para a equipe da Band Sports receber patrocinadores e atletas.
Great Britain
A cerimônia em São Paulo faz parte de uma série de eventos realizados no Brasil durante a preparação para os Jogos, no âmbito da campanha Great Britain, que também trouxe em março o príncipe Harry ao País e visa dar ao Reino Unido umamarca única, a ser utilizada pela agência de fomento UK Trade and Investment, o órgão de promoção do turismo Visit Britain e o instituto cultural British Council.
Trata-se do maior investimento do governo britânico em parceria com marcas locais, tais como a empresa aérea British Airways, para promover os interesses do país no exterior. Durante uma entrevista concedida por Robin Johnson, o gerente do Visit Britain na América Latina responsável por marketing e RP, ficou claro que o Brasil se torna, cada vez mais, um mercado no qual se buscará uma expansão nos próximos anos. Os brasileiros, que já formam o quinto maior grupo de turistas em terras britânicas, são o público-alvo de várias campanhas que utilizam ocasiões como os Jogos Olímpicos para vitrines das atrações do país.
No evento, também foram exibidos anúncios e um dos filmes criados pela agência Mother de Londres que fazem parte da campanha, veiculada dentro e fora da mídia. Uma vez que o número de visitantes provenientes dos países desenvolvidos, como os EUA, estagnou ou até mesmo caiu, o governo britânico vem, de forma consciente, buscando intensificar ações de marketing em mercados emergentes para divulgar o Reino Unido como destino turístico.
Um dos maiores desafios — que, para Johnson, também será enfrentado pelos órgãos brasileiros de fomento ao turismo, como a Embratur — é conciliar, nas campanhas, o apelo aos símbolos e estereótipos tradicionais com a ampliação, entre o público que planeja vir aos grandes eventos, da visão de que tanto o Reino Unido quanto o Brasil têm a oferecer, além de Londres e Rio. Ao mesmo tempo, é preciso controlar as expectativas de curto prazo na medida em que, devido às multidões e possíveis ameaças de segurança relacionadas a todos os grandes eventos esportivos, alguns turistas possam, na verdade, acabar se afastando de Londres.
Contudo, deve-se considerar o grande potencial dos Jogos em longo prazo de aumentar o interesse e, por conseguinte, o número de visitantes. Johnson também afirmou que, embora alguns ainda tenham certa relutância em visitar o Reino Unido por não saberem como serão recebidos, seus três anos de experiência em São Paulo demonstram que é quase impossível encontrar brasileiros que façam comentários negativos a respeito de viagens àquele país.
O desafio de atrair patrocinadores
É claro que, durante a comemoração no consulado, se serviram os tradicionais fish and chips e cerveja quente. Os únicos presentes que não experimentaram o prato típico da culinária britânica foram os vários futuros representantes do Brasil em Londres. Com a contagem regressiva para a abertura, indicando menos de 15 semanas, os atletas começam a sentir os nervos à flor da pele, da mesma forma que cresce a empolgação em participar do maior evento esportivo do mundo.
A maratonista Adriana Aparecida destacou esse ponto ao comentar que “a expectativa é boa” para sua primeira Olímpiada. “Hoje estou bem preparada. Vai ser difícil brigar por uma medalha, mas é uma ótima oportunidade de melhorar a minha marca e estabelecer um recorde pessoal.”
Uma conversa com alguns dos esportistas que estarão nos Jogos também revelou claramente o empenho e a dedicação que os possibilitaram atingir essa grande conquista. Luiza Almeida é a única atleta de adestramento (hipismo) com vaga para os Jogos porque, infelizmente, a equipe não conseguiu se classificar. Em maio, participará de competições na Europa antes da Olimpíada e, no dia 20 de julho, irá para Londres. Apesar do crescente interesse pelos esportes aqui no Brasil, Luiza, mesmo sendo a melhor brasileira em sua categoria, não conta com patrocínio de nenhuma marca.
A CBH (Confederação Brasileira de Hipismo) mantém um acordo com o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) para fornecer uma ajuda de custo, mas, como a própria moça explicou, tem o “paitrocínio”, que ajuda. A grande esperança da amazona é que, como o adestramento está crescendo, a cobertura que conseguir por seu desempenho este ano, por menor que seja, pode ajudar a chamar atenção para o esporte e atrair patrocinadores.
Já Adriana tem mais sorte, uma vez que conta com o apoio da Caixa, 3M, Rede Energia e, sobretudo, Asics. “Foi através do técnico que consegui o contato com a Asics, depois de melhorar os resultados e batendo recordes. A Asics cresceu bastante nos últimos anos e fez os atletas também crescerem”.
Um dos convidados à cerimônia no consulado que tem uma visão ímpar dos desafios e oportunidades que aguardam os brasileiros nas Olimpíadas é Fernando Scherer, o Xuxa. “Sempre tive apoio, sempre tive patrocínio onde eu fui. Mas ainda continua sendo difícil aqui no Brasil. Essa é nossa batalha como ex-atletas.” No entanto, para o nadador, os investimentos em esportistas devem crescer nos próximos quatro anos. “O Brasil, depois de Londres, vai ser o país de todos os esportes, com a Copa e os Jogos do Rio de Janeiro. O Brasil está acreditando nos atletas e no esporte em geral como uma vitrine no mundo.”
*Tim Lucas é sócio-diretor da The Listening Agency
tim@thelisteningagency.com
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