GM se esquiva da Chrysler
CEO Sergio Marchionne ainda não desistiu de unir as duas empresas
CEO Sergio Marchionne ainda não desistiu de unir as duas empresas
Meio & Mensagem
3 de setembro de 2015 - 8h00
(*) Por Larry P. Vellequette, para o Advertising Age
A General Motors negou os avanços da sua rival do outro lado da cidade Fiat Chrysler, mas o CEO da Chrysler Sergio Marchionne não está desistindo. Marchionne afirmou que fez as contas e descobriu que existem muitos pontos positivos em uma fusão entre as duas empresas para deixar o acordo passar, ou pelo menos não ser explorado.
Em uma entrevista de duas horas para a Automotive News em seu escritório no centro de Detroit, Marchionne disse que os números são tão bons que a cúpula de diretores não tem escolha a não ser pressionar a GM a começar uma discussão. “Seria irracional não forçar uma parceria,” afirmou.
Isso soa como se uma oferta hostil estivesse prestes a ser feita. “Não hostil,” esclareceu o CEO da Chrysler. “Existem vários graus de abraços. Eu posso te abraçar bem, eu posso te apertar, eu posso te abraçar que nem um urso. Tudo começa com um contato físico. Depois pode decair, mas tudo começa com contato físico”.
Funcionários da GM, falando em off, questionam o que Marchionne fala sobre sinergia e deixam a entender que uma junção das empresas seria uma péssima ideia. “Porque a GM deveria pagar a fiança da FCA?”, questionou um alto executivo da GM.
Mas Marchionne reafirma que a lógica do negócio é irrefutável. “Nós não estamos falando de crescimento marginal em margens. Estamos falando de mudanças drásticas em performances. Gigantes. Eu passei produto por produto, planta por planta, área por área, eu analisei tudo. Obviamente fiz algumas suposições arbitrárias sobre qual arquitetura e qual engenharia sobreviverá, e o único acordo que oferece a eles o mesmo benefício que potencialmente podemos conseguir somos nós”, afirma o CEO.
Os benefícios em potencial, ele afirma, são exponencialmente maiores que a soma dos ganhos das duas empresas. Marchionne ainda diz que a GM não está atendendo às suas ligações. “Eu já me ofereci para sentar com eles e mostrar os números”, contou o CEO enquanto foleava documentos em sua mesa, dando aos visitantes uma possibilidade de ver uma infinidade de gráficos e tabelas.
“Eles não querem ouvir. Esse tipo de comportamento… o mercado financeiro não vai entender o motivo da recusa para conversar”.
“Você pode recusar o acordo, mas não pode dizer não a uma conversa. Se você se recusa a falar comigo e você não viu nada, você só pode se achar superior a tudo ou achar que o mercado de capital está cheio de idiotas que te devem algo”, complementa.
Um negócio melhor
Segundo Marchionne, não faltam possíveis parceiros e que é possível vender ou fazer uma fusão. “Já tive respostas de pessoas que mostraram interesse em conversar,” disse. “São pessoas de quem eu gostaria de receber respostas? A resposta é provavelmente não. São pessoas interessantes para fazer negócios. Eu não estou interessado em fazer negócios com eles porque eu já tenho um negócio melhor”, aponta o executivo.
Sem especificar em como chegou aos resultados, Marchionne cita um surpreendente EBITDA que não mudaria com a fusão entre a FCA e a GM. “A empresa combinada por gerar US$ 30 bilhões em caixa em um ano. Trinta. Apenas pense nesse número. Em ambientes estáveis, irá fazer entre US$ 28 bilhões e US$ 30 bilhões, com vendas anuais de 17 milhões”.
O head de pesquisa automotiva global da Evercore ISI Arndt Ellinghorst, disse que o alvo é realístico. “A combinação das empresas irá gerar um EBITDA de quase US$ 25 bilhões esse ano”, afirma Ellinghorst. “Se você assumir alguma sinergia e pico de condições de mercado, então é possível chegar em US$ 30 bilhões de EBITDA”.
Em off, um porta-voz da GM disse que os executivos da empresa não viram as análises de Marchionne de como as duas empresas seriam juntas, mas expressou dúvidas sobre como o CEO conseguiria chegar à sua meta de lucro e cumprir o que prometeu a vendedores em Las Vegas na última semana, onde prometeu não impactar os revendedores ou cortar empregos.
Perguntado diretamente, um porta-voz disse que não falaria que as análises de Marchionne estão erradas, mas afirmou que a empresa e seus acionistas acreditam que a empresa está bem sozinha.
Marchionne disse que nunca conheceu a CEO da GM Mary Barra. “Eu não estou tentando sair em um encontro com a Mary, para constar, mas eu estou tentando falar com ela”. “Respondemos apropriadamente a ele por todos os canais que ele nos contatou”, informou a GM.
E se existe uma resistência de conversar com a Chrysler pela reputação de esperto que Marchionne tem, o CEO também respondeu a isso. “Olhe, eu sou um negociador duro e as pessoas sabem disso, certo? Eu sou quem eu sou, mas o que que tem? Mande outra pessoa para conversar. Mandem os tubarões”.
Trabalho árduo
Em uma nota para investidores em junho, Max Warburton, um analista da Sanford C. Bernstein, escreveu: “unir a FCA e a GM aparenta ser um pesadelo operacional e de administração. Mas, sinceramente, se existe alguém que pode superar os problemas e fazer funcionar é o Marchionne”.
O próprio chefe da FCA afirmou: “um ataque à GM, devidamente estruturado, propriamente financiado, não pode ser negado. Você pode tentar se fazer de difícil até um ponto. É muito grande para ignorar, esse é o problema que nossa diretoria está enfrentando,” afirmou Barra, que publicamente ignorou a investida de Marchionne, em junho. Ela disse que a GM está ocupada se unindo consigo mesma.
Marchionne admite que a fusão com a GM seria um trabalho árduo, mas ele não desiste dos seus pontos. “Quando você tem esse tipo de análise e esse tipo de introspecção sobre o seu negócio e as outras pessoas, você sai com a convicção que é válido quebrar barreiras que as diferenças culturais impõem. Os benefícios são tantos que eu não acho que você possa parar a máquina”, analisa.
“Isso não é uma questão de falar para eu ir ‘me catar’. Eu entendo que a GM deseja ficar sozinha e executar seu plano. Eu ouvi os comentários… ‘nós estamos nos unindo com nós mesmos’, o que eu não compro vindo de uma empresa de 107 anos. Você não pode se unir com você mesmo”.
Traduzido por Mariana Stocco
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