Individualismo e fim da abundância: desafios para 2022
Décima quinta edição do Fjord Trends aponta comportamentos que devem impactar estratégias de negócio no próximo ano
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Isabella Lessa
15 de dezembro de 2021 - 11h46
Ao longo destes últimos dois anos, ao mesmo tempo em que o mundo vivenciou mudanças de pequenas e grandes proporções, ficou evidente a transformação da relação das pessoas com o trabalho, o consumo, a tecnologia e o planeta: da alteração da mentalidade dos trabalhadores e a escassez provocada pelos problemas nas cadeias de suprimento, à chegada cada vez mais próxima do metaverso. Tudo isso tem obrigado as empresas a desenhar estratégias de negócio que considerem essas disrupções, aponta a 15ª edição do Fjord Trends, relatório anual apresentado pela consultoria de design da Accenture.
De acordo com Mark Curtis, chefe de global innovation e thought leadership da Accenture Interactive, as marcas não devem subestimar a mudança nas relações, tampouco o papel dos negócios em resposta ao atual cenário. As escolhas que as companhias fizerem daqui para frente, portanto, têm o potencial de afetar o mundo e sua estrutura de maneiras impensáveis.
“Tudo aponta para mudanças nos relacionamentos das pessoas – com colegas, marcas, sociedade, lugares e com aqueles com quem se preocupam. O futuro ainda guarda diversos desafios, bem como oportunidades para empresas interessadas em construir relacionamentos positivos e duradouros que beneficiem as pessoas, a sociedade e o planeta”, afirma o executivo.
Duas responsabilidades emergem dessas disrupções, diz David Droga, CEO e creative chairman da Accenture Interactive: cuidar do mundo hoje e construir um futuro positivo para o planeta, os negócios e a sociedade. A chave está, explica ele, na compreensão profunda dos impactos dessas relações e aspirações para então convertê-los em estratégias de negócio potentes o bastante para serem relevantes e gerarem crescimento.
Veja as cinco tendências para 2022 e respectivos significados segundo a Fjord:
1. Seja você mesmo: “Depois de dois anos de pandemia, as pessoas vêm sentindo uma vontade cada vez maior de agir, o que acaba afetando a forma como trabalham, se relacionam e consomem. Em outras palavras, as pessoas estão questionando quem são e o que é importante para elas. O crescente individualismo reforçado por uma mentalidade “eu acima de nós” tem profundas implicações na forma como as organizações lideram seus funcionários e moldam novas propostas de valor para esse público, além do relacionamento com clientes.”
2. O fim da mentalidade da abundância?: “Ao longo do ano, muitos tiveram que lidar com as dificuldades impostas por uma despensa vazia, contas de energia cada vez mais caras e a escassez de serviços do dia a dia. Ainda que a escassez nas cadeias de suprimentos possa ser um desafio temporário, o impacto deve persistir e levar a uma mudança na ‘mentalidade da abundância’ – baseada na disponibilidade, conveniência e velocidade – e despertar uma maior consciência ambiental. As empresas precisam lidar com a ansiedade que pessoas do mundo todo sentem em relação à disponibilidade de produtos.”
3. A próxima fronteira: “Explosão cultural prestes a acontecer, o metaverso será a nova fronteira da internet, combinando todas as camadas existentes de informação, interfaces e espaços com os quais as pessoas interagem e oferecendo uma nova camada para quem deseja ganhar dinheiro, além de criar novos tipos de empregos e infinitas possibilidades. E as pessoas esperam que as empresas as ajudem a entender melhor e transitar por esse universo. O metaverso não deve ficar restrito às telas e fones de ouvido — será parte das experiências e lugares no mundo real que interagem com o mundo digital.”
4. Isso é verdade: “Agora, as pessoas querem fazer perguntas e receber respostas por meio de um simples toque ou de uma breve troca com um assistente de voz. A verdade é que isso se tornou tão rápido e imediato que as pessoas estão fazendo cada vez mais perguntas. Para as marcas, a quantidade de perguntas de clientes e o número de canais de comunicação estão em constante crescimento. Como respondê-las é um grande desafio de design, um motivador crítico para a confiança e uma fonte futura de vantagem competitiva.”
5. Cuidado, frágil: “O cuidado ganhou ainda mais importância no ano que passou – e em todas as suas formas: autocuidado, cuidado com o outro, serviços de cuidado e os canais de cuidado, tanto digitais quanto físicos. O cenário trouxe oportunidades e desafios para empregadores e marcas, independentemente de suas credenciais relacionadas a saúde ou cuidados médicos. As responsabilidades envolvidas no autocuidado e no cuidado com o outro seguirão como prioridade nas nossas vidas. Designers de produtos e empresas precisam abrir espaço para praticar o cuidado.”
*Crédito da imagem no topo: Shutterstock
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