Juros inflacao e dividas freiam consumo
Intenção de compra cai de 71,8% no primeiro trimestre de 2011 para 60,6% no mesmo período de 2012
Intenção de compra cai de 71,8% no primeiro trimestre de 2011 para 60,6% no mesmo período de 2012
Janaina Langsdorff
17 de janeiro de 2012 - 2h00
Altas taxas de juros, inflação mais elevada e prazos de pagamentos mais longos, um verdadeiro convite ao endividamento, formam a combinação que explica o recuo de 17% para apenas 3,2% no consumo de 2010 para 2011. As previsões para 2012 acompanham a queda.
No primeiro trimestre, a intenção de compra de bens duráveis está presente em 60,6% dos 500 consumidores entrevistados pelo Provar (Programa de Administração do Varejo), da FIA (Fundação Instituto de Administração), na cidade de São Paulo. Essa é a menor estimativa, desde 2009, quando o índice alcançou 66,6%. Em 2010, o indicador ficou em 77,2% e em 2011 atingiu uma taxa de 71,8%.
As medidas tomadas pelo governo em dezembro de 2011 – como as reduções do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) para fogões (de 4% para zero), geladeiras (de 15% para 5%), máquinas de lavar (20% para 10%) e tanquinhos (de 10% para zero) – ajudaram a diminuir a desaceleração das vendas, mas não foram suficientes para recuperar a trajetória de crescimento mantida em 2008, quando estourou a bolha imobiliária americana, estopim para a crise financeira que ainda assola a economia global. De acordo com o presidente do conselho do Provar, Claudio Felisoni de Angelo, “o momento atual é bem mais desafiador para as autoridades do que cenário vivido há dois anos”.
Além da intenção de compra, a “Pesquisa Trimestral de Intenção de Compra no Varejo” estuda ainda a expectativa de gastos e a utilização de crédito para aquisição de produtos em dez categorias. Os itens de material de construção encabeçam a lista, com 9,8% da pretensão de compra, seguidos pelos produtos da linha branca (9,6%), automóveis e motos (9,4%), informática (8,4%), telefonia e celulares (8%), eletroeletrônicos (7%), cine e foto (5,8%), móveis (5,8%), imóveis, (5,4%), eletroportáteis (3,4%) e itens de cama, mesa e banho (2,8%). No primeiro trimestre de 2011 os segmentos mais citados foram os eletroeletrônicos (12,4%), material de construção (10,2%) e informática (9,8%).
Já a internet mostrou um hábito de compra estável em relação ao quarto trimestre de 2011 (86,4%) e 2012 (82,8%), uma queda de 3,6% em relação ao primeiro trimestre de 2011. O estudo entrevistou 4.275 internautas, em São Paulo, utilizando a base de consumidores do ebit, especializado no fornecimento de informações de e-commerce.
O estudo da Provar/Fia acompanha os resultados obtidos também pela Deloitte Touche Tohmatsu Limited (DTTL) no relatório Potências Mundiais de Varejo em 2012, feito em parceria com a STORES Media. Ele mostra que as vendas dos 250 principais varejos do mundo aumentaram de 1,2% no exercício fiscal de 2009 para apenas 5% no mesmo período de 2010, encerrado em junho de 2011. O lucro líquido também registrou alta, passando de 3,1% em 2009 para 3,8% em 2010.
Apenar de positivos, os números não conseguem tranquilizar os varejistas mundo afora. “A crise da zona do euro continua a esgotar o investidor e a confiança do consumidor, enquanto que o crescimento dos EUA não deve reduzir substancialmente o desemprego”, pontua o Dr. Ira Kalish, diretor de negócios de consumo da Deloitte Research.
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