Incertezas marcam o GP Brasil de F1
Massa se despede da categoria e Felipe Nasr ainda não definiu seu futuro
Massa se despede da categoria e Felipe Nasr ainda não definiu seu futuro
Luiz Gustavo Pacete
11 de novembro de 2016 - 16h01
Os últimos meses foram agitados para o mundo da Fórmula 1. A chegada de um novo dono em setembro – após a compra do evento pela Liberty Media – trouxe novas perspectivas para o torneio que precisa buscar a reinvenção e a modernização de sua linguagem. Em relação ao Brasil, existem várias dúvidas. Com a aposentadoria de Felipe Massa e as incertezas sobre a continuidade de Felipe Nasr podem fazer com que pela primeira vez, desde 1970, o País não seja representado por um brasileiro. Além disso, a realização do torneio no Autódromo de Interlagos, em 2017, segue como incerteza.
Apesar de tantas perguntas em relação ao evento e a queda de interesse no Brasil, a Fórmula 1 segue como um produto atrativo e valioso. No início desta semana, encerrou-se o prazo para que os atuais cotistas da Fórmula 1 da TV Globo manifestem seu interesse em renovar o plano para a temporada de 2017. Grupo Petrópolis (Itaipava), Renault, Santander, TIM, Unilever e Zap Imóveis têm prioridade na negociação. Cada uma das seis cotas de patrocínio tem valor de tabela de R$ 87,2 milhões (praticamente 10% acima do preço de R$ 79,8 milhões, cobrado por cada cota da temporada 2016).
O futuro da Fórmula 1 no Brasil e no mundo
Flávio De Pauw, diretor-geral de mídia da Ogilvy Brasil, afirma que como produto de marketing, a F1 é muito relevante para empresas que querem se associar a um território com tecnologia de ponta. “A presença consistente em um ambiente que vive de inovação é muito valiosa para marcas, que precisam construir uma imagem de modernidade. ” De acordo com ele, não há dúvidas que o interesse é maior quando temos brasileiros em condições competitivas, vide o crescimento das audiências do Circuito Mundial de Surfe. “Mas também entendo que existe um universo de fãs do esporte em si, que tem prazer em acompanhar as corridas independentemente da nacionalidade dos pilotos. É uma audiência mais específica, mas que deve demonstrar níveis maiores de engajamento”, diz De Pauw.
Anderson Gurgel, professor de comunicação e marketing esportivo do Mackenzie, explica que a saída de Massa da categoria prejudica o negócio da F1 principalmente nas ações com marcas. “A falta de pilotos competitivos dificulta mais ainda a ativação das propriedades ligadas ao principal campeonato do automobilismo no âmbito nacional”. Gurgel explica que a ausência de Massa pode causar ainda mais desinteresse pelos brasileiros. “Em relação ao público, é mais um fator de desmobilização e aumento de desinteresse, mas não se pode perder de vista, que esse quadro já vinha se acentuando mesmo com o Massa nas pistas. As estratégias de cobertura de mídia e marketing esportivos são dependentes de ídolos e feitos e, nesse sentido, o automobilismo brasileiro está carente já há algum tempo. ”
Gurgel ressalta, no entanto, que a F1 é um negócio bilionário e que se configura entre os principais megaeventos esportivos do mundo. ”Uma tentativa de mudar essa situação foi a parceria com a Heineken, realizada nos últimos meses. Mais que trazer mais um parceiro e recursos à F1, a parceria tem a ver com trazer jovialidade ao business que perdeu a capacidade de atrair jovens e se conectar ao cenário sócio-midiático atual. Nesse sentido, a saída do Massa não interfere muito e ter ou não um outro brasileiro no lugar dele pouco vai mudar. O problema é mudança de gestão e modernização para uma modalidade esportiva que não está encantando novas gerações como já foi capaz no passado. ”
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